Em meio a crise na segurança, primeiro-ministro do Haiti anuncia renúncia
A renúncia ocorre depois que líderes regionais se reuniram nesta segunda-feira (11), na vizinha Jamaica, para discutir uma estrutura para uma transição política
O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, apresentou a renúncia ao seu cargo de chefe de governo do país caribenho, disse o presidente da Comunidade do Caribe, deixando um cargo que ocupa desde o assassinato do último presidente do país, em 2021.
“Reconhecemos a sua renúncia após o estabelecimento de um conselho presidencial de transição e a nomeação de um primeiro-ministro interino”, disse o presidente da Comunidade Caribenha, Irfaan Ali, também presidente da Guiana, agradecendo a Henry pelos serviços.
A renúncia ocorre depois que líderes regionais se reuniram nesta segunda-feira (11), na vizinha Jamaica, para discutir uma estrutura para uma transição política, que os Estados Unidos pediram na semana anterior para ser “acelerada” com a criação de um conselho presidencial.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta segunda-feira que espera avançar na crise de segurança e humanitária que assola o Haiti, em meio a reunião de emergência convocada pela Comunidade do Caribe (Caricom), em Kingston, na Jamaica.
Blinken afirmou que o momento é “crucial” para o Haiti, onde o aprofundamento da violência de gangues e grupos armados ameaçavam derrubar o governo do impopular primeiro-ministro. Ariel Henry não conseguiu retornar ao país desde que saiu de viagem e a crise recrudesceu.
Henry viajou para o Quenia no final do mês passado para garantir a sua liderança numa missão de segurança internacional apoiada pelas Nações Unidas para ajudar a polícia a combater gangues armadas. No entanto, a escalada drástica de violência na capital, Porto Príncipe, durante a sua ausência, deixou-o preso nos EUA.
As autoridades regionais estão envolvidas em conversações envolvendo membros dos partidos políticos, do setor privado, da sociedade civil e de grupos religiosos do Haiti, com o objetivo de estabelecer o conselho de transição que abriria o caminho para as primeiras eleições desde 2016.
Blinken, havia pedido na segunda-feira a criação de um “colégio presidencial independente, inclusivo e de base ampla”. Este conselho teria a tarefa de atender às “necessidades imediatas” do povo haitiano, permitindo o envio da missão de segurança e criando as condições de segurança necessárias para eleições livres, disse o secretário de Estado dos EUA.
Crise no Haiti
O Haiti decretou estado de emergência no dia 3 de março depois de penitenciárias serem atacadas por gangues armadas. Mais de 3.500 detentos conseguiram fugir e mortes foram registradas.
O episódio piorou a situação do Haiti, que vive uma crise política, humanitária e de segurança desde o assasinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021. Naquele ano, Ariel Henry assumiu o poder no país.
Líderes de gangues e parte da população queriam a saída de Henry e a realização de eleições gerais, que não ocorrem há quase uma década. Por outro lado, o primeiro-ministro afirmava que ainda não era seguro realizar eleições.
Atualmente, Henry está na ilha de Porto Rico, que é um território dos Estados Unidos. Gangues haitianas ameaçaram o principal aeroporto do país para impedir a volta dele.
As autoridades dos Estados Unidos afirmaram que Henry poderia continuar no território pelo tempo que for necessário e que o retorno dele ao Haiti depende de uma melhora na segurança do país.