Passos perdidos*: Um ano sempre em festa

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Na política portuguesa o ano de 2025 vai ficar marcado por eleições. Em setembro são as eleições autárquicas. E logo depois começa a campanha para as eleições presidenciais (janeiro de 2026).

Mas vamos começar pelas eleições autárquicas de setembro. São 308 disputas e onde 118 presidentes de câmara atingem o seu limite de mandatos. Isto significa uma profunda renovação no xadrez do poder local. O Partido Socialista tem o maior número de câmaras (149). Mas também tem o maior número de Presidentes a atingir o limite de mandatos (55). Seguem-se os sociais-democratas com 44 presidentes, em 114, a mudar obrigatoriamente.

Os dois partidos, PS e PSD, dominam a maior parte das autarquias (263), com os restantes partidos a perderem cada vez mais terreno. Os comunistas, noutros tempos um importante ator político no sul do país, está reduzido a 19 autarquias e o CDS (de centro-direita) a seis. A tendência é continuarem a perder terreno. Todos os outros partidos, mais ou menos relevantes na Assembleia da República, não parecem ter condições para vencerem sozinhos qualquer autarquia.

Outra tendência é o aparecimento de importantes candidaturas independentes (fora dos partidos). Há 10 autarquias nas mãos de independentes, onde se destacam as importantes câmaras do Porto (em fim de mandato) e Oeiras.

Se é verdade que os socialistas têm o maior número de camaras, o PSD tem as mais importantes. Incluindo a capital, Lisboa. E vale a pena acompanhar as principais disputas:

Porto. É a segunda maior cidade do país e o Presidente Rui Moreira, um independente de centro-direita, atingiu o limite de mandatos. Isso significa que PS e PSD vão dar tudo para conquistar a autarquia.

Sintra. É uma das maiores autarquias do país (em população e área). O Presidente socialista, o histórico Basílio Horta que também atingiu o limite de mandatos, deixa a Câmara com uma situação financeira invejável. O PSD tem uma oportunidade.

Cascais. É uma das autarquias mais ricas do país. E considerada um modelo de gestão. Há 24 anos que o PSD vence Cascais e este ano vai apresentar um novo candidato: Nuno Piteira Lopes.

Braga. Uma das grandes cidades do norte do país onde vive uma enorme comunidade de brasileiros. Ricardo Rio, social-democrata, atinge o limite de mandatos e os socialistas estão atentos.

Lisboa. Quando, inesperadamente, roubou a câmara aos socialistas, Carlos Moedas, o atual presidente social-democrata, transformou-se numa estrela política. E num possível sucessor de Luís Montenegro. Vai agora a votos para o segundo mandato. Mas vencer por poucos não é suficiente para manter o estrelato.

E ainda há outras disputas interessantes: Coimbra, Faro, Funchal ou Santarém.

Com este calendário, até setembro devemos conhecer o nome dos candidatos presidenciais (janeiro 2026). E quando terminarem as eleições autárquicas, começa a campanha presidencial.

Vai mesmo ser um ano sempre em festa.

*Nome antigo para “sala de espera”. E nome comum para o corredor que dá entrada à sala do plenário na Assembleia da República Os passos de quem espera são dados como perdidos.

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