Lula se diz frustrado com o direito de veto do Conselho de Segurança da ONU
O presidente Lula voltou a defender uma reforma no Conselho para abrigar mais integrantes permanentes
O presidente Lula criticou o poder de veto que os integrantes permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tiveram sobre as “soluções” apresentadas pelo Brasil durante a presidência do órgão. O mandato do Brasil encerrou em 31 de outubro.
“Em seu mandato no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil tem trabalhado incansavelmente pela paz. Mas as soluções são reiteradamente frustradas pelo direito de veto”, declarou Lula durante sua participação na abertura da 2ª Cúpula Virtual Vozes do Sul Global, nesta sexta-feira (17) a convite do primeiro-ministro da Índia.
Lula foi o segundo chefe de Estado a discursar, logo depois de Narendra Modi, primeiro-ministro e anfitrião da cúpula. Além do Brasil, países como Bahrein, Egito, Guiana, Jamaica, Malawi, Moçambique, Nepal, Sérvia e Trinidad e Tobago também participam.
Durante o seu discurso, Lula novamente falou em uma reforma das instituições internacionais. Afirmou que, para avançar em temas como a pauta climática e o desenvolvimento sustentável, é incontornável abordar a questão da reforma da governança global. “As tragédias humanitárias a que estamos assistindo evidenciam a falência das instituições internacionais”, declarou o chefe do Executivo. Lula disse ainda que tais instituições não refletem a realidade mundial e que, por isso, perderam “efetividade” e “credibilidade”.
A cadeira da presidência do Conselho de Segurança da ONU é rotativa, ou seja, cada país integrante exerce o cargo por um mês. O órgão tem 5 integrantes permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Já os países do conselho rotativo são: Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes.
O Brasil ocupou a liderança quando a ONU foi dominada pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, iniciado em 7 de outubro. Durante o mandato, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou a demora em aprovar uma resolução sobre o tema. De acordo com o ministro, a entidade vem “falhando vergonhosamente” para colocar um fim na guerra no Oriente Médio.
O Conselho de Segurança já rejeitou a resolução brasileira, norte-americana e duas propostas russas. O presidente Lula já criticou o conselho em algumas ocasiões. No dia 26 de agosto, disse que o órgão “deveria ser da segurança, da paz e da tranquilidade”, mas que na realidade “faz a guerra sem conversar com ninguém”.
Já no dia 27 de outubro, Lula chamou o direito de veto dos integrantes permanentes do Conselho de Segurança de “uma loucura”. A declaração foi feita depois que a proposta brasileira sobre a guerra entre Israel e Hamas não foi aprovada.
Com tudo isso, Lula voltou a defender uma reforma no Conselho para abrigar mais integrantes permanentes. O tema é pauta do petista desde seu 1º mandato, mas atualmente não há perspectivas para uma mudança efetiva no órgão.