'Aloprado'

Moro acusa Appio de mentir em TV estatal sobre rivais de Lula e Lava Jato

Senador estranha que juiz rival na Lava Jato tenha credibilidade para dar entrevista na TV Brasil, conhecida como TV Lula

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Senador Sérgio Moro (UNIÃO-PR). (Foto: Agência Câmara).

O senador Sérgio Moro (União-PR) criticou, nesta quarta (25), a credibilidade dada ao juiz federal Eduardo Appio, após este admitir, pela primeira vez em público, ter fingido ser outra pessoa ao ligar para o filho de um desembargador federal que revisava suas decisões sobre a Lava Jato, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Moro chama Appio de “aloprado completo” e estranha ele ter ganhado espaço de entrevista na estatal TV Brasil para, segundo o político e ex-juiz da Lava Jato, “mentir” sobre rivais de Lula.

“Então o juiz Appio, vulgo Lul22, finalmente admitiu que ligou, fingindo ser outra pessoa, para o filho de um desembargador federal que revisava suas decisões. Trote, ameaça, delírio? Antes havia mentido publicamente sobre o fato e sugerido ser armação. Difícil entender como um aloprado completo pode merecer qualquer credibilidade, conceder entrevista em TV pública para mentir sobre adversários políticos do Governo Lula e, pior, ainda continuar sendo juiz. Pobre jurisdicionado”, escreveu Moro.

Moro cita a senha Lul22, usada por Appio na Justiça Federal como protesto contra a prisão de Lula por corrupção por ordem do agora senador. E faz referência ao ‘trote’ de Appio para o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli. Telefonema que já foi tratado como ameaça e intimidação e desmentido diversas vezes por Appio, após ter motivado processo disciplinar e sua exclusão de julgamentos da Operação Lava Jato, que eram revisados pelo magistrado integrante do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

‘Espionagem política’ na Lava Jato

Em entrevista veiculada ontem (24), na TV Brasil, Appio disse que acreditava em um conflito de interesse na atuação de Malucelli, por desconfiar que o filho do desembargador fosse sócio de Sergio Moro. E disse que sua ligação visava confirmar esta suspeita, por meio de um número bloqueado, segundo ele, exercendo papel de juiz e de combater a corrupção.

“Aquela Vara não foi criada com o sentido de ser uma Vara anticorrupção? Então eu, juiz, iria fechar os olhos para a corrupção?”, argumentou, dizendo ter identificado indícios de corrupção. “Se Malucelli estava jurisdicionando os processos que afetavam diretamente o interesse do Sergio Moro, Tacla Duran sempre foi o arqui-inimigo de Sergio Moro junto com Roberto Bertolo, então, como que poderia jurisdicionar e ao mesmo tempo o filho ser sócio do Moro?”, questionou.

Além de Appio, Marcelo Malucelli também foi afastado de casos da Lava Jato, após a sociedade entre seu filho e Moro ter sido revelada. O que nãos seria de conhecimento do desembargador, conforme disse à Corregedoria Nacional de Justiça.

“Tínhamos indícios concretos de espionagem política na 13ª vara”, disse Appio, na entrevista. “Sergio Moro conseguiu sim, de fato, me tirar de campo, deu uma canelada”, acusou o juiz federal, ao acusar parcela do TRF4 de ser conivente e apoiar Moro nesta empreitada, mas admitir que seu comportamento foi “meio foi inadequado”, mas sem ameaça, nem constrangimento na ligação que finalizou com ele perguntando ao filho do desembargador: “E o senhor, tem certeza de que não não tem aprontado nada?”.

Em janeiro deste ano, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, arquivou o procedimento instaurado no CNJ contra Appio, justificando que o juiz reconheceu “conduta imprópria” e cumpriu acordo de audiência de conciliação, que foi ser removido da Vara Federal de Curitiba.

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