Vitória de Maduro

Venezuelanos aprovam anexação de território da Guiana

Foram 12 horas de votação e o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apontou que mais de 10,5 milhões de pessoas votaram

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Venezuela prende opositor acusado de tentar matar o ditador Maduro. (Foto: Twitter).

Após a votação do referendo da Venezuela pela anexação de parte do território da Guiana,neste domingo (02), os eleitores decidiram que o governo pode reivindicar parte do território da Guiana, chamada de Essequibo. 

O intuito do ditador Nicolás Maduro com o referendo era conseguir apoio popular para tentar anexar uma região com grandes riquezas minerais e mais uma saída para o mar. 

Já na madrugada desta segunda-feira (04), Maduro comemorou a aprovação, “Foi um sucesso total para o nosso país, para a nossa democracia” e afirmou que houve um “nível muito importante de participação do povo”. 

Foram 12 horas de votação e o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apontou que mais de 10,5 milhões de pessoas votaram, em um total de 20 milhões de eleitores possíveis. No entanto, durante o domingo, as filas longas tradicionais nesse tipo de votação não existiram. 

A programação era de que até as 21 horas os eleitores poderiam votar, mas o chefe eleitoral da Venezuela, Elvis Amoroso, afirmou que as urnas ficariam abertas por mais de 12 horas por causa da “participação massiva”. 

 

Pós aprovação do referendo

O resultado favorável para  o ditador Nicolás Maduro acirrou o clima de tensão na região da Guiana e os temores de um possível conflito armado. O Brasil já reforçou a presença de militares no norte de Roraima. O Exército brasileiro mandou para Pacaraima, município de Roraima, cerca de 60 militares que vão se juntar com os 70 militares que mantêm a vigilância na fronteira com a Venezuela. 

Após a votação do referendo, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, afirmou que “não há o que temer”, e o ministro do Trabalho do país, Deodat Indar, disse que o “governo não vai tolerar nenhuma invasão ao território de seu país”. Ainda no domingo, Indar participou junto com moradores de Essequibo de uma marcha perto da fronteira com a Venezuela. 

A secretária da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Gisela Padovan, afirmou esperar uma “solução pacífica” e disse que o Itamaraty está conversando com os dois lados conflituantes. 

“É um assunto interno. Tanto que a Corte Internacional de Justiça não se pronunciou sobre o plebiscito, se pronunciou sobre qualquer medida que altere a atual situação. Nós estamos falando em alto nível com os dois países e esperamos que a situação seja pacífica. Isso é o que nós queremos”, afirma Padovan. 

Ainda nesta segunda-feira (04), o ditador Nicolás Maduro falou em “vitória esmagadora” de “um povo que ergueu bem alto sua bandeira tricolor com as oitos estrelas que brilharam como nunca”

O referendo tinha apenas caráter consultivo e, por isso, não é automaticamente vinculante, ou seja, o resultado não significa que o Estado da Venezuela está autorizado a anexar a região, que representa mais de 70% do território da Guiana atualmente e tem uma área maior que a da Inglaterra. Mas foi visto por Caracas como um passo a mais para tomar o controle do território.

 

Desafio a Corte de Haia

O resultado e a realização da votação sobre o referendo desafiam a determinação da Corte Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU) que na última sexta-feira (01), decidiram de forma unânime, que a Venezuela não pode fazer nenhum movimento para tentar anexar Essequibo. 

No domingo, o presidente Lula comentou sobre o referendo e pediu “bom senso” para evitar mais um conflito. “Se tem uma coisa que o mundo e a  América do Sul não estão precisando agora é mais confusão, mais briga. Espero que o bom senso prevaleça e a gente possa trabalhar para melhorar a vida das pessoas”, declarou.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira afirmou que o Brasil está mediando e aconselhando para que não haja um conflito armado entre os países da América do Sul. Já o embaixador Pedro Luiz Rodrigues, afirma que o Brasil “não tem interesse” no conflito entre Venezuela e Guiana. 

 

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