Diz PF

Desembargadores usavam escritórios dos filhos em suposta corrupção no TJMS

Investigações apontam que filhos dos magistrados recebiam dinheiro para favorecer decisões

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Desembargadores foram afastados após operação da Polícia Federal. (Foto: Reprodução PF).

Os desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul afastados por possíveis crimes de vendas de sentenças, organização criminosa, entre outros crimes apontados, supostamente usavam os escritórios dos filhos para as práticas.

Os filhos são, na maioria, advogados, que, segundo a Polícia Federal (PF), usavam escritórios para burlar mecanismos de rastreamento do fluxo de dinheiro.

“As conversas travadas entre a analista judiciária Natacha [Neves Bastos] e a magistrada Kelly [Gaspar] corroboram a hipótese criminal levantada no presente inquérito policial, no sentido de que a negociação de decisões judiciais ocorra por intermédio dos filhos dos desembargadores”, diz a PF.

Como noticiou o Diário do Poder, os desembargadores Sérgio Fernandes Martins; presidente do TJMS, Sideni Soncini Pimentel; futuro presidente do TJMS, Vladimir Abreu Da Silva; futuro vice-presidente do TJMS, Alexandre Aguiar Bastos e Marcos José de Brito Rodrigues, terão que usar tornozeleira eletrônica e então proibidos de entrar no tribunal após a operação Ultima Ratio, da PF, apontar possíveis crimes  de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, praticados pelos magistrados.

Natacha teve sigilo telemático quebrado pela Justiça e foi descoberta conversando com uma juíza do interior do estado. A conversa ocorreu após a soltura de um traficante pelo tribunal, em uma decisão suspeita.

As investigações apontam que Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Pimentel, teria recebido dinheiro devido a uma decisão favorável do desembargador aposentado Julio Cardoso.

Além disso, Cardoso teria realizado grandes transações imobiliárias com recursos de origem não rastreável.

Rodrigo Pimentel é suspeito de estar envolvido em decisões que se estendem a vários magistrados. Em uma mensagem encontrada pela PF no qual o jornal Folha de São Paulo teve acesso, ele afirma que uma decisão sairia às 18h, indicando controle sobre o processo.

Também há suspeitas sobre o advogado Fabio Castro Leandro, filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro.

Os filhos do desembargador aposentado Divoncir Maran, Diogo Rodrigues e Divoncir Junior, são citados como operadores de vendas de decisões. Divoncir é próximo do desembargador Marcos Brito, segundo as investigações.

A PF considera a mensagem de Rodrigo Pimentel um exemplo de intermediação de decisões judiciais.

O advogado Marcus Vinicius Machado Abreu da Silva, filho do desembargador Vladimir Abreu, também é suspeito de intermediar decisões do pai, assim como há transferências suspeitas para o filho do desembargador Alexandre Bastos.

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