Operação Aurora

Gaeco acusa 16 de criar milícia com policiais e extorquir em SP

Denunciados coagiam ocupantes de pontos na região comércio popular no Brás

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Movimento do comércio popular no Brás no mês do Natal. Foto: Arquivo/Rovena Rosa/Agência Brasil

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo denunciou, nesta terça (23), 16 acusados de formar uma milícia privada, integrada por policiais, para lavagem de dinheiro e extorquir comerciantes autônomos no Brás. A ação penal na 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital é resultado da Operação Aurora, deflagrada na semana passada com as Corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil.

As denúncias visam desarticular um esquema de venda irregular de pontos comerciais para autônomos na região do Brás, na capital paulista. Nove dos denunciados já cumprem prisão preventiva, após a investigação que quebrou sigilos bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas. E há policiais da ativa e reformados entre os alvos do Gaeco.

A operação foi provocada por informações da Corregedoria da PM sobre agentes da segurança pública cobrando propina periódica para permitir a atividade das vítimas na região de forte comércio popular. Vários dos vendedores vítimas da extorsão são imigrantes de países da América do Sul, sem acesso a linhas de crédito, que acabam obrigados a procurar agiotas para obter dinheiro e repassar aos criminosos.

“Esses agiotas usavam dos serviços dos mesmos policiais militares para cobrar, de forma violenta, os inadimplentes. Uma das testemunhas protegidas ouvidas pelo GAECO relatou que trabalha nas imediações da Rua Tiers há seis anos e, recentemente, um grupo de pessoas passou a exigir o pagamento de luvas no valor de R$ 15 mil por ano e mais R$ 300 por semana para autorizar sua permanência na região”, relata o MP de São Paulo.

Segundo o Gaeco, uma escrivã da Polícia Civil, antiga ou atual companheira de um sargento da PM, foi flagrada por investigadores na companhia de outras pessoas realizando atos de extorsão de forma organizada, promovendo intimidação dos comerciantes e mostrando vínculos profundos com a organização criminosa que ali atua.

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