Vilas do Futuro

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Sonhando como Dr. Pangloss, preceptor de Cândido, o otimista ou como o clarêncio Dom Bosco, profeta de Brasília, vislumbrei uma reunião do BRICs preparatória para a COP-30, no vizinho novembro de 2025.

Sob inspiração de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Darcy Ribeiro, seleto grupo de arquitetos, urbanistas, cientistas do clima, geólogos e ambientalistas, engenheiros e financistas, discutiria projetos ideais para cidades do futuro, vilas novas, vilas verdes, vilas caramelo, vilas arco-íris; fáceis de construir, autossustentáveis, bastante boas para viver…

Com o conselho de institutos de risco e ajuda de funcionários da Administração, esses visionários plotariam áreas públicas, sem desmatamento, sem risco de enchente e assoreamento e, até hoje, sem uso adequado. Protegidas, tanto quanto possível, dos prometidos desastres climáticos.

Com dinheiro oficial, patrocínio de marcas verdes, verbas parlamentares e algum suporte da empresa de engenharia e projetos, aprovariam projetos adaptáveis às características de cada lugar, valorizando o passado cultural e vislumbrando o futuro: cada vila com moradias sustentáveis, hortos da Embrapa, pomar de belos frutos, proteção de nascentes, água limpa e alguma área verde do Ibama.

Para cada vila, uma praça com coreto bastante para a vaidade do Odorico local, um jardim florido, uma área de convivência e boa vizinhança. Uma creche, uma escola, uma biblioteca com livros do Olivar, um pequeno palco para teatro e música. Internet aberta, sem chamadas abusivas e cancelamentos. Um parque natural para lazer e futebol. Lixo no lixo, biodigestor e lixo reciclável.

Um pequeno hospital, um posto de saúde, um núcleo cívico para correios, renovação de documentos, remessa de postais e quetais. Um posto bancário e lotérico. Mobilidade e transporte solidário.

Sem milícia e pouca malícia: um juiz de paz e dois pares de Cosme de Damião. Construídas num saidão-mutirão de seis a oito meses para a ressocialização penal.  Ajudados pela engenharia militar e mão de obra de alguns dos milhões de jovens nem-nem, quase-quase, não absorvidos pelo mercado de trabalho.

Vilas sustentáveis, adaptáveis, flexíveis, respeitáveis e responsáveis. Comunidades solidárias e empreendedoras para provar que um mundo melhor é possível. Enquanto o indiano Modi projeta o prestígio da Índia no espaço, projetariam a visão do Brasil do futuro, de novo, à admiração do mundo.

Eduardo Simbalista é jornalista.

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