Homenagem cancelada

Comissão da Câmara cassa comenda de Lula ao tirano Assad

Bashar al-Assad foi deposto após comandar a ditadura síria por 24 anos e recebeu a Ordem do Cruzeiro do Sul de Lula, em 2010

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Reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados cassou, nesta quarta-feira (11), a Ordem do Cruzeiro do Sul, concedida pelo presidente Lula (PT), em 2010, ao ditador (agora) deposto da Síria, Bashar al-Assad.

Assad recebeu o Grande Colar da Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração atribuída cidadãos estrangeiros. O Grande Colar é reservado exclusivamente a chefes de estado estrangeiros pela “reconhecida nobreza, honra e caráter” demonstrados e reverenciados pelo governo brasileiro.

Bashar al-Assad foi ditador da Síria por 24 anos, até ser deposto por forças rebeldes no último domingo (8). Ele ficou conhecido como o “carniceiro de Damasco”, capital síria. O número de mortos na guerra da Síria ultrapassa os 220 mil, a maioria de civis, mortos com o aval de Assad, que comandou ataques de armas químicas, torturas brutais, como arrancar os olhos de opositores, chicoteamento de civis, ataques a hospitais etc.

O deputado Rodrigo Valadares (União-SE), relator da proposta de Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), em 2018, afirmou que “o ditador al-Assad não se encaixa na descrição exigida pela Ordem e nem respeita os princípios nos quais se baseia nossa democracia”.

Segundo o parlamentar, “cabe recordar que o próprio Brasil reconheceu a tirania do governo sírio, ao votar sim durante a Assembleia Geral da ONU que aprovou, em 16 de fevereiro de 2012, uma resolução de apoio ao plano da Liga Árabe para que o ditador sírio deixasse o poder”.

Para o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores, “esta medida tem um enorme simbolismo internacional, pois o Brasil não deveria conceder comenda alguma para ditador, seja quem for. Além disso, ao cassarmos essa comenda, protegemos os cerca de 3,5 mil brasileiros que residem na Síria e não podem ser confundidos com eventuais apoiadores do regime deposto, além de situar o Brasil entre os países que poderão contribuir efetivamente com a reconstrução de uma Síria estabilizada politicamente no futuro”, destacou.

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