Segurar a inflação é prioridade

acessibilidade:

Não tem como falar em outra coisa nessa semana senão a disparada da inflação. Em todo lugar convivemos com pessoas reclamando das contas que aumentaram e do dinheiro que encolheu. Os números oficiais explicam o que está acontecendo: a alta da inflação no Brasil, que superou 12% e é a maior dos últimos 19 anos. Puxada pelo preço dos combustíveis e dos alimentos que não para de subir, estamos vivendo um momento de arrocho, de cortar despesas, de tensionamento. Até onde vamos chegar? É a pergunta que todo brasileiro vem fazendo.

A economia doméstica está até na substituição de alimentos do dia a dia, como o tomate e a cenoura, que ultrapassam R$ 10,00 o kilo. Até bem pouco tempo atrás esse era o preço de 1kg de frango. Carne bovina virou um luxo na mesa da maioria da população e o costumeiro churrasquinho do fim de semana agora é cardápio de comemorações especiais.

Aliás, os dados do IPCA divulgados na ultima última quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) só confirmam o que estou falando. Apontam para o oitavo mês seguido do indicador acima dos dois dígitos. Entre os vilões, aparecem a cenoura (+178%), o tomate (+103,3%) e a abobrinha (+103%), que mais do que dobraram de preço.

A alta da inflação está generalizada no mundo todo e o Brasil, infelizmente, também está sendo atingido.

O presidente Bolsonaro disse ontem estar trabalhando duro pra reverter esse quadro, mas acredita que o Brasil, nesse quesito, é um dos países que menos sofre com a questão da inflação.

Pandemia, auxílios emergenciais, falta de matéria prima, guerra na Ucrânia e outros fatores incontroláveis estão alimentando o mesmo fenômeno inflacionário em países europeus desenvolvidos. Os Estados Unidos também está nessa lista. A inflação na Rússia chega a 17,83% e registra o maior índice em 20 anos.

Não é à toa que hoje, 26% dos brasileiros dizem que a alta dos preços é o tema mais importante para ser enfrentado pelo próximo presidente. Esse tema irá, sem dúvida, dominar o debate eleitoral. E o que o eleitor pode esperar dos candidatos diante dessa realidade?

Acompanho as análises e previsões de especialistas em economia. Sinto admitir que não são muito otimistas.

A inflação está em alta e não há expectativa de alívio em curto prazo. São muitos os fatores que pressionam os preços – locais e internacionais – e dificilmente todos vão ceder nos próximos meses. Os aumentos da taxa básica de juros promovidos pelo Banco Central ainda não foram capazes de conter os índices inflacionários. Nesse sentido, a Selic tende a permanecer em patamar elevado por um bom tempo e pode até subir acima do esperado até o final de 2022.

Como se não bastasse vemos com apreensão uma nova onda de COVID-19 paralisando países. Temos aí um novo lockdown na China, em Xangai, reduzindo a oferta de produtos no mercado internacional – e mais uma vez atrapalhando as cadeias de abastecimento.
As tradicionais medidas para conter a inflação como a elevação taxa de juros e aumentar impostos não são toleradas mais pelos brasileiros. Além de fortemente impopulares, penalizariam ainda mais todos nós. Como vamos sair desse impasse? Medidas econômicas apresentadas pelo governo federal que sejam viáveis para retomarmos o caminho seguro da economia terão meu apoio integral, desde que não castiguem ainda mais o bolso do brasileiro. Teremos a campanha eleitoral para discutir todo tipo de proposta. Porém, o discurso tem que se concretizar o mais rápido possível em decisões rápidas e efetivas.

Milena Câmara é advogada, especializada em Direito Criminal e Gestão pública.

Reportar Erro