Fissuras no Pinheiro

Censo e análises no solo de bairro em risco de afundamento avançam em Maceió

Estudos não pararam no carnaval e levantamento populacional será retomado nesta quinta

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Estudos técnicos não pararam no Carnaval e prosseguem no Pinheiro e entorno. Fotos: Ascom Defesa Civil

A Secretaria Municipal de Assistência Social de Maceió (Semas) retoma nesta quinta-feira (7) os trabalhos de levantamento populacional no bairro do Pinheiro, enquanto equipes de pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e de empresa de geofísica mantiveram o trabalho durante o Carnaval, no bairro da capital alagoana afetado por rachaduras e afundamento do solo, agravados por tremores de terra ocorridos há um ano.

Até sexta-feira (8) mais oito ruas serão visitadas para identificar as condições de vulnerabilidade das famílias e pessoas que trabalham na região. E a análise do subsolo pelos métodos audiomagnetotelúrico (AMT) e mapeamento das estruturas geológicas já alcançou 43% das áreas a serem avaliadas – o que equivale a 45 pontos em todo bairro –, e continua até o dia 10 de março, data prevista para conclusão dos levantamentos.

Desde que começou, esse trabalho segue cronograma diário, incluindo finais de semana e feriados. “Além disso, estamos realizando novas vistorias nas áreas solicitadas pela Defesa Civil de Maceió. Trabalharemos sem interrupções para cumprir o cronograma dos estudos”, informa Adelaide Mansini Maia, chefe do Departamento de Gestão Territorial da CPRM.

O AMT utiliza um equipamento de alta precisão, que busca informações no subsolo do bairro, a profundidades que ultrapassam 1.500 metros. Segundo a CPRM, no mapeamento das estruturas geológicas é investigada a existência de feições e elementos que contabilizam os eventos geológicos que formaram e modificaram o terreno do bairro ao longo de milhares de anos. O trabalho é complementar a outros estudos que estão sendo feitos para identificar o que ocorreu no solo da região, mesmo antes de o bairro existir.

“Esse estudo irá proporcionar a identificação de falhas e fraturas que podem funcionar como indutores do surgimento das rachaduras, fissuras e trincas em imóveis e dos afundamentos em vias publicas do bairro”, afirma o geólogo Vanildo Rocha. Como o AMT utiliza a corrente elétrica natural da Terra, é necessário o corte parcial do fornecimento de energia no bairro, o que vem sendo feito de forma programada, com divulgação diária das ruas que terão energia suspensa. A fase seguinte a este processo será a interpretação dos dados.

Braskem cobrada

Pesquisadores da empresa americana Panamerican Geophysical, especializada em pesquisas geofísicas, também estão trabalhando no Pinheiro. O estudo sísmico no bairro o em ruas de bairros próximos se estenderá até o dia 12 de março, por exigência da Agência Nacional de Mineração (ANM) à Braskem, que explora jazidas de sal-gema na região.

Apesar de não haver comprovação, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) relacionou os fenômenos geológicos que levaram tremores de terra e apreensão aos moradores do bairro à atividade de extração de Sal-gema pela Braskem, que nega ter causado os problemas.

De acordo com os técnicos, o levantamento de dados tem como objetivo a criação de uma imagem do subsolo para a identificação de estruturas e camadas geológicas.

Para realizar esse estudo é necessária a interdição parcial de ruas, trabalho que vem sendo realizado sob supervisão da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), com apoio da Defesa Civil de Maceió e da Guarda Municipal. A AMN acompanha as atividades junto com representantes do Serviço Geológico do Brasil.

Semas realiza Levantamento Populacional no Pinheiro. Foto: Marco Antônio/Secom Maceió

Vulnerabilidade das famílias

Até sexta-feira (8), os entrevistadores da Assistência Social de Maceió seguem com visitas domiciliares nas ruas Moacir Tavares, Pedro Suruagy, Juvino Lopes Lira, Alameda São Benedito (visitando estabelecimentos comerciais), Rua Joaquim Gouveia de Albuquerque (Edifício Tibério Rocha), Avenida Comendador Francisco Amorim Leão (Edifício Marrakesh), Rua Mário Marroquim e Rua Cônego Cavalcante (antiga Rua São Francisco).

Ao todo, serão visitadas 2.415 unidades habitacionais e comerciais no bairro do Pinheiro. As informações servirão de base para que os órgãos municipais, estaduais e federais, envolvidos no Plano de Contingência, saibam onde é necessário priorizar o auxílio numa possível evacuação do bairro.

No trabalho, os profissionais das Semas, devidamente identificados, entrevistam os responsáveis por domicílios e proprietários de estabelecimentos comerciais, para saber as condições de vulnerabilidade, apontando onde tem crianças menores de seis anos, idosos, pessoas com deficiência, cadeirantes e acamados.

“Estamos retornando em alguns pontos para visitar unidades que estavam fechadas, mas que aparentemente não estão desocupadas. A intenção é colher as informações de todas as unidades para que o levantamento populacional seja completo”, reforçou a assistente social e coordenadora do levantamento, Ray Gomes.

Agendamento

A Semas orienta que está sendo realizado também um agendamento de atendimento para as unidades habitacionais cujos proprietários não estavam na residência no momento da visita domiciliar. Os interessados precisam procurar o Ponto de Informações da Assistência Social no bairro do Pinheiro, localizado na Igreja Menino Jesus de Praga, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30, para agendar o atendimento.

Além do Ponto de Informações, os moradores podem obter informações sobre o levantamento no telefone 3315-2484. (Com informações da Ascom Semas e Secom Maceió)

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