Vem mais por aí
Eu não queria fazer críticas a Bolsonaro. Afinal, eu votei no Capitão. Mas não posso deixar de registrar meu desconforto com suas recentes e destemperadas declarações, que não ajudam nem a ele nem ao país. Ao invés de surfar na agenda positiva que criou, como, entre outros fatos, a Reforma da Previdência, ele “inventa” polêmicas desnecessárias gerando criticas de todos os lados quando deveria estar estimulando aplausos pelo que tem feito para mudar o Brasil, retirando-o do atraso obscurantista de quase duas décadas de governos ditos “socialistas”, uma ideologia em desuso e fracassada mundialmente, que nos levou para o brejo. Tudo bem que ele diga que é assim mesmo, mas nunca é tarde para mudar. Bem que ele pode, sim, por ser um homem experimentado e inteligente, passar a comportar-se de acordo com a “liturgia do cargo” e ser mais cometido em suas declarações. Pensar antes de falar é um bom conselho…
Também não posso deixar de registrar meu desapontamento quando ele decide não fechar a TV do Lula. Coisa, aliás, que Michel Temer pensou em fazer, mas não conseguiu. Por que será que este dinossauro ficou indestrutível?A famigerada emissora de TV estatal que foi lançada em 2007 pelas mãos do “visionário” jornalista Franklin Martins (ex-Globo) tem traço de audiência, mais de 2.200 funcionários, diretores ganhando mais de 30 mil por mês e já consumiu, desde a sua fundação, mais de 6 bilhões de reais do orçamento federal. Agora o governo informa que está reformulando a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) unificando as programações da TV Brasil e da TV NBR em um só canal, chamado Nova TV Brasil. O dinossauro que ninguém vê nem consegue abater vai se transformar num monstro ainda maior. Nós não precisamos dessa Nova TV Brasil. Temos à nossa disposição uma ampla variedade de emissoras independentes, com programação de excelente qualidade, que cobrem praticamente todos os lares do país, grátis e sem custo para o erário público.
Vale citar mais um exemplo: a empresa inventada por Dilma Rousseff para o trem bala que jamais vai existir ainda está viva, apesar de Jair Bolsonaro ter dito, durante a campanha eleitoral, que ela seria extinta se ele fosse eleito. Segundo o jornalista Marcelo Madureira, da Jovem Pan, a tal Empresa de Logística e Planejamento tem 17 funcionários “na cúpula” ganhando mais de R$ 20 mil por mês, um presidente que ganha 30, mais 111 cargos preenchidos sem concurso, a maior parte deles certamente por indicação política.
É a tal história: uma TV que ninguém assiste e uma empresa dedicada a um trem bala, uma bala perdida. E a farra continua.
E a farra continua.
Agora os nobres deputados vem com outro tapa na nossa cara: querem aumentar o fundo eleitoral de 1,7 para 3,7 bilhões, para deleite e usufruto dos donos dos partidos. Se aprovarem esta barbaridade, os políticos vão ter à sua disposição para as eleições municipais do ano que vem 4,6 bilhões de reais, somando o tal Fundo Eleitoral com o Fundo Partidário, que foi de 888 milhões em 2018. Além do tempo gratuito de televisão e rádio, que custa mais de 500 milhões por meio de renúncia fiscal. Portanto, pretendem abocanhar bem mais que 5 bilhões de reais! Dá para engolir?
Não que financiamento público de campanhas seja uma exclusividade tupiniquim. Ele existe em muitos países do mundo, mas em nenhum deles com a dimensão e voracidade do nosso.
Um bom exemplo é o alemão. Lá não há distinção clara entre fundo partidário e financiamento público de campanhas. Os partidos possuem fontes diversas e o Estado é responsável, em média, por um terço das receitas – um dos índices de dependência estatal mais baixos da Europa. Existem ainda vários mecanismos para que os partidos se aproximem dos eleitores. Lá eles tem que ser criativos e eficientes para sobreviver e crescer. Na Alemanha, que tem um PIB muito maior do que o nosso, a União Democrática Cristã (CDU) da chanceler Ângela Merkel, combinada com a União Social Cristã, recebeu, em 2016, 61,5 milhões de euros, cerca de 259 milhões de reais ao câmbio atual. Uma mixaria para os grandes partidos brasileiros, não é mesmo?
Portanto, minha gente, estamos diante de mais uma desfaçatez, de mais um abuso a ser perpetrado pelos nossos “queridos” representantes na Câmara dos Deputados.
Mas como ainda existem parlamentares com bom senso, por poucos que sejam, vale reproduzir a recente manifestação do deputado Vinicius Poit, do Novo de São Paulo: “toda vez que você vir notícias sobre o fundo eleitoral de R$ 3,7 bilhões lembre-se dos cem milhões de brasileiros que não têm acesso adequado à rede de esgoto”.
Ele está coberto de razão, não é mesmo?
Chega de ver políticos mamando nas nossas tetas: o dinheiro público é nosso.