243 alagoanos com câncer são ignorados há 60 dias sem tratamento
Governo de Paulo Dantas ignora compromisso com Defensoria e Prefeitura de Maceió assumirá tratamento de 60 dos pacientes
A pasta da Saúde do governo de Paulo Dantas (MDB) ignorou uma reunião promovida ontem (25) pela Defensoria Pública do Estado de Alagoas que buscava uma solução para socorrer 243 alagoanos e alagoanas com câncer que aguardam, há mais de 60 dias, pelo início de seus tratamentos oncológicos. A Secretaria de Saúde de Alagoas (Sesau) recuou de sua sinalização de que participaria do encontro para firmar termo de compromisso com representantes da Saúde do Município de Maceió e de hospitais conveniados. Há paciente abandonado desde janeiro, segundo a Defensoria.
Na reunião que a Sesau comandada pelo médico Gustavo Pontes de Miranda ignorou, a Prefeitura de Maceió firmou compromisso de custear o tratamento de 60 dos pacientes que aguardam tratamento de iodoterapia, e de fechar o cronograma de início dos atendimento, até amanhã (27), junto à Santa Casa de Misericórdia.
O defensor público Ricardo Melro protestou nas redes sociais contra o que classificou como “total descaso” do governo do afilhado político do senador licenciado e ministro dos Transportes Renan Filho (MDB). E expôs que a Sesau sequer justificou o motivo de ter abandonado os pacientes sem tratamento e de ter surpreendido e causado insatisfação ao faltar à reunião de ontem, cuja presença seria imprescindível para garantir a alocação de recursos e obrigações para iniciar os mutirões.
Melro destaca que a Sesau assumiu não ter planejamento para tratar imediatamente a enorme fila do descaso e reconheceu a necessidade do mutirão, mesmo assim, não foi assinar o termo de compromisso, nem se justificou.
“Demonstra total descaso com a situação, pois se depender dela todos os pacientes irão morrer esperando”, disparou o defensor público, ao evocar a obrigação moral e constitucional de todos os envolvidos na reunião ignorada pelo governo de Paulo Dantas.
O defensor público anunciou que acionará a Justiça contra o Estado, “por culpa exclusiva” da pasta da Saúde, para que esta arque com o imediato tratamento de cerca de 180 seres humanos abandonados. E já levanta o custo para solicitar bloqueio dos recursos, porque os gestores “não cumprem as ordens judiciais”.
O Diário do Poder solicitou o posicionamento da Secretaria de Saúde de Alagoas, mas a pasta comandada pelo secretário Gustavo Pontes de Miranda não enviou esclarecimentos sobre a situação dos pacientes e as acusações do defensor público Ricardo Melro.
Paciente abandonado desde janeiro
A Defensora Pública Manuela Carvalho de Menezes classificou como inadmissível o abandono dos pacientes com câncer pelo Estado de Alagoas. Mas destacou frutos positivos graças ao interesse dos demais presentes ao encontro, que garantiu atenção a paciente abandonado há cerca de nove meses.
“O Estado deixou os assistidos à mercê de sua sorte. Por outro lado, o Município de Maceió trouxe proposta para atendimento aos pacientes de iodoterapia, uma lista com mais de 60 pacientes, alguns aguardando desde janeiro. Foi uma reunião produtiva; estamos saindo com algumas previsões que, se efetivadas, conseguirão reduzir o mais rápido possível essa demanda reprimida de pacientes oncológicos”, avaliou Menezes.
Uma nova reunião foi marcada para amanhã (27), na subsede da Defensoria Pública, em Maceió, já para discutir detalhes técnicos e financeiros para o início do mutirão. Ontem, o Hospital Universitário da Ufal já apresentou o cronograma de fluxo de atendimento. E a previsão informada pela assessoria de imprensa da Defensoria Pública de Alagoas é de que o mutirão já garantido por outros órgãos públicos inicie nos próximos dias e garanta tratamento até o dia 1º de dezembro deste ano de 2023.