Polêmica

Secretário de Renan Filho defende Braskem retomar mineração em AL

George Santoro sugere retomada da extração de sal-gema em local seguro e com licenças cumpridas, mesmo após desastre em Maceió

acessibilidade:
Casas destruídas pelo afundamento do solo no bairro do Farol, em Maceió. (Foto: Itawi Albuquerque/Cortesia)

O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, defendeu a volta da mineração da Braskem em Alagoas, desde que em local seguro e cumprindo todo licenciamento ambiental. A declaração do secretário do ministro Renan Filho (MDB), em entrevista veiculada ontem (24) pelo CM Cast, da TV Cada Minuto, ocorre em meio aos efeitos desastrosos da mineração de sal-gema pela gigante petroquímica, que destruiu cinco bairros de Maceió. Com risco de morrer, cerca de 60 mil vítimas foram expulsas de suas casas e empresas, desde que terremotos foram registrados em 2018, pelo desmoronamento de minas que afundaram o solo da capital alagoana.

“Acredito sempre que você pode fazer a exploração [de sal-gema] em locais adequados. Não sei se aqui tem minas de sal em local que não interfira e ponha em risco a população. Mas, se tiver algum local que seja possível fazer essa produção e que cumpra todo licenciamento ambiental adequadamente, eu acredito que há maneira de fazer exploração com segurança. Eu acredito nisso. Ainda acredito que os órgãos consigam fazer seu trabalho adequadamente. Acho que o Brasil melhorou muito nos últimos anos”, avaliou Santoro, em entrevista aos jornalistas Ricardo Mota e Carlos Melo.

Integrante da pasta comandada pelo ex-governador e senador licenciado no governo Lula (PT), Santoro argumenta que a Braskem é o ápice de uma cadeia é produtiva muito significativa para gerar emprego e renda em Alagoas. Com sua experiência como ex-secretário da Fazenda de Alagoas, Santoro cita o impacto de cerca de 120 empresas que giram em torno das duas plantas de cloro-soda e de PVC, que geram impostos em território alagoano, com um produto interno bruto (PIB) industrial muito grande.

Milhares de casas foram destruídas pela mineração da Braskem, em cinco bairros de Maceió. (Foto: Edilson Omena/Tribuna Independente)

“Então isso gera emprego e renda para o estado. Claro que ela tem que obedecer toda a legislação ambiental, toda segurança. E esse é o debate tem que ser feito. Eu acho que, como a gente não tratou disso adequadamente no passado, temos que tratar de agora para frente”, argumenta Santoro, ao concordar que o Estado brasileiro como todo foi extremamente omisso com as décadas de operação da Braskem.

Santoro lembra que, atualmente, a Braskem mantém suas operações com a importação de sal-gema com sua planta toda modificada para receber sal do Chile. E atribui o desastre a um processo histórico de cerca de quatro décadas de exploração de sal-gema na capital alagoana.

“A gente não pode achar que a gente não tem melhorado. A gente tem melhorado. O Brasil melhorou muito na gestão pública e nos órgãos de controle. O Brasil melhorou muito na gestão pública nos órgãos de controle. Eu acho que é um novo momento que o Brasil vive, nos últimos anos. E aí eu acho que ainda é possível fazer exploração em locais que sejam adequados”, concluiu.

Assista:

Combate aos efeitos

Em maio deste ano, a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Lágrimas de Sal, para aprofundar investigações sobre crimes cometidos no contexto da exploração de sal-gema pela Braskem. A investigação apura apresentação de dados falsos e omissão de informações por parte da empresa para garantir operações em Maceió.

A operação foi autorizada pela Justiça Federal em Alagoas, dois dias após senadores aprovarem o relatório final da CPI da Braskem com pedido de indiciamento da petroquímica, seus dirigentes, de outras duas empresas e de um total de 11 acusados de serem responsáveis pelo afundamento do solo, causado pelas cavernas subterrâneas abertas por minas de sal-gema.

Moradores do entorno da área de mineração da Braskem vivem incertezas sobre indenizações em Maceió, após mina 18 romper (Foto: Thiago Sampaio/Agência Alagoas )

Compensação

Em acordo firmado em 2023 junto à Braskem, o rival de Renan Filho, o prefeito João Henrique Caldas, o “JHC” (PL), garantiu uma injeção de R$ 1,7 bilhão de investimentos na capital alagoana. E os avanços financiados pelos recursos têm evoluído a mobilidade urbana e garantiram, por exemplo, a compra do 1º hospital municipal de Maceió, ofuscando a oposição liderada pelos Calheiros, na capital alagoana.

Em seu site que trata do desastre, a Braskem destaca que gera mais de 750 empregos diretos e 3,3 mil indiretos com duas operações (em Maceió e Marechal Deodoro), liderando a cadeia da indústria plástico-química na região. A petroquímica diz que todos os moradores, proprietários e comerciantes de cerca de 14,5 mil imóveis vêm sendo atendidos no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, criado pela Braskem para promover a segurança das pessoas e garantir que elas possam ser indenizadas no menor tempo possível.

“Até julho de 2024, foram feitas mais de 19 mil propostas e o índice de aceitação é superior a 99%. Mais de 98% das indenizações previstas já foram pagas”, diz a Braskem.

De acordo com a atual legislação eleitoral brasileira (resolução TSE 23.610/2019), sites de notícias podem ser penalizados pelos comentários em suas publicações. Por esse motivo, decidimos suprimir a seção de comentários até o fim do período eleitoral.