R$ 1,7 milhão

Governo teria contratado empresa de suposto ‘laranja’ para obras em Mossoró

A companhia tem de faturamento anual R$ 195 milhões e tem como dono um homem que mora na periferia de Brasília e recebeu auxílio emergencial

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O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) solicitou na quarta-feira (21), a apuração da Procuradoria- Geral da República (PGR) e do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre obras de empresa laranja da penitenciária de Mossoró/RN. (Foto: Divulgação)

O governo federal contratou uma empresa que estaria supostamente registrada em nome de um “laranja” para realizar obras de manutenção na penitenciária federal de Mossoró (RN), local onde dois presos conseguiram fugir. A informação foi divulgada pelo jornal O Estadão. 

A companhia chamada R7 Facilities tem de faturamento anual R$ 195 milhões e foi contratada pelo governo por R$ 1,7 milhão. Oficialmente a empresa tem como dono um homem que mora na periferia de Brasília e recebeu 12 parcelas do auxílio emergencial. 

O contrato foi assinado durante o governo Bolsonaro e posteriormente renovado pela gestão Lula. A contratação ocorreu em abril de 2022, quando Anderson Torres estava à frente do Ministério da Justiça. A prorrogação do contrato aconteceu um ano depois, já sob a administração de Flávio Dino. 

Tanto Torres quanto Dino não estiveram diretamente envolvidos nas negociações com a suposta empresa de fachada. De acordo com o Estadão, os trâmites foram conduzidos por funcionários do Ministério da Justiça que fazem parte dos departamentos relacionados à administração de presídios federais. 

O Ministério da Justiça anunciou que solicitará uma investigação minuciosa sobre o caso. Em comunicado enviado ao jornal, a pasta afirmou que a empresa atendeu a todos os requisitos técnicos de contratação, mas acionou órgãos competentes para examinar a “lisura da empresa citada”. 

A empresa, por sua vez, afirmou ser “imprudente” rotular o proprietário como um “laranja”. Embora tenha mencionado preconceito, a companhia não forneceu detalhes sobre o tipo de trabalho contratado para ser realizado na prisão de Mossoró. 

O homem apontado como dono da R7 alegou ter CEO, diretores e outros empreendimentos. Segundo a reportagem do Estadão, foi possível falar por telefone com o proprietário que tem 47 anos, mas ele se recusou a fornecer mais informações sobre os negócios da empresa contratada pelo governo e encerrou a ligação. 

Antes de estar no nome do suposto laranja, a empresa R7 tinha outro proprietário. O bombeiro civil Wesley Fernandes Camilo figurava como dono desde janeiro de 2021 e foi ele quem assinou o contrato de 2022. Wesley trabalha como brigadista em um hospital particular em Brasília e declarou uma renda mensal de R$ 4 mil. No entanto, antes da renovação do contrato, ele deixou de ser o “dono” da R7. 

Wesley Camilo reside em Ceilândia, no Distrito Federal. Em sua residência, o jornal Estadão afirma ter encontrado um carro Volkswagen Nivus registrado em nome da R7, avaliado em R$ 111 mil. 

O bombeiro civil nega ser um “laranja” e afirma que a empresa foi repassada a ele por um homem chamado Ricardo. Segundo Wesley Camilo, ele assumiu a R7 com créditos não recebidos, os quais está trabalhando para recuperar. 

O fundador original da R7 é Ricardo Caiafa, um empresário de Brasília. De acordo com Ricardo, ele decidiu vender a empresa devido a dificuldades no mercado e desejo de sair do ramo. A venda foi intermediada por um advogado e, segundo Ricardo, ele não tem mais ligação com a R7, apesar de residir em uma área nobre no Lago Sul. 

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