Mulheres na Assembleia

Alagoas elege cinco deputadas: tem mais votada, mais jovem e absolvida por pistolagem

Todas as eleitas para a Assembleia de Alagoas são de clãs políticos tradicionais

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Deputadas eleitas Jó Pereira, Cibele Moura, Flávia Cavalcante, Fátima Canuto e Ângela Garrote. Fotos: Divulgação

Um dos estados com a classe política mais conservadora do Brasil, Alagoas alcançou a marca histórica de ter cinco mulheres eleitas para a próxima composição da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). A primeira parlamentar eleita foi Lily Lages, em 1934. E 84 anos depois, a minoria foi multiplicada com a reeleição da deputada mais votada deste pleito de 2018, Jó Pereira (MDB), e com as deputadas eleitas Ângela Garrote (PP), Cibele Moura (PSDB), Fátima Canuto (PRTB) e Flávia Cavalcante (PRTB). Todas elas de famílias tradicionais da política alagoana, uma a mais jovem do Brasil e outra que passou 18 anos sendo acusada de pistolagem política.

O recorde de mulheres eleitas foi exaltado pelo presidente da ALE, Luiz Dantas (MDB). Mas a deputada Jó Pereira vê a necessidade de ainda mais avanços em termos de apoio de partidos políticos, apesar de se sentir alegre com a superação da média nacional de deputadas a compreensão do eleitor sobre sua atuação e pelo esforço das demais eleitas para transformar Alagoas com mais políticas públicas. Jó é filha de ex-prefeito e irmã do ex-deputado estadual Joãozinho Pereira (MDB), que hoje comanda a Prefeitura de Teotônio Vilela (AL), seu reduto político.

“Hoje podemos dizer que temos uma bancada feminina. A gente vê que as mulheres já participaram nessa eleição de maneira mais efetiva. Foram de fato para o corpo a corpo, fizeram campanhas importantes e mostraram a força. Mas o desafio continua sendo grande, apesar do avanço. Aqui em Alagoas nós avançamos mais que a média nacional. Nacionalmente hoje as mulheres ocupam 15% das vagas no parlamento estadual e federal e aqui no Estado nós chegamos a 18%”, disse a deputada campeã de votos.

Além de Jó Pereira, que teve mais de 53 mil votos, o segundo melhor desempenho feminino foi de Cibele Moura (PSDB), com 37,8 mil votos e a 8ª maior votação aos 21 anos de idade, a mais jovem eleita este ano nas assembleias do Brasil. Cibele Moura é filha de político tradicional, o ex-prefeito de Paripueira (AL), Abrahão Moura, que já assessorou o ex-senador Guilherme Palmeira e é consultor informal do prefeito de Maceió e presidente do PSDB em Alagoas, Rui Palmeira.

“A votação expressiva que recebi mostra que temos muita gente que acredita na juventude. Eu não posso decepcionar o jovem alagoano. Tenho que mostrar que o jovem é capaz sim de fazer a diferença. É uma tendência no Brasil, das mulheres estarem ocupando seus devidos lugares. E a Assembleia ou qualquer outro lugar de poder, tem que representar o povo, e você não representa uma população que é de mais de 55% de mulheres, se não tiver mulher no parlamento”, disse Cibele Moura.

Fátima Canuto (PRTB), teve 37,1 mil votos, a 9ª maior votação. Ambas, são filhas de políticos tradicionais de Alagoas. Ela é filha do ex-deputado Rubens Canuto e mãe do prefeito de Pilar, Renato Filho.

Na sequência, a deputada Flávia Cavalcante (PRTB) retornou à ALE para um terceiro mandato, onde já presidiu a Mesa Diretora interinamente, obtendo 29,5 mil votos e a 15ª maior votação. Flávia é esposa do presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Kelmann Vieira (PSDB), e filha do ex-prefeito de dois municípios da região Norte de Alagoas, o suplente de deputado estadual Cícero Cavalcante (MDB).

E a quinta deputada eleita é a ex-prefeita de Estrela de Alagoas (AL), Ângela Garrote, com 26,8 mil e a 21ª votação. Em maio do ano passado, Garrote foi julgada e absolvida pelo 3ª Tribunal do Júri da Capital, após 18 anos sendo acusada de encomendar a morte de seu adversário político, José Roberto Rezende Duarte, no Agreste Alagoano.

O perfil das eleitas reflete o mesmo perfil da bancada masculina na Assembleia de Alagoas. (Com informações da Ascom da ALE)

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