Portugal novamente

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Pela sétima vez retorno a Portugal.

Vim para participar do FLID (Festival Literário Douro, no Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta) e para lançar a reedição do meu livro “A Cor da Palavra”, que foi contemplado, no Brasil, com o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, em 2011.

O evento foi organizado por Francisco Guedes, um lendário português que esteve na guerra de Angola e, agora, segue a guerrear em prol das letras.

Visito a terra de Camões desde 2002, sempre observando as modificações na paisagem social dessa gente e suas visíveis consequências.

Convém ressaltar que, nenhum país está pronto, todos estamos em curso para algo novo que, na maioria das vezes, nem sabemos o que será.

Porém, o estado atual da sociedade portuguesa é digno de nota (digo isto aludindo, de modo superficial, ao que vivemos no Brasil). Aqui, existe, em toda parte, uma sensação de calma e segurança que, há muito, não sentimos em nossa terra.

As cidades lotadas de turistas atestam o grande interesse do mundo pelos lusitanos.

E todos parecem ter se preparado para recebê-los. A casa está limpa, é boa a comida, o atendimento correto, as relações cordiais. E mais: não reside em lugar nenhum uma atmosfera apavorante — a sensação de que, de algum beco escuro saltará uma mão invisível para nos arrancar a bolsa ou nos esfaquear.

Claro, se indagamos a qualquer habitante local acerca de tais melhorias, sempre há restrições e reparos, o que é normal e desejável, posto que nada evolui sem críticas.

Porém, à parte as idiossincrasias pessoais, o resultado prático se expressa no desenvolvimento geral, na força da cultura e nos baixíssimos índices de violência.

Podemos evocar, no nosso caso, as mazelas seculares da colonização e da escravidão persistente. Porém, estamos buscando a forma certa para erradicar nosso atraso? Ao perceber os acertos de um país que poderia nos servir de exemplo, bate uma enorme saudade do que ainda não somos.

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