Política e desastre

Rui nega aliança com Renan Filho, um ano após ser ignorado em tragédia em Maceió

Acordo eleitoral de rivais visando eleições 2020 e 2022 ocorreria após brigas

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Governador de Alagoas, Renan Filho, e prefeito de Maceió, Rui Palmeira. Foto: Arquivo Gazeta de Alagoas

Um ano após uma desunião que colocou desavenças políticas acima de maceioenses em risco de morrer nos quatro bairros atingidos pelo desastre geológico em Maceió (AL), ampliam-se os rumores de uma suposta aliança entre o prefeito Rui Palmeira (PSDB) e o governador de Alagoas Renan Filho (MDB), visando às eleições de 2020 e de 2022. A superação da intransigência política é, até esta quarta-feira (19), negada pela assessoria do prefeito tucano.

O não confirmado acordo de aliança (talvez oculta) passaria pelo apoio de ambos à candidatura a prefeito do chefe do Ministério Público de Alagoas (MPAL), Alfredo Gaspar de Mendonça. Mas teria como cláusula pétrea a abertura dos caminhos para que Rui se eleja governador apoiando Renan Filho em 2022.

A aliança é uma afronta direta às milhares de famílias que aguardavam esta união há mais de um ano. No início de 2019, o prefeito Rui Palmeira expôs que o governador ignorava apelos oficiais por ajuda para socorrer as vítimas que ainda não foram evacuadas totalmente das áreas de maior risco nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.

Os rumores foram inflamados pela saída de Rui Palmeira do PSDB, que tem convites do Podemos, PSL e DEM. E podem mesmo levar à concretização da máxima de que “na política, até boi voa”. Mas o eleitor bem informado e vacinado contra estratégias de marketing político já começa a questionar o seguinte, sobre esse suposto abraço entre rivais: É certo que a força da busca pelo poder seja mais forte do que a missão crucial da política de cuidar das pessoas e do interesse público?

O fato de serem adversários políticos não impede que Rui Palmeira e Renan Filho apoiem a eleição de Alfredo Gaspar para a sucessão municipal da capital alagoana. A postura do próprio Alfredo é de receptividade ao apoio de ambos, para que concretize seu sonho de ingressar na política partidária, após ter passado quase dois anos dividindo costuras eleitorais com a missão de comandar o órgão estadual com o papel de investigar e denunciar atos de agentes públicos e políticos.

Os rumores já movimentaram todos os bastidores políticos na capital, no interior de Alagoas e até em Brasília, onde Rui Palmeira cumpre agenda hoje, no Ministério da Economia. Vereadores até já se movimentam em busca de espaço partidário para garantir candidaturas e espaços numa eventual futura administração de Alfredo Gaspar.

Fatos consumados nestes rumores todos são:

– Hoje mesmo, todos os secretários municipais se reúnem com a Braskem para definir, ainda, ações coletivas para resguardar e evacuar as vítimas dos danos geológicos provocados pela extração de sal-gema sobre uma falha geológica ignorada por milhões de anos em Maceió;

– O cirurgião cardiológico José Wanderley Neto não recebeu Rui e Renan Filho em suposto encontro para discutir a aliança;

– E, por meio de sua assessoria, o prefeito Rui Palmeira diz que faz muito tempo que não se encontra com o governador e que os rumores sobre encontro não procede. E segue negando aliança com Renan Filho.

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