MOVIMENTAÇÃO DISCRETA

Ronaldo Lessa avalia chances de vitória sobre Renan filho, em Alagoas

Ex-governador aguarda pesquisas para decidir se disputa governo ou reeleição à Câmara

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Deputado federal Ronaldo Lessa governou Alagoas em dois mandatos (Foto: Facebook)

Sob um silêncio estratégico, o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL) aguarda números de pesquisas qualitativas para decidir se tenta voltar a governar o Estado de Alagoas, em um eventual terceiro mandato; ou se mantém sua candidatura à reeleição, coordenando politicamente a campanha do governador Renan Filho (MDB).

O ex-governador não demonstra empolgação, ao discutir o tema com o PDT de Alagoas. Mas o fato de Lessa não apresentar resistência em discutir sua candidatura a governador é visto com entusiasmo pelos oposicionistas.

Ronaldo Lessa conversou sobre suas chances ao governo, há duas semanas, com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB). E, após a conversa com o principal rival da família Calheiros em Alagoas, Lessa decidiu aguardar a apresentação de novos números de pesquisas, para tomar uma decisão com mais segurança.

O foco de dois levantamentos de fontes distinta é descobrir como se comportaria a grande parcela do eleitorado indeciso ou que não vê opções além do nome de Renan Filho.

Lupi não virá mais a Alagoas

A busca de Lessa pela avaliação das chances de ingressar na disputa pelo governo agradou o presidente do PDT Nacional, Carlos Lupi, que não mais virá a Alagoas até a próxima sexta-feira (15), como previsto. O líder nacional do PDT tenta livrar o presidenciável Ciro Gomes da incongruência de ter o líder do PDT de Alagoas coordenando a campanha do grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), alvo de impropérios em seus discursos contra escândalos de corrupção no Brasil.

Ciro Gomes, Ronaldo Lessa, Renan Filho e Renan Calheiros (Foto Medium e Divulgação)

O dia 15 de junho havia sido fixado como limite para Lessa tomar a decisão. Mas o prazo foi estendido, porque o deputado federal quer discutir os números com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, no próximo fim de semana, para tomar a decisão definitiva.

Outra consequência da movimentação discreta de Lessa foi o fato de Renan Filho ter passado a convidar para eventos do governo – com mais frequência e ênfase – o pedetista coordenador político de sua campanha, com o qual tinha dificuldades até para atender seus telefonemas.

Nem conveniência, nem aventura

No ano passado, Ronaldo Lessa chegou a liderar pesquisas ao Senado em Alagoas. O pedetista governou Alagoas de 1999 a 2006, e antes de se eleger para a Câmara dos deputados, em 2014, perdeu três eleições, ao Senado, em 2006; ao governo, em 2010; e à Prefeitura de Maceió, em 2012.

Em 2010, Lessa resistia à ideia de se candidatar a governador, a ponto de negar os primeiros convites, mesmo com apoio dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Mas topou e levou a disputa para o segundo turno, contra o governador reeleito Teotonio Vilela Filho (PSDB), tendo derrotado nada menos que o ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador pelo PTC.

Por dentro das articulações eleitorais da base de Renan Filho, o deputado federal sabe que sua reeleição à Câmara dos Deputados não está tão fácil quanto exalta os aliados dos Calheiros. Nem para ele, nem para os demais pedetistas que pretendem ingressar na disputa proporcional.

O fato é que, hoje, a maioria do PDT de Alagoas que rejeita a ideia é formada por comissionados satisfeitos com seus cargos no governo de Renan Filho. Há quem diga que a decisão é difícil, pois Lessa teria firmado compromisso de não disputar contra o governador do MDB, ao reingressar no governo, no ano passado.

Mas há aqueles pedetistas que sabem que o capital político de Ronaldo Lessa foi fortalecido pelo trabalho à frente da bancada alagoana no Congresso Nacional. E que a decisão pela candidatura representaria chances de vitória, com a conquista dos votos indecisos.

Apesar da pressão de Lupi e da oposição pela sua candidatura a governador de Alagoas, Lessa constrói seu rumo político e eleitoral caminhando com as próprias pernas. E, talvez, se afaste da conveniência política tão comum em momentos como este, na vida pública.

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