Por que vou votar em Bolsonaro
A eleição presidencial deste ano guarda, em relação as que a precederam, desde o início da República (e não há exagero nisso), uma singularidade: não se trata de discutir nomes, partidos ou mesmo interesses de ordem fisiológica.
O que está em pauta são caminhos. E caminhos antípodas, que hão de marcar o país não por um ou dois mandatos, mas pelas próximas gerações, para o mal ou para o bem.
Lula e Bolsonaro são apenas as fisionomias que expressam esses rumos antagônicos. É preciso, portanto, examinar o entorno de cada qual, a proposta que vocalizam, em vez de perder tempo examinando os modos, o palavreado, rendendo-se a melindres.
O cenário é de guerra e, nesses termos, não se esperem gestos cavalheirescos de nenhuma das partes.
Vamos, pois, ao que interessa: para onde nos leva (ou nos quer levar) cada um dos projetos em pauta.
O PT já deu mostras suficientes do que quer. Em 16 anos de exercício do poder, conjugou fatores que levaram o país à tragédia: corrupção (a maior de que se tem notícia), má gestão e descaso pelo Estado democrático de Direito. Nada menos.
Não tenho qualquer relação pessoal ou de qualquer outra ordem com o presidente Jair Bolsonaro.
Ao contrário, recebi sua chegada ao poder com reservas, tendo em vista sua longa atuação parlamentar, em que mostrava pouco zelo com as palavras, dando cabimento ao de que lhe acusavam os adversários, de que flertava com o autoritarismo.
Não foi, porém, o que se deu em sua gestão presidencial. Pode-se divergir de algumas atitudes, algumas palavras, mas não se pode acusá-lo de agir contra a ordem democrática. E aí está a primeira e grande diferença entre ele e Lula: se for ele o eleito, teremos eleições daqui a quatro anos; se, inversamente, for Lula, não saberemos.
Diante de tal risco – o de suportar o PT deformando o povo e o Estado brasileiros, por tempo indeterminado -, concluí que seria imperdoável covardia manter-me neutro no presente processo eleitoral. Optei por votar em Bolsonaro.
Os arroubos do presidente, é verdade, dificultam os mais cuidadosos de o apoiarem. Mas o fato é que a hipótese de retorno do PT supera tais idiossincrasias. Não se conhecem ainda os termos do projeto de governo de Lula. Ele preferiu só revelá-lo se eleito. Mas, do que já adiantou, há elementos suficientes para temê-lo.
Depois de acusar o agronegócio – carro-chefe da economia – de fascista, avisou que o MST terá papel preponderante em seu governo. E voltou a incentivar as invasões, no campo e na cidade. Se, antes mesmo de vencer, já faz isso, imagine-se o que fará se eleito.
Avisou que promoverá a regulação da internet e dos meios de comunicação, eufemismo óbvio de censura.
Não respeitará o teto de gastos, anulará as privatizações de estatais e voltará a usar o BNDES para financiar e promover obras em ditaduras vizinhas e africanas, dando-lhes prioridade em relação às demandas internas. Já vimos esse filme. E morremos no fim.
As obras do Porto de Mariel, em Cuba, tiveram como garantia charutos. Como o calote é no valor de bilhões, é possível que haja charutos em quantidade para prover toda a população brasileira.
Além desse projeto suicida de poder, que demolirá a economia e provocará em algum momento, tal como ocorreu na Venezuela e na Nicarágua – países modelos do PT -, uma convulsão social, há ainda a personalidade psicopata de Lula. Não é pouca coisa.
Basta lembrar que, certa vez, ele se autoqualificou de “metamorfose ambulante”. É um ser humano inconfiável, mentiroso, dissimulado. Na atual campanha, se desdisse com a maior desfaçatez mais de uma vez. Numa semana, proclamou-se favorável ao aborto, “fator de saúde pública”. Mas, ao falar a evangélicos, contrários à tese, disse que é radicalmente contra o aborto e que defende a vida desde sua concepção. Sua dissimulação o faz esconder seus mais fiéis amigos, como José Dirceu, seu braço direito, pilar do regime totalitário que, na hipótese de sua vitória, seria instalado em Brasília.
De outra parte, Bolsonaro, mesmo enfrentando luta desigual contra algumas autoridades do STF, do TSE e da mídia mainstrean, tem obtido resultados importantíssimos na economia: deflação, crescimento do PIB acima das previsões do FMI, redução do desemprego e dos índices de violência.
Sem jamais apelar a medidas arbitrárias, jogando, como gosta de dizer, “dentro das quatro linhas da Constituição”, granjeou popularidade indiscutível, que exibe nas ruas, em contato direto com a população, bem ao contrário de Lula, que fala apenas a plateias amestradas, em recintos fechados.
Aos que buscam evitar uma opção entre os dois candidatos, alegando que se equivalem, digo apenas o seguinte: mesmo nesse caso, há uma vantagem em optar por Bolsonaro. Se ele ganhar, você poderá criticá-lo, sem risco de ser punido, pelos próximos quatro anos. Não é possível afirmar o mesmo em relação a Lula.
Reginaldo de Castro, advogado e jurista, é ex-presidente nacional da OAB