Pior do que na Amazônia

Desmatamento no Cerrado diminui, mas perda atinge 51% da região

Em 7 anos, desmatamento é 60% maior que perda da Amazônia

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O aumento corresponde a uma área de 16,5 milhões de hectares, quase o tamanho do estado do Acre

O Cerrado perdeu em 2016 e 2017 14.185 km² – quase a mesma área devastada na Amazônia no período, ou mais de 9 vezes a área da cidade de São Paulo. De 2010 para cá, o avanço da motosserra sobre a savana foi 60% maior que sobre a floresta. Apesar dos números absurdos, houve melhoras na taxa de desmatamento nos últimos dois anos, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 21, pelo Ministério do Meio Ambiente, que fazem parte de monitoramento feito por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A área devastada em 2017 era de 7.408 km², um tamanho 38% menor do que o registrado em 2015, quando a extensão era de 11.881 km². No entanto, a devastação no bioma por onde mais se expande o agronegócio no País foi muito maior do que o imaginado neste período. Para 2015, por exemplo, a estimativa preliminar divulgada no ano passado apontava uma perda de vegetação de 9.483 km², uma taxa 25% maior do que a registrada.

O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, atribuiu às práticas associadas ao agronegócio parte da responsabilidade do desmatamento no Cerrado. “Esse desmatamento legal está previsto na lei brasileira e defendemos que seja feito dentro da legalidade”, afirmou.

Para Duarte, é fundamental intensificar o diálogo com representantes da pecuária e da agricultura, principalmente, em 11 estados e no Distrito Federal nos quais há mata de Cerrado. Segundo ele, o objetivo é promover maior conscientização sobre os impactos de sua cadeia produtiva.

O ministro pretende criar um grupo de trabalho com representantes dos governos e integrantes a sociedade civil. Além disso, o governo prometeu reforçar ações para coibir crimes ambientais no local, empregando, inclusive, forças policiais.

Números assombrosos

Entre 2010 e 2017 o Cerrado perdeu 80.114 km². No mesmo período, a Amazônia viu sumirem 49.939 km² de floresta. A diferença é mais gritante até 2015. Nos últimos dois anos os dois biomas tiveram perda de área similar.

Cientistas e ambientalistas que acompanham o bioma veem uma transferência clara do avanço da motosserra para o Cerrado a partir do momento em que a fiscalização sobre a Amazônia cresceu. O governo também reconhece isso. De acordo com o ministro Edson Duarte, os acordos e moratórias que ajudaram a conter a perda da Amazônia acabaram vazando para o Cerrado.

Em coletiva à imprensa, Claudio Almeida, pesquisador do Inpe responsável pelo levantamento, afirmou é mais ao norte do bioma, em especial no chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por onde avança a fronteira agrícola, onde se concentrou o desmatamento nos últimos dois anos. O Cerrado cobre cerca de 1/4 do território do País e se estende por 12 Estados.

Meta climática

Duarte lembrou a importância do bioma para a produção de água, a conservação da biodiversidade e a redução da emissão dos gases de efeito estufa que causam mudança no clima. “Portanto, combater o desmatamento desse bioma é estratégico. E é um grande salto que estamos dando na política de combate ao desmatamento”, disse em relação ao fato de que a partir de agora os dados do monitoramento estarão disponíveis em base diária.

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