Desaparecidos na Amazônia

Dom Phillips e Bruno Pereira foram vítimas de uma emboscada, diz site

Testemunha indígena teria feito a afirmação à agência de notícias Amazônia Real; jornalista inglês e indigenista da FUNAI estão desaparecidos desde o domingo

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Bruno Pereira e Dom Phillips. Fotos: Divulgação/Funai e Reprodução Twitter
Bruno Pereira, indigenista, e Dom Phillips, jornalista britânico, foram assassinados na Amazônia em 5 de junho de 2022. Fotos: Divulgação/Funai e Reprodução Twitter

O jornalista britânico Dom Phillips, colaborador do jornal inglês The Guardian, e o indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), desaparecidos na Amazônia desde domingo, 5, teriam sido vítimas de uma emboscada, segundo a agência de notícias Amazônia Real.

Repórteres da agência citaram uma fonte indígena que informou ainda que os indígenas da região alertaram sobre os riscos de Bruno e Dom Phillips seguirem sozinhos pelo rio Itacoaí após terem cruzado com um grupo armado em uma embarcação no rio Itacoaí, no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas, na fronteira com o Peru. Os dois foram visitar com a equipe de Vigilância da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Seguno o site, a testemunha faz parte de uma equipe de 13 vigilantes indígenas que circulava com o jornalista e o indigenista pela região do Vale do Javari desde o dia 3 de junho. Logo após a notícia do desaparecimento dos dois, o grupo iniciou as buscas, mas sem sucesso.

De acordo com o relato da testemunha, por volta das 4 horas do domingo (5), o indigenista e o jornalista avisaram que iriam conversar com o ribeirinho “Churrasco”, presidente da comunidade São Rafael. Dias antes, eles já haviam cruzado com um outro grupo em uma embarcação de 60HP, considerada incomum para navegar em cursos d’água (furos e igarapés) mais estreitos. Este grupo que cruzou com os indígenas fez questão de mostrar que estava armado e fez intimidações.

Segundo a testemunha da agência Amazônia Real, Bruno e Dom foram recebidos apenas pela mulher de “Churrasco”, que ofereceu a eles “um gole de café e um pão”. Depois, seguiram viagem em um barco da Funai com motor de 40 HP. Nessa comunidade, haveria uma embarcação de 60 HP, fornecida por narcotraficantes para os ribeirinhos. Com um motor dessa potência, seria muito fácil alcançar o barco do jornalista e do indigenista pelo rio. A suspeita, segundo essa fonte, é que “um traficante mandou o 60 (HP do motor) para lá exatamente esperando a vinda do Bruno, porque com certeza existe informante na cidade (de Atalaia do Norte) e tinha a informação de que o Bruno ia chegar na região”.

A região do desaparecimento é estratégica para tráfico e tem garimpo ilegal.

Prisão

Policiais militares prenderam Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido pelo apelido de Pelado. Segundo os policiais, a lancha do suspeito foi vista perseguindo o barco de Bruno Pereira e de Dom Phillips logo depois que eles deixaram a comunidade de São Rafael. Durante a perseguição, ele estaria acompanhado de outras quatro pessoas, que vêm sendo procuradas pelos investigadores.

Pelado é sobrinho de “Churrasco”. Após ser preso, ele negou qualquer relação com o sumiço dos dois homens.

“A única situação que ele acompanhou foi quando a embarcação que Bruno e Dom Philips estavam conduzindo passou em frente a sua comunidade. [Ele fez] contato visual apenas”, afirma o delegado titular da 50ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), Alex Perez.

A polícia fez buscas na residência de Amarildo em função de denúncias anônimas sobre uma suposta participação. “Chegando na residência dele, encontraram munição de uso restrito, além de chumbinhos e uma substância entorpecente”.

Segundo a polícia, Pelado foi preso por posse de munição de uso restrito e permitido.

 

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