Ação de 'pastores'

Golpe no DF prometia R$1 octilhão a evangélicos

Esquema obteve R$156 milhões; dezenas de "pastores" iludiam fiéis usando o nome do ex-ministro Paulo Guedes

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Operação Falso Profeta envolveu cerca de cem agentes da Polícia Civil do Distrito Federal. Foto: Reprodução X

A Polícia Civil do Distrito Federal cumpre, nesta quarta-feira (20), dois mandados de prisão e 16 de busca e apreensão contra um esquema criminoso que faturou R$ 156 milhões, em cinco anos, com golpe envolvendo dezenas de pastores que iludiram cerca de 50 mil vítimas evangélicas com a promessa de obtenção da rentabilidade estratosférica de um octilhão de reais para pequenos falsos investimentos. A Operação Falso Profeta colocou cerca de cem policiais civis nas ruas, para investigar a organização criminosa que pratica estelionato e outros crimes no Distrito Federal e em outros estados do Brasil.

A rede criminosa de um dos maiores golpes já investigados no Brasil usava o nome do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, sem seu conhecimento, para dar credibilidade às operações. E contava com mais de oitocentas contas bancárias suspeitas e cerca de 200 criminosos que atuavam nas igrejas e nas redes sociais, abusando da fé e da crença religiosa das vítimas, invocando a teoria conspiratória “Nesara Gesara”, para obter dinheiro para falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias, prometendo uma “bênção” que seria o retorno financeiro imediato.

A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária do DF detectou exemplos de promessas de que somente com um depósito de R$ 25 as pessoas poderiam receber de volta nas ‘operações’ o valor de R$ 1 octilhão, bem como ‘investir’ R$ 2 mil para ganhar 350 bilhões de centilhões de euros.

A investigação iniciada há um ano aponta que a rede criminosa era estruturalmente ordenada, hierarquizada e caracterizada pela divisão de tarefas, especializada no cometimento de diversos crimes como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica). E causou prejuízo de milhares de vítimas no Brasil e no exterior.

A delegacia vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/DECOR) identificou que os investigados usavam empresas “fantasmas” e de fachada para simular falsos bancos digitais com alto capital social declarado para dar a falsa impressão da capacidade financeira para as vítimas receberem as fortunas prometidas. Falsos contratos eram firmados com as vítimas citavam falsos títulos financeiros e usavam o nome do Banco Central do Brasil (BACEN) e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

‘Bilionário’ preso em 2022

Em dezembro do ano passado, a Polícia Civil do DF prendeu o homem que seria o principal influenciador digital do esquema, após ele ter feito uso de documento falso perante uma agência bancária localizada na Asa Sul, em Brasília, simulando ter crédito de aproximadamente R$17 bilhões. Porém, a investigação constatou que a organização criminosa seguiu aplicando golpes.

Hoje, foram cumpridos mandados de busca e apreensão no DF e nos seguintes estados: Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Medidas cautelares também garantiram bloqueios de valores e proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais. (Com informações da Assessoria de Comunicação/DGPC)

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