‘A tendência das novas gerações é preferir morar de aluguel’, avalia especialista
Mudança de perfil pode impactar o mercado imobiliário nos próximos anos
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O brasileiro ainda tem uma forte preferência por morar no próprio imóvel, o que impulsiona a necessidade de financiamento imobiliário, com os bancos privados desempenhando papel fundamental nesse processo. No entanto, as novas gerações começam a mostrar uma tendência crescente de optar pelo aluguel.
Ao Diário do Poder, o escritor, palestrante, analista e consultor no mercado imobiliário, Daniel Claudino, afirmou que essa mudança reflete o comportamento observado em países com economias mais maduras.
“Nos países com economia mais madura, já é assim e, segundo a PNAD Contínua do IBGE, a preferência por moradia de aluguel subiu de 18,3% para 21,1% em 12 anos (2010 a 2022); ou seja, aproximadamente 40% dos que antes eram adolescentes em 2010, agora, estão no mercado”, avaliou Claudino.
Para o especialista, essa mudança de perfil indica não apenas uma transformação nas necessidades e prioridades das novas gerações, mas também um movimento que pode impactar o mercado imobiliário nos próximos anos.
“Hotelarização”
Claudino destaca ainda que duas tendências a se consolidar no país são a “hotelarização” da moradia, com o crescente surgimento do modelo multifamily, já consagrado nos EUA e que ganha força no Brasil, e a tokenização de ativos, já avançada do ponto de vista regulatório no Banco Central, e que vai mudar a forma de se comprar imóveis no país.
A “hotelarização” da moradia refere-se ao fenômeno em que a moradia deixa de ser encarada apenas como uma residência permanente e passa a ter características de serviços típicos de hotéis, como a flexibilidade no aluguel, serviços adicionais (como limpeza e segurança) e contratos de curta duração.
Esse modelo é mais comum em áreas urbanas dinâmicas, onde imóveis são alugados por períodos mais curtos, como no caso de plataformas de aluguel de temporada (exemplo: Airbnb).
O modelo “multifamily” é um tipo de desenvolvimento imobiliário que envolve a construção de empreendimentos residenciais compostos por várias unidades habitacionais em um único edifício ou complexo, como apartamentos ou condomínios.
Essas unidades são destinadas a diferentes famílias ou pessoas, ou seja, é uma construção que tem como objetivo abrigar várias famílias em um único local.
Já a tokenização de ativos é o processo de criar uma representação digital de um ativo real, como imóveis, ações, obras de arte ou até commodities, utilizando tecnologia de blockchain. Nesse processo, o ativo é “dividido” em tokens digitais, que são unidades de valor representando uma fração do ativo original.
Esses tokens podem ser comprados, vendidos ou trocados de forma digital e descentralizada, geralmente em plataformas que utilizam contratos inteligentes (smart contracts) para garantir a transparência e segurança das transações.
A principal vantagem da tokenização de ativos é a liquidez: ao dividir um ativo em tokens menores, ele pode ser acessado por um número maior de investidores, o que torna o mercado mais acessível.
Além disso, a tokenização pode reduzir custos e melhorar a eficiência na transferência e negociação de ativos, já que as transações podem ser feitas de forma rápida e com menos intermediários.