Coletes amarelos

Declarações de Macron não foram suficientes para aplacar ira dos manifestantes

Contudo, há sinais de divisão entre os coletes amarelos

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LISBOA-O perigo aproxima-se do Presidente da França, Emmanoel  Macron. Se não conseguir um diálogo produtivo com os coletes amarelos, os gilets jaunes, pode estar próximo do fim do seu quinquennat. As medidas e promessas  que apresentou na noite de segunda feira no l’Elysée ,detalhadas hoje pelo Primeiro Ministro, Édouard Philippe, na Assembléia Nacional, não foram ainda suficientes para aplacar a ira dos  manifestantes. Ao contrário, provocaram mais frustração e decepção.

Contudo, há sinais de divisão entre os coletes amarelos. Alguns defendem que obtiveram uma parte do que queriam,portanto a  luta terá sido bem sucedida e que o movimento deve parar para uma negociação.Outros sustentam que apenas uma parcela das reivindicações foi atendida,ou seja,somente  uma  batalha ganha, e que as mobilizações devem continuar até o final da guerra,quando conquistarem tudo,ou pelo menos o máximo que puderem.

Diante do aparente conflito de opiniões, nada garante a pacificação da violência e ninguém se arrisca a prever como a historia vai acabar.Desde ontem, os indignados  fazem contas e indagam se os prometidos aumentos dos salários e pensões serão líquidos ou brutos. Por vias das dúvidas, marcaram o quinto ato da mobilização para o próximo sábado.Enquanto estudantes dos liceus  saíram às ruas,impedindo o funcionamento de  450 escolas e os sindicatos e partidos políticos adversários aproveitam a situação para atacar Macron.

A maioria dos manifestantes não se julga contemplada pelas medidas  que foram anunciadas. Acusa o Presidente da Republica de lhe ter jogado migalhas e não o pão inteiro.Para esta parte marginalizada da população, as” concessões “ de Emmanuel Macron representam  indiferença diante das suas demandas.Acreditam que Macron não é sincero e só concedeu alguma coisa por causa do sentimento de culpa das elites,que nunca se preocuparam com suas condições de vida,deixando-os entregues à  própria sorte .

Não esquecem o argumento utilizado por Macron para justificar o aumento dos impostos sobre os combustíveis.Seria uma estratégia para combater as alterações climáticas, viabilizando a transição ecológica. No entanto,como franceses são franceses,logo identificaram a contradição,porque,paralelamente, Macron preparava-se para desativar 11 mil quilômetros de linha férrea.Na verdade,acreditam, a receita do aumento destinava-se a cobrir o buraco de milhões de euros  do déficit orçamentário.E  a bomba explodiu

Os coletes amarelos tem explorado o desconforto dos privilegiados para reclamar mais  avanços sociais.Tudo indica que tem sido  o mal estar dessa parte da sociedade francesa, sua culpabilidade e  uma certa condescendência ,que  impede Macron de reprimir mais  duramente o movimento.Com a popularidade em queda e considerado Presidente dos Ricos, Macron manteve-se calado durante 21 dias,evitando dizer em publico o que talvez pense das propostas dos coletes amarelos .

Macron parece sem munição para enfrentar a crise. Segunda passada, durante horas, escutou  37 líderes sindicais e dirigentes empresariais sem dizer uma só palavra.Foi então,que, sem consultar seus ministros,secretários e colaboradores,anunciou  iniciativas para acalmar os coletes amarelos.Todos ficaram perplexos porque não sabem de onde sairão os recursos para bancar as promessas,que deverão custar ao governo entre 8 e 10 bilhões de euros aos cofres públicos E como nenhum  governo  gera dinheiro mas somente administra o que  recolhe através de impostos, é possível que a fatura seja cobrada novamente ao trabalhador assalariado A não ser que tenha decidido abandonar seu papel de Robin Hood ao contrário,que tira dos pobre para os mais rico,para fazer o inverso.Poucos acreditam.Portanto,ele estaria sem saída.

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