Caso é gravíssimo

Federação Brasileira de Geólogos alerta para ‘tragédia anunciada’ em Maceió

Especialista da Febrageo recomenda evacuação imediata de áreas críticas danificadas pela Braskem

acessibilidade:
Geólogo da Febrageo, Oswaldo de Araújo Costa Filho, analisou riscos em Maceió. Fotos: Defesa Civil/TV Gazeta

A análise do novo mapa de risco das rachaduras e afundamento em três bairros de Maceió, feita por um especialista da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) expôs nesta segunda-feira (10) a perspectiva de uma tragédia anunciada, que exige medidas de evacuação imediatas da população das áreas críticas com solo danificado pela mineradora Braskem. A análise é do geólogo Oswaldo de Araújo Costa Filho, que afirmou à TV Gazeta, afiliada à Rede Globo, que o caso é de extrema gravidade e não se pode perder mais tempo com maiores análises do mapa produzido pela Defesa Civil com apoio do Serviço Geológico do Brasil (CPRM)

“Nós estamos diante de uma tragédia anunciada! Eu avalio que o caso é de extrema gravidade, é gravíssimo. Tem que tomar providências urgentes. Nós estamos diante de uma tragédia anunciada. É uma população enorme e o número de casas é enorme também. É complexo”, alertou o especialista da Febrageo.

Entrevistado pela jornalista Thaíse Cavalcante, no programa AL1, o geólogo disse que sua Federação acompanha o caso desde o início defende que as medidas de proteção aos maceioenses devem ser tomadas o mais rapidamente possível. “A Federação sugeriu que fosse feita uma ação de urgência para a retirada dos moradores atingidos”, destacou Costa Filho.

Segundo a análise do mapa, algumas das áreas de maior risco são as do entorno dos 35 poços da mineradora Braskem, tratadas no documento como áreas de dolinas, com risco de afundamento por causa de cavernas formadas no subsolo, pela extração de sal-gema pela Braskem, sobre uma falha geológica reativada pela atividade mineradora, segundo a CPRM.

O denominado Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias, divulgado na última sexta (7), abrange áreas dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro. E foi elaborado por técnicos da Defesa Civil Nacional e da Defesa Civil de Maceió, tendo sido dividido em setores, conforme características técnicas e a gravidade – criticidade – dos danos observados e aponta as linhas de ações prioritárias para cada área e de atenção à população afetada por rachaduras no solo e em imóveis, afundamento de pelo menos 40 centímetros, desde o ano de 2016 e tremores de terra em 2018.

O mapa em questão foi divulgado antes da conclusão do plano integrado de ações do qual este documento faz parte, por solicitação do Ministério Público Federal (MPF). E as ações de emergenciais devem esperar pelo menos até o dia 20 para serem conhecidas e iniciarem sua execução, que também prepara ações para minimizar os riscos à população dessas áreas e garantir monitoramento eficiente e capaz de mensurar a viabilidade de habitação e convivência com os riscos que afetam esses bairros.

Clique no mapa e veja mais detalhes sobre cada área de risco:

Plano de ação

Por meio de nota, a Defesa Civil Municipal informou que as ações para realocação de moradores prevista no Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias estão sendo discutidas no Plano de Ações Integradas para Maceió, sob coordenação da Defesa Civil Nacional.

E explica que o plano é dividido em nove eixos que vão definir quais ações serão adotadas pelos governos Municipal, Estadual e Federal; são eles: monitoramento da região, obras de mitigação, habitação, segurança pública, comunicação, serviços essenciais, educação, recuperação dos negócios locais e saúde.

“Após a discussão em Maceió, o Plano será avaliado na esfera federal, para, então serem concluídas as linhas estratégicas de ação, apontando as responsabilidades de cada órgão envolvido com os trabalhos e prazo para concretização das medidas a serem adotadas. A Defesa Civil Nacional não informou prazo para conclusão e destacou que está trabalhando para que o documento seja entregue o mais breve possível”, conclui a nota da Defesa Civil Municipal.

O trabalho de evacuação foi iniciado em um dos bairros afetados, o Pinheiro. E deve ser ampliada para as demais áreas de risco. 738 moradores do Pinheiro incluídos nos lotes 8 e 9 da Ajuda Humanitária do Governo Federal para o chamado auxílio-moradia social podem sacar o dinheiro a partir desta terça-feira (11), posto do Banco do Brasil no prédio das Varas da Justiça do Trabalho, na praia da Avenida, no horário das 9h às 14h. Acesse aqui o 8º lote. E aqui o 9º lote.

Em abril, o desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), Alcides Gusmão da Silva, suspendeu a distribuição de R$ 2,6 bilhões em lucros de 2018 da mineradora aos seus acionistas, em resposta ao pedido do MP Estadual e da Defensoria Pública de Alagoas por um bloqueio de R$ 6,7 bilhões dos bens da mineradora. No âmbito da Justiça, a luta mais imediata dos autores da ação agora é tentar garantir o encaminhamento dos lucros bloqueados para uma conta judicial.

Apesar do relatório conclusivo da CPRM sobre sua culpa pelos danos aos bairros, a Braskem afirma que “segue empenhada na busca das causas dos eventos e na implementação de ações no bairro do Pinheiro”. E cita que, entre as iniciativas da companhia estão a inspeção e reparos dos sistemas de drenagem, instalação de estação meteorológica, colocação de equipamentos de GPS de alta precisão e recuperação de pavimentação. “Isso faz parte do Acordo de Cooperação Técnica assinado pela Braskem, MPF, MPE, MPT, CREA e Prefeitura de Maceió”, conclui a mineradora.

Veja o que aconteceu no solo de Maceió, segundo a CPRM, pela ação da Braskem:

Veja o estudo de modelagem que mostra problemas nas minas:

Reportar Erro