Mens insana in corpore sano
Eu morava praticamente em frente ao Paissandú. Vi-o nascer no dia 15 de dezembro de 1960, com o filme “Somos homens ou…” (Siamo uomini o caporali?), com Totó, Paolo Stoppa e a bela Sylva Koscina.
Ali eram exibidos filmes franceses e italianos que não costumavam ser exibidos em circuito comercial. Era o tempo da Nouvelle Vague. Filmes de Godard, Truffaut, Resnai, Chabrol, Varda, e das comédias italianas de Totó e outros. Tempos dos Cahiers du Cinema.
Alguns filmes franceses, como “Hiroshima, mon amour”, “Feu follet” eram super herméticos para o pessoal da rua. E aí a gente saia do cinema, pedia ao garçom Pinto mais um chopp no Oklahoma e decretava: “O filme é uma merda, mas o diretor é ótimo.” E íamos reclamar com o porteiro Baltazar.
Aliás, o nosso garçom Pinto foi, depois, um dos donos do Degrau, onde um grupo de colegas de reúne às segundas-feiras.
Lembro ainda de “Faca na água”, do Polanski. “Madre Joana dos Anjos”. (Tcheco). De Wajda lembro de “Cinzas e Diamante” e “Kanal”.
Todos vistos no Paissandú.
O Paissandú fechou em 2008. Houve campanhas para tentar reabri-lo. Tudo em vão. Era a morte dos cinemas de bairro.
Hoje o local abriga uma Academia de ginástica. BlueFit.
Mens insana in corpore sano.