Debate em Maceió

Candidato de Renan atacou pivô de sua condenação na Taturana

Máfia do Lixo e Taturana acossaram Cícero Almeida em debate

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A exposição de propostas foi utilizada pela maioria dos candidatos a prefeito de Maceió como pano de fundo para a troca de acusações no debate da TV Mar, realizado na noite desta segunda-feira (19). Além de críticas direcionadas à gestão do candidato à reeleição e líder nas pesquisas Rui Palmeira (PSDB), o alvo preferido dos candidatos presentes foi o candidato Cícero Almeida, o Ciço (PMDB). O próprio candidato do PMDB tomou a iniciativa de citar acusações de seu próprio envolvimento em escândalos como a Operação Taturana e da Máfia do Lixo.

Em um desses momentos, Ciço acusou o candidato Fernando do Village (PMN) de ter um corrupto como presidente do partido, que seria o deputado estadual Francisco Tenório. Mas foi justamente por causa de um empréstimo ilegal feito por Ciço para favorecer seu ex-colega de Assembleia Legislativa Chico Tenório que o candidato recorre de condenação na ação resultante da Operação Taturana.

A fala do afilhado político do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) foi dada depois de Fernando ter perguntado a Gustavo Pessoa se ele votaria em um candidato envolvido em corrupção, no momento de transformação pelo qual o Brasil passa hoje. A ocasião era uma réplica da pergunta de Ciço a Fernando, sobre suas propostas para a saúde, lembrando que o candidato do PMN foi diretor de posto quando o peemedebista era prefeito.

“As indiretas dele passam por mim, tendo em vista que um dos processos dos quais eu sou citado, a famosa e conhecida Taturana, criada lá na Assembleia Legislativa, o principal culpado foi o presidente do partido dele [Tenório], que lançou ele oficialmente como prefeito. Então eu acho que ele não teria muita convicção hoje nas suas palavras de chamar ninguém de corrupto, principalmente nesse momento”, disse Ciço, ao entrar no assunto da Taturana por iniciativa própria.  

O candidato do PMDB ainda justificou que quem assume mandato de prefeito não fica livre de ser penalizado no final. Ao que Fernando do Village respondeu que Francisco Tenório não responderia processo por corrupção em Alagoas: “Ao contrário do senhor, que está envolvido sim na Taturana e está envolvido sim na Máfia do Lixo. Já passaram prefeitos aqui na cidade que não responderam a processo porque não quiseram enriquecer e nem meter a mão no dinheiro que não era dele”. Chico Tenório também recorre de condenação.

Francisco Tenório (Agência Cãmara)De Ciço para Chico

A ação de improbidade administrativa da qual Ciço recorre de condenação foi proposta pelo Ministério Público Estadual há cinco anos e denunciou que, quando era deputado estadual, o peemedebista emprestou o seu nome para a realização de um empréstimo de R$ 120 mil junto ao Banco Rural, em benefício do deputado estadual Francisco Tenório (PMN), para que este montasse uma fábrica de laticínios no município de Chã Preta.

O MP também acusou Ciço de usar recursos da verba de gabinete para o pagamento de empréstimos feitos em seu nome. E utilizou como provas duas operações de desconto de cheques, em que Almeida “obteve recursos de valor líquido R$195.572,54, cujas parcelas foram pagas com recursos de verbas de gabinete. A primeira operação de crédito foi realizada em 17/12/2003 no valor de R$104.972,22 e a segunda em 08/04/2004 no valor R$90.600,32”, relata a ação inicial.

Culpou imprensa e PSDB

Em pelo menos outras duas ocasiões do debate, Ciço teve que tratar das acusações a que responde na Justiça. Logo na primeira pergunta dirigida a ele no debate, o jornalista Rafael Maynart da Gazetaweb perguntou se ele atribuiria a queda no desempenho nas pesquisas à exploração dos temas da Máfia do Lixo e da Operação Taturana por adversários.

Em seguida, foi questionado por Fernando do Village a quem Ciço atribui a Máfia do Lixo, em sua gestão, e lembrou que o candidato foi convocado a depor em 1º de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal a que responde sobre o esquema. E o peemedebista disse que a Máfia do Lixo e o propagado desvio de R$ 200 milhões teriam sido criação de dois jornalistas e sugeriu que a ação do MP de Alagoas ocorreu porque ele tinha 66% de intenção de votos para governador em 2010.

“Não tenho nada a ver com isso. Tudo o que fiz foi respaldado e isso já foi feito bem antes por quem me antecedeu e ninguém foi punido. Por que o Cícero Almeida? Simplesmente porque havia a expectativa de que eu podia ser governador em 2010. Fizemos tudo dentro do campo a legalidade e isso vai ser provado”, disse Ciço, ao negar a queda nas pesquisas e indicar que seu “termômetro” é as ruas.

“O que existe é uma forma criada pelo PSDB e pelos seus marqueteiros de me tirar do sério”, disse o candidato Cícero Almeida, cujo recurso da condenação da Taturana será julgado na próxima quinta-feira (22) e pode torná-lo inelegível.

O Diário do Poder apurou junto ao MP de Alagoas que o montante de R$ 200 milhões, que vem sendo chamado de desvio, na realidade, é o prejuízo estimado pelo MP como causado à Prefeitura de Maceió, que representa o valor de toda a licitação da limpeza urbana. "Na realidade, o MP denunciou um desvio de R$ 15 milhões no evento chamado de Máfia do Lixo", disse um integrante do Ministério Público.

A defesa do candidato Cícero Almeida afirma que a ação da Taturana “é um processo impregnado de nulidades, de violações ao direito de defesa dos réus. Foi negado o direito de produção de provas, contaminando o processo de severas nulidades. As provas que foram cerceadas, deixam claro  não ter ocorrido qualquer uso irregular de verba pública”.

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