Zagallo morre aos 92 anos: lenda nas copas e ídolo do Brasil

Morreu nessa sexta-feira (5) o maior campeão das Copas do Mundo de futebol de todos os tempos, Mário Jorge Lobo Zagallo, aos 92 anos. O alagoano de Atalaia que se tornou ídolo dos brasileiros e uma lenda do esporte mundial teve sua morte anunciada por familiares, na madrugada de hoje (6), nas suas redes sociais. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decretou luto oficial de sete dias e abrigará o velório de Zagallo, que será aberto ao público a partir das 9h30 deste domingo (7).

O tetracampeão Zagallo estava internado desde o fim de dezembro de 2022, no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Segundo nota do hospital, ele morreu às 23h41h, em decorrência de falência múltipla de órgãos, resultante de progressão de múltiplas comorbidades previamente existentes. O sepultamento será às 16h do domingo, no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

Zagallo leva consigo o feito histórico de ser o único homem a ser tetracampeão mundial em quase um século de história das Copas do Mundo de futebol. Ergueu duas taças como ex-jogador da Seleção Brasileira, em 1958 e 1962, e mais duas, como técnico da seleção canarinha de 1970 e como coordenador-técnico do time campeão de 1994.

O insuperável “Velho Lobo” viveu e morreu como um apaixonado pelo futebol, deixando eternizada a frase “vocês vão ter que me engolir”, ao explodir de alegria e indignação após a conquista da Copa América de 1997, quando sofria críticas como técnico da Seleção.

Filho de Aroldo Cardoso, que chegou a jogar pelo CRB de Alagoas, Zagallo somente foi autorizado a seguir no futebol após seu irmão mais velho , Fernando, intervir junto ao pai, que preferia seu filho dedicado aos estudos, cedendo ao assédio de colegas e vizinhos que sempre o convocavam para peladas em campinhos da tijuca.

Após as bênçãos de seu pai, Zagallo iniciou sua carreira na base do América do Rio de Janeiro. Compensando seu corpo franzino com inteligência, velocidade e visão de jogo, tornou-se ídolo no Flamengo e conquistou vaga na seleção, após a conquista do tricampeonato carioca em 1953/54/55.

Na Copa de 1958, no Chile, marcou um dos gols da goleada do Brasil sobre a Suécia por 5 a 2, na decisão do título. Voltou a ser campeão mundial, em 1962, já no Botafogo. E treinou o timaço do tricampeonato de 1970, com Pelé, Clodoaldo, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres e outros craques. Encerrando a gloriosa sequência de títulos mundiais como coordenador-técnico da seleção comandada por Carlos Alberto Parreira, em 1994.

Ao todo, foram sete Copas do Mundo disputadas por Zagallo. Além daquelas em que foi tetracampeão, ele ainda disputou outras três Copas do Mundo, como técnico em 1974 e 1998, e como coordenador em 2006, em nova parceria com Parreira.

Lenda mundial, Zagallo foi homenageado com estátua de cera no Museu Seleção Brasileira (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Legado de grandes conquistas

A nota de pesar publicada em suas redes sociais destaca que o eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo foi um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano.

“Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas. Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, conclui a nota.

Luto na CBF

Recém-empossado no comando da CBF, Ednaldo Rodrigues destacou que a CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas maiores lendas, ao decretar luto oficial de sete dias na entidade.

“A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol. A CBF decreta luto de sete dias em homenagem à memória do seu eterno campeão e se compromete em reverenciar o seu legado. Em 2022, inauguramos uma estátua em homenagem ao eterno campeão no Museu da CBF e não esqueceremos da emoção que compartilhamos”, disse o presidente da CBF.