Gestão de matrículas

Fernando Haddad coloca alunos de pré-escola em creche

A criação de salas para os mais velhos se tornou prática rotineira na escolas

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Para cumprir a meta de universalizar o atendimento em pré-escola até o fim do ano, como prevê emenda constitucional de 2009, a gestão Fernando Haddad (PT) mantém crianças de 4 e 5 anos em creches. A manobra na gestão das matrículas já abrange 11 mil alunos, espalhados por 123 unidades.

O Centro Educacional Infantil (CEI) Vale do Sol, em Pirituba, na zona oeste, é um dos que dispõem atualmente de sala para crianças de quatro a cinco anos e 11 meses. Das 228 vagas ofertadas pela unidade, 29 são destinadas a alunos nesta faixa etária. O restante atende a demanda oficial de creches.

“Aqui na nossa região não temos muita oferta em Emeis (escola de ensino infantil), por isso abrimos essa sala especial para as crianças maiores. Funciona bem”, diz uma funcionária da unidade.

A criação de salas para os mais velhos se tornou prática rotineira. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, isso ocorre porque em muitos locais da cidade não há terrenos para construção de pré-escolas, as chamadas Emeis.

A “transferência” dos alunos, porém, não é divulgada publicamente pela secretaria. O modelo adotado pelo Município para atendimento na educação infantil prevê que as crianças de zero a cinco anos e 11 meses sejam divididas em dois tipos de equipamento (veja quadro nesta página). A permanência desses alunos nas creches, chamadas oficialmente de Centros Educacionais Infantis (CEIs), seria uma medida emergencial.

Portaria publicada em outubro do ano passado pela Prefeitura já prevê essa continuidade. Segundo o documento, a matrícula de crianças em idade de pré-escola em creches está liberada “excepcionalmente”, mediante análise e autorização expressa das Diretorias Regionais de Educação (DREs).

Essa permissão, segundo especialistas, não prejudica o desenvolvimento das crianças, desde que ocorra em local adequado para o atendimento a diferentes faixas etárias. “Em outros países não existe essa separação. Muitos atendem crianças de 2 a 5 anos, por exemplo, até na mesma sala. Mas o resultado só é positivo quando são oferecidas a infraestrutura e a pedagogia adequadas”, diz a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, da PUC-SP.

Para a especialista, a Prefeitura deve escolher bem as unidades que oferecerão esse atendimento continuado. “Se o prédio onde funciona a creche não oferece as condições mínimas, essa mudança pode não funcionar”, completa Maria Angela, referindo-se aos equipamentos terceirizados – comandos por entidades sociais em imóveis alugados. Hoje, 58% das crianças de zero a três anos e 11 meses são atendidas pelo Município nesse modelo, como revelou no domingo, 29, à reportagem.

A auxiliar de limpeza Mônica Eloi Belo, de 27 anos, torce para que a filha Débora Costa, de 4, continue na creche onde estuda, na zona leste da cidade. “Ela já passou da idade, e já até me avisaram que logo precisará sair. Mas gostaria que ficasse. Ela está acostumada com os professores e eu também”, disse. (AE)

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