Campanha de marketing

Delegados cobram explicações do Comando da PM sobre Operação Vellozia

Eles desconfiam que os dados divulgados tenham sido forjados

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Os delegados da Polícia Civil do Distrito Federal desconfiam da Operação Vellozia, realizada pela Polícia Militar, no Recanto das Emas. Esta semana, enviaram ao comandante-geral da PM, coronel Antônio Nunes, um documento cobrando explicações sobre os números apresentados. Os delegados acreditam que eles podem ter sido forjados como em uma espécie de campanha de marketing intitucional da corporação militar. 

Em 7 de julho, a PM anunciou que prendeu 410 pessoas em uma megaoperação contra o tráfico de drogas no Recanto das Emas, na denominada Operação Vellozia. A corporacão informou que as prisões foram efetuadas durante três meses. No dia seguinte, a Polícia Militar informou que, na verdade, eram 412 prisões e 60% dos casos de homicídios na cidade foram decorrentes do tráfico. A Polícia Civil, responsável pelas investigações desses casos hediondos, disse que não repassou esses dados e vê como contraditórias as informações repassadas pela comunicação da PM.

Para Rafael Sampaio, vice-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo), parece que os dados divulgados foram forjados. "Os dados não batem com os nossos, por isso é importante que eles demonstrem de onde tiraram esses números, vinculado-os a processos ou inquéritos", disse.

No documento em que os delegados enviaram ao Comando da PM, eles pedem que a Polícia Militar explique o período exato da operação, a quantidade de pessoas presas (410 ou 412), indicando a qualificação do preso, onde mora e onde foi preso, e a cópia da ocorrência na delegacia em que foi apresentado. Os delegados também querem saber se os policiais militares registraram auto de prisão em flagrante ou termo circunstanciado, o que é proibido. O ofício é assinado por Benito Tiezzi, presidente do Sindepo; e José Werick, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do DF.

Em nota à reportagem, a PM informou que o ofício está sendo respondido, mas demora um certo tempo porque vão enviar cópia de todas as ocorrências feitas durante a operação. "Contudo, confirmamos o número e informamos que a operação deu início no mês de fevereiro e encerrou-se no mês de julho, na cidade do Recanto das Emas. A ação se desenvolveu por intermédio de ações cirúrgicas realizadas pela Subseção de Inteligência do Batalhão de Policiamento de Choque, com apoio dos policiais integrantes do 27º Batalhão", disse.

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