Assassinato de Bruno e Dom completa um ano; PF indicia mais 2 suspeitos
'Não tenho palavras para descrever a frustração que sinto', afirma viúva do jornalista inglês
O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira completa um ano nesta segunda-feira, 5. Depois de dias desaparecidos na região do Vale do Javari, área de terras indígenas no Amazonas, o caso ganhou repercussão, inclusive na imprensa internacional e diversas figuras públicas, ambientalistas, ativistas, artistas e políticos foram a público cobrar providências urgentes para a busca da dupla.
Os restos mortais de Dom e Bruno foram encontrados em 16 de junho, onze dias após o desaparecimento.
Um dos principais suspeitos pelo assassinato, Amarildo Oliveira da Costa, conhecido como Pelado, que confessou ter participado da morte da dupla mais de uma semana depois. Ele, seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos” e Jeferson da Silva Lima, chamado de “Pelado da Dinha”, estão presos sob suspeita de terem participado do crime.
Há uma semana, a Polícia Federal indiciou mais 2 suspeitos do crime: Rubem Villar, conhecido como Colômbia, e o pescador Jânio Freitas de Souza.
Colômbia é investigado como mandante do crime. Ele é suspeito de ser o líder de uma organização criminosa de pesca ilegal na região e foi preso em julho de 2022 por falsidade ideológica.
Jânio Freitas de Souza faria parte dessa organização.
Para lembrar a data, algumas cidades realizam hoje os atos “1 ano sem Dom e Bruno”.
Ao menos seis cidades brasileiras participarão: Brasília, Rio de Janeiro, Campinas, Belém, Atalaia do Norte e Salvador. Também está previsto para acontecer um encontro em Londres.
Em uma publicação no Twitter, o amigo de Dom, Tom Phillips, jornalista e correspondente do The Guardian, compartilhou a iniciativa. “Junte-se a nós na praia de Copacabana amanhã às 9h para relembrar Bruno e Dom”, escreveu.
Crime comum
Um levantamento da ONG britânica Global Witness revela que, entre 2012 e 2021, 1.733 defensores da terra e do meio ambiente, como Bruno Pereira e Dom Phillips, foram executados no mundo. Desses, 342 (quase 20% do total) só no Brasil, o país recordista em mortes de ambientalistas. Mais de 85% dos assassinatos ocorreram na Amazônia. A Colômbia aparece em segundo lugar, com 322 ativistas mortos, e as Filipinas, em terceiro, com 270.
Um ano após o assassinato do marido, a designer baiana Alessandra Sampaio, viúva de Dom Phillips, fala da angústia e da frustração que sente:
“É com indignação e angústia que digo que sim, defensores da floresta ainda estão em perigo. Em vários territórios, incluindo o Javari, onde pessoas continuam sendo ameaçadas e não contam com a proteção do Estado. Imagine como é viver nessa tensão, sabendo que, a qualquer momento, podem te emboscar e te matar? É uma loucura isso!”, pontuou. “Tenho esperança de que o governo Lula siga comprometido com suas promessas de campanha de proteger o meio ambiente. Infelizmente, o Congresso e o Senado não estão atentos aos desejos da maioria dos cidadãos brasileiros, que concordam que é importante conservar nossas florestas”.
“Poderíamos ser um país pioneiro ao usar nossos recursos naturais com estratégia sustentável. Mas temos uma classe política com mentalidade ambiental atrasada, que favorece a destruição de florestas. Não tenho palavras para descrever a frustração que eu sinto”, declarou a viúva.