Apuração

Ex-comandante da PMDF não sabia de possíveis ações violentas no dia 8

Coronel Fábio Augusto criticou as ações da Polícia Legislativa e do Exército

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Coronel Fábio Augusto ferido durante a invasão de vândalos ao prédio do STF, em 8 de janeiro. Foto: Divulgação Redes Sociais

O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, Coronel Fábio Augusto Vieira disse em depoimento à Polícia Federal que “todos os informes da inteligência apontavam que não havia indicativo de ações violentas”, no domingo (8), quando houve a invasão da Esplanada dos Ministérios. A informação é da CNN Brasil.

Augusto também afirmou que desempenhou as atribuições definidas durante a reunião realizada pela Secretaria de Segurança do DF.

“As atribuições foram realizadas de acordo com reunião realizada pela SSP/DF. O comandante-geral não participa dessa reunião”.

Segundo o coronel, participaram da reunião os comandantes da PMDF responsáveis pela região central de Brasília; representantes da Agência Nacional de Inteligência (Abin); do Ministério da Justiça e Segurança Pública; do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Augusto alegou que não recebeu ordem para impedir que os manifestantes fossem para a Esplanada. E que  durante a escolta da PM, realizada durante a descida do grupo, não havia indicativo de desordem ou de atos violentos.

Ele salientou que atendeu ofício do Ministério da Justiça para impedir o trânsito de ônibus de turismo até a Praça dos Três Poderes, que atendeu a ordem, nos dias que antecederam e no dia dos atos de vandalismo.

“A ANTT apenas informou um contingente maior de ônibus registrados na madrugada de sábado (07/01). Até então, a inteligência havia identificado poucos veículos, o que corroborava a informação de uma reunião sem indicadores de violência, e contingente maior. Que, após saber que haveria um contingente maior de pessoas, que questionou os responsáveis acerca do contingente, equipamentos e munições. O comando operacional responsável informou que o contingente era suficiente, contabilizando-se as “especiais”.

O ex-comandante apontou alguns erros no esquema de segurança na Esplanada dos Ministérios: Não havia contingente suficiente da Polícia Legislativa, que não havia policiamento, executado pelo Exército, suficiente no Palácio do Planalto e que havia erros quanto ao posicionamento do gradil, que é responsabilidade do Congresso Nacional.

O coronel também ressaltou que a PMDF prestou auxílio às tropas do Exército com tática de bloqueio e empréstimo de munições químicas. Que ele determinou a detenção de todos  e que foi a corporação que realizou as prisões dentro do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto.

Em sua defesa, ele alegou que entrou em luta corporal com invasores, que foi ferido durante a ação. E que conseguiu recuperar o crucifixo que havia sido extraído do Supremo.

Fábio Augusto também destacou que havia requerido a dissolução do acampamento, que por três vezes chegou a mobilizar homens para dissolver o agrupamento de manifestantes em frente ao QG e o Exército impediu essa ação da PMDF. E que ele chegou a mobilizar 500 homens com objetivo de acabar com o acampamento.

Vieira enfatizou que as trocas realizadas na cadeia de comando da PMDF podem ter dificultado o “fluxo de informações” para o comando da PM.

O coronel segue preso. O ministro do Supremo, Alexandre de Moraes determinou sua prisão no dia 10 de janeiro. No dia 11 de janeiro, por 9 votos a favor e 2 contra, os ministros do STF mantiveram a prisão do ex-comandante-geral da PMDF.

 

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