Agência de risco

Fitch mantém nota do Brasil em ‘BB-‘ e país segue sem grau de investimento

Agência de risco avaliou cenário político do País como "desafiador", "imprevisível e fragmentado"

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A agência de risco destacou que os ratings do Brasil são limitados pelas fraquezas estruturais em suas finanças públicas e elevado endividamento do governo, as perspectivas de crescimento fraco, um ambiente político difícil e questões relacionadas com a corrupção

A agência de classificação de risco Fitch manteve nesta quarta-feira, 1º, o rating soberano do Brasil em BB-, com perspectiva estável, e segue sem o selo de bom pagador de sua dívida. Em fevereiro, a agência havia rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil de “BB” para “BB-“.

De acordo com a Fitch, os fatores negativos que impedem a elevação da nota de crédito do Brasil são fraquezas estruturais nas finanças públicas e alto endividamento, além das baixas projeções de crescimento e questões ligadas à corrupção, que pesam sobre a adoção de políticas econômicas eficazes e prejudicam o progresso de reformas estruturais. A Fitch também avaliou o cenário eleitoral do País, afirmando que o ambiente político é “desafiador”, em meio a uma corrida eleitoral “imprevisível e fragmentada”.

Segundo a empresa de classificação de risco, não está claro quem pode chegar ao provável segundo turno e há incerteza sobre o ritmo, o escopo e a “qualidade” dos ajustes da política após a disputa nas urnas.

Outra incerteza citada pela agência é quanto à base no Congresso Nacional do vencedor, fator que será importante para garantir a governabilidade e o avanço nas reformas “necessárias para melhorar a perspectiva para as finanças públicas e o crescimento”.

Por outro lado, entre os pontos positivos do Brasil estão a diversidade econômica e sólidas instituições civis, o PIB per capita acima da média de países com rating na categoria BB e a capacidade de absorver choques externos, que é baseada no regime de câmbio flutuante, baixos desequilíbrios nas contas externas, reservas internacionais robustas e a posição líquida de credor externo. A Fitch também cita o grande e desenvolvido mercado doméstico de dívida e a baixa participação de moedas estrangeiras na dívida pública.

A Fitch aponta que o Brasil está vivenciando uma moderada recuperação econômica, com projeção de crescer 1,5% este ano, mas existem alguns ventos contrários. “A disruptiva greve dos caminhoneiros em maio, condições de financiamento externo mais apertadas e a contínua incerteza política e econômica relacionada com o ciclo eleitoral estão limitando a recuperação”, diz a agência.

Entre 2019 e 2020, a agência prevê que o crescimento do País fique em média em 2,5%.

Déficit fiscal

Na avaliação da Fitch, o déficit fiscal do Brasil continua grande e é esperado que diminua apenas gradualmente, aumentando a vulnerabilidade a choques.

A agência projeta que o déficit geral do governo continuará elevado, a cerca de 8% do PIB em 2018, o que é significativamente pior do que a atual mediana de 3% do PIB dos países com rating BB.

A dívida do governo deve atingir 77,5% do PIB em 2018 e continuará a avançar em 2019 e 2020, diz a agência. A consolidação fiscal no médio prazo dependerá do sucesso do próximo governo para combater os desafios fiscais, argumenta a agência. A Fitch cita ainda a inflação “moderada” e os déficits em conta corrente “baixos”.

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