Republicanos x Democratas: a briga pelas arrecadações nas eleições americanas

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No último dia 28 de março, no Radio City Music Hall em Nova York, o atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, organizou uma arrecadação de fundos eleitorais recorde, ao lado dos ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton, que são seus colegas de partido.

Com ingressos que variavam de 250 a 500 mil dólares, o evento contou com cerca de 5 mil apoiadores e arrecadou quase 26 milhões de dólares, um valor recorde desse tipo de evento na história americana. Além de arrecadar fundos para a campanha eleitoral, o evento foi também uma forma de demonstrar união no partido em torno do nome de Biden para a reeleição.

O atual presidente americano vem passando por um momento apertado nas pesquisas. Apesar de bons números que demonstram recuperação econômica, controle da inflação e queda no desemprego, isso parece não se traduzir em apoio eleitoral. Em praticamente todas as pesquisas eleitorais, Biden se encontra alguns pontos atrás de Trump, nos melhores cenários ele se encontra empatado.

Aspectos como crise migratória histórica, habitação, juros altos e até mesmo a idade avançada do candidato têm sido fatores complicadores da campanha Democrata. Não por acaso, Donald Trump também estava em Nova York no mesmo dia, mas em Long Island, participando do velório de um policial de Nova York que foi baleado e morto durante uma blitz de trânsito no condado de Queens.

Trump tem demonstrado forte resiliência política, apesar dos diversos processos que enfrenta, como multas milionárias e caixa de campanha bem menor que a de Biden, ele se mantém forte no páreo, utilizando-se de seu capital político e explorando de forma contundente os pontos fracos de Biden, como, por exemplo, a falta de vitalidade do atual presidente.

Donald Trump também não tem decepcionado nas arrecadações, estima-se que ele já arrecadou quase 180 milhões de dólares. A campanha de Trump promete, para os próximos dias, um evento na Flórida com uma arrecadação maior que a de Biden. A campanha do Democrata com a atualização do evento em Nova York ultrapassou a de Trump com larga folga, chegando a quase 214 milhões de dólares, segundo dados da consultoria OpenSecrets.

As campanhas americanas costumam passar dos bilhões de dólares, assim como no Brasil existem regras sobre financiamento e doações. Porém nos Estados Unidos, as normas eleitorais são mais amplas que no Brasil e com pouquíssimos recursos públicos. No sistema eleitoral brasileiro os programas de rádio e TV são gratuitos para os partidos, nos EUA não, são comprados pelas campanhas ou apoiadores.

Nos próximos meses as cifras aumentarão exponencialmente, a capacidade de arrecadação aumentará conforme vai se aproximando da data da eleição, em 5 de novembro, e quanto melhor pontuar um dos candidatos, mais crescerá suas doações.

Horácio Lessa Ramalho é cientista político e MBA em relações governamentais pela FGV

Erik Sales é mestre em ciência política e analista de políticas públicas em Alberta, Canadá

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