Mãos atadas

Dallagnol diz não ser mais possível combater a corrupção no MP

Ex-procurador disse que desmonte feito na Lava Jato nos últimos meses retirou instrumentos de trabalho do Ministério Público e do Judiciário

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Falta apenas um voto para maioria rejeitar recurso de Deltan. Foto: Reprodução/Youtube.

Ex-procurador e coordenador da operação, Deltan Dallagnol afirmou que houve um desmonte na Lava Jato nos últimos meses vindo do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso.

“Não só desmontaram as condenações, mas estão retirando do Ministério Público e do Judiciário os instrumentos de trabalho. Eles acabaram com a delação premiada, com a prisão preventiva, por meio de mudanças no Congresso. O Supremo acabou com a prisão em segunda instância e chegamos a um ponto em que não é mais possível a gente trabalhar contra a corrupção de dentro do MP e do Judiciário”, disse.

Segundo Dallagnol, com algumas exceções, os ministros do STF “não só está garantindo a impunidade dos corruptos, mas o sistema está buscando vingança em cima de quem combateu a corrupção e isso está claro”.

“Acabaram com a delação premiada, com a prisão preventiva, por meio de mudanças no Congresso. O Supremo acabou com a prisão em segunda instância e chegamos a um ponto em que não é mais possível a gente trabalhar contra a corrupção de dentro do MP e do Judiciário”, explicou.

Na disputa por uma das vagas de deputado federal pelo Paraná, Dallagnol analisou o caso Daniel Silveira para exemplificar o quão político vêm sendo os julgamentos do STF. Segundo ele, o deputado errou e “abusou falando coisas que não deveria”, mas a Constituição o protege.

“Não existe no Brasil previsão de punição criminal em razão de palavras emitidas por parlamentares. Se outra pessoa tivesse falado o que ele falou, cometeria crime, mas ele não”, disse.

O ex-procurador também lembrou que os condenados do mensalão, “que desviaram R$ 100 milhões, foram punidos em pouco mais de sete anos de prisão” e Daniel Silveira recebeu pena de mais de oito anos de prisão pelo que falou.

A entrevista foi concedida ao Jornal de Brasília.

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