Alvo é primo de Lira

PT de Maceió apoia pressão sobre Lula contra ‘bolsonaristas’ no Incra

Presidente do partido de Lula em Maceió considera legitima invasão e ocupação da sede do Incra em Maceió

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Movimento exige saída de César Lira do Incra de Alagoas. Foto: Mykesio Max/MST e Redes Sociais

Um dia após cerca de 1.500 integrantes de movimentos de trabalhadores sem terra invadirem e ocuparem a sede da Superintendência do Incra em Alagoas, no Centro de Maceió, o presidente do Partido dos Trabalhadores na capital alagoana, Marcelo Nascimento, declarou nesta terça-feira (11) que as pressões políticas sobre o governo de Lula são “formas legítimas e democráticas” de retirar bolsonaristas declarados do comando do órgão federal responsável pela reforma agrária no Brasil.

Em Maceió, a invasão tem como objetivo central derrubar do comando da superintendência do Incra o agropecuarista César Lira, que é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de quem Lula tenta consolidar uma aliança pela aprovação de projetos de seu governo.

“São formas legítimas e democráticas de pressão política sobre o governo federal para obter uma mudança na condução do Incra nos estados. É inadmissível que um órgão tão importante para o desenvolvimento agrário de Alagoas continue sendo dirigido por bolsonaristas declarados que não tem nenhuma afinidade com a luta agrária e os movimentos do campo no estado”, disse o presidente do PT de Maceió.

Nascimento exalta que são pacíficas as manifestações dos movimentos que deflagraram o chamado “Abril Vermelho”, que prevê invasões de propriedades rurais e órgãos ligados à reforma agrária. E avalia que o governo Lula demonstra compromisso de melhorar a qualidade de vida do povo, retomando políticas importantes a exemplo do PAA, para dar segurança à agricultura familiar.

Reforma Agrária parada

O líder do PT na capital de Alagoas afirma que o governo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) “praticamente zerou a emissão de decreto para desapropriação de terra para reforma agrária nos anos de 2019 e 2020”. E argumenta que a reforma agrária parou, porque o Bolsonaro limitou-se a emitir títulos definitivos das propriedades de terras desapropriadas em governos anteriores, nos anos de seu governo.

Nascimento compara que, durante os governos Lula e Dilma (2003-2016), foram publicados 2.225 decretos de desapropriação de terra, para fins de reforma agrária. E, na gestão Temer (2017-2018), esse número caiu para cinco decretos. Chegando a zero com Bolsonaro.

“O Brasil nos governos Temer e Bolsonaro teve o menor avanço na reforma agrária desde fim da ditadura. Portanto, não dar pra manter essa turma sem compromisso com o avanço da reforma agrária a frente do órgão em Alagoas e nos demais estados”, argumenta Marcelo Nascimento.

A sede do Incra segue ocupada pelos movimentos de trabalhadores sem terra, da Via Trabalho, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), no Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), no MST, Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento de Luta pela Terra (MLT) e Movimento Terra Livre.

Ao contrário do que foi publicado inicialmente, Marcelo Nascimento é presidente do PT em Maceió, não do PT de Alagoas, liderado por Ricardo Barbosa.

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