O estuprador em série Abdelmassih tem prisão domiciliar negada pela Justiça
A esposa do ex-médico Roger Abdelmassih, foi a responsável em pedir a “prisão domiciliar humanitária” para tratar os problemas de saúde do marido
A Justiça de São Paulo negou um pedido feito pela defesa do ex-médico brasileiro, especialista em reprodução humana e estuprador em série, Roger Abdelmassih, para que o criminoso fosse transferido para uma “prisão domiciliar humanitária”.
O estuprador em série está atualmente na Penitenciária P2 de Tremembé, no interior paulista, onde cumpre a pena de 278 anos de prisão por estupros, atentados violentos ao pudor e atos libidinosos contra 37 mulheres,entre 1995 e 2008.
A advogada Larissa Maria Sacco Abdelmassih e esposa do ex-médico, foi a responsável em pedir a “prisão domiciliar humanitária” para o marido. Larissa Abdelmassih alega que o marido possui problemas decorrentes da idade avançada e não é submetido a tratamento adequado na unidade prisional. Abdelmassih tem 80 anos e foi diagnosticado com cardiopatia.
A solicitação foi negada pela 6º Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), com sede na capital paulista. Os três desembargadores concordaram com o Ministério Público, que foi contrário ao benefício.
O Ministério Público alegou que a prisão domiciliar é concedida para condenados que estejam cumprindo penas em regime aberto, o que não é o caso de Abdelmassih que está no regime fechado. A Promotoria também negou que o condenado não recebe o tratamento adequado quando necessário.
Como por exemplo, em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia permitido que Abdelmassih saísse temporariamente do P2 de Tremembé e fosse internado num hospital penitenciário para receber cuidados médicos em razão da saúde. Já em 2021, Abdelmassih também deixou a prisão por um período para ser atendido em um hospital em Taubaté após complicações cardíacas. No mesmo ano chegou a surgir o benefício de cumprir pena em casa, mas foi revogado logo depois.
Relembre o caso que indignou o Brasil
Foi em 2008 que as denúncias contra o ex-médico pioneiro na fertilização in vitro surgiram, após Cristiane da Silva Oliveira, ex-funcionária da clínica de Abdelmassih em São Paulo, relatar para o Ministério Público que o médico teria tentado beijá-la à força. Desde então, policiais civis e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) passaram a investigar o caso.
Em junho de 2009, com base no depoimento de 40 ex-pacientes da clínica de fertilização, Abdelmassih foi indiciado por estupro, atentado violento ao pudor, atos libidinosos. Em 17 de agosto do mesmo ano, Abdelmassih foi preso, porém no dia 23 de dezembro,uma liminar do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, determinou que o ex-médico aguardasse a sentença em liberdade.
Somente no dia 23 de novembro de 2010, Roger Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão por 56 estupros. A sentença foi dada pela juíza Kenarik Boujikian Felippe, da 16º Vara Criminal de São Paulo. A prisão do médico foi pedida pela Promotoria e acatada pela Justiça no dia 6 de janeiro de 2011 e no mês seguinte, quando tentou renovar o passaporte, o recurso que mantinha o ex-médico em liberdade foi revogado pelo Supremo Tribunal Federal.
Em 20 de maio de 2011, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo cassou definitivamente o registro profissional do médico.
Após o decreto da prisão, Roger Abdelmassih ficou foragido por três anos e foi preso somente no dia 14 de agosto de 2014, em Assunção, capital do Paraguai. A captura do ex-médico foi resultado de uma operação conjunta entre as Polícias Federais do Brasil e do Paraguai. O ex-médico estava na lista de procurados da Interpol e da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Para localizá-lo, as PFs investigaram escolas com crianças gêmeas nascidas no mês de agosto, perfil dos filhos de Abdelmassih. Assim chegaram ao bairro Villa Morra, uma das áreas mais caras da capital, onde o foragido vivia com a mulher e os três filhos numa casa luxuosa.
Após a prisão de Abdelmassih, escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça revelaram a opinião do ex-médico sobre os crimes. Em uma das conversas ele ofende as vítimas e admite ter feito sexo com as pacientes.
Antes de ser preso, o estuprador em série disse que a prisão iria lhe matar. E assim o império do médico milagroso em ascensão por realizar o sonho da paternidade de grandes celebridades como do rei do futebol Pelé, do apresentador já falecido Gugu Liberato e até do senador Renan Calheiros (MDB-AL) declinou na prisão de Tremembé.