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Manhã de domingo e dever cívico (mas não tanto)

Dante Coelho de Lima Dante Coelho de Lima
21/11/2020 às 19:27 | Atualizado às 19:28
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Eu e o Itamaraty. Onde tudo começou
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Acordei cedo e fui votar pouco antes das sete. O sol da manhã com ditos raios fúlgidos já começava a aquecer meu coração de eleitor cheio de esperança e espírito cívico.
Tereza ficou em casa, à espera de notícias minhas sobre o movimento. Temia aglomerações.

Colégio Metodista Bennett, na rua Marquês de Abrantes 55. Um endereço que me trouxe lembranças.
Do tempo em que o Colégio era só de meninas. Festas de São João, barraquinhas, milho assado, quentão, quadrilha, fogueira. Inclusive a fogueira das paixões juvenis. Namoricos. Nessa época eu morava na rua Senador Vergueiro 50, bloco dos fundos, que dava sobre o pátio do Colégio. Numa espécie de voyeurismo explícito, eu observava as meninas metodistas da janela do meu quarto, com um potente binóculo, durante o recreio delas. As mais sapecas já estavam acostumadas e, a um gesto meu, mais abriam a blusa, baixavam discretamente o sutiã e mostravam um peitinho de adolescente. Alguns de tão pequenos pareciam um botão. Um botão de rosa. Depois, serelepes, fugiam do meu campo visual, talvez envergonhadas. Mas só um pouquinho. De resto, uma deliciosa visão que só eu tinha. Tudo na maior inocência e não passava disso.

Outra lembrança me remete aos tempos da Bossa Nova. Nessa época todo garoto, mas não só, queria aprender a tocar violão, pois as meninas adoravam. Foi um tempo em que havia um movimento de difusão do Jazz entre nós, rapazes e moças. As escolas e seus auditórios passaram a ser palco do processo pedagógico de uma nova linguagem musical e de shows, quase sempre com incipientes bandas. Tempo também de, nesse processo educativo, palestras sobre o Jazz. Uma vez no Bennett, Luiz Orlando Carneiro, crítico de música do Jornal do Brasil, fez lá uma palestra ilustrada com seus discos, que ele fazia tocar num equipamento de som portátil e sem amplificação. Um som horrível. Mas a rapaziada adorava.

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Tempo é vida

Pois bem, dito isso, retomo minha experiência cívica da manhã de domingo de eleição.

Cheguei cedo, havia pouca gente no horário preferencial dos idosos. Saquei do celular para ligar pra Tereza, que ficara em casa.

Boca de urna rolava solta. Uma delas abriu-se francamente e falou comigo. O indivíduo parrudo com camisa do Flamengo, o dono da boca, perguntou se eu já tinha votado e, se não, eu queria uma sugestão de candidato a vereador. Disse-lhe gentilmente que já tinha candidato.

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Horário preferencial para a terceira idade, mas não exclusivo, pois que uma formosa jovem de cabelos negros subitamente se destacou no meio daquelas cabeças encanecidas. Linda. Uma rosa naquele jardim de cravos e camélias mais vividas. Lembrei das meninas do recreio.

E fiquei matutando que, se fosse naquele tempo, 60 anos atrás, rapaz enxerido, eu brincaria com ela sobre o fato de estar ali àquela hora. Hoje, de título e identidade na mão e com um falso ar de distração, perguntei-lhe se ela sabia onde ficava a Seção 144. Não sabia, mas levou-me a um dos muitos rapazes que ali estavam para orientar os eleitores. Fiquei ciente do paradeiro da minha Seção, já então rebatizado de 364. A moça foi votar na Seção ao lado. Saímos juntos, naturalmente observando as regras de distanciamento social.

Se fosse naquele tempo, 60 anos atrás, eu sairia de minha timidez e puxaria conversa. Ela, boa observadora, reagiria e diria ter visto na carteira do Itamaraty que eu trazia na mão, junto com o título, que eu era diplomata. E diria também que um primo seu estava estudando para um próximo vestibular do Instituto Rio Branco.

Animado, eu aproveitei a deixa e, parodiando a música Terezinha, do Chico Buarque, “contaria minhas viagens e as vantagens que eu tinha”. Poderia também invocar a atmosfera daquela manhã de deveres cívicos, da qual ela estaria decerto imbuída. Arremataria perguntando se ela queria tomar um café no Lamas, agora ali pertinho.

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Mas, qual! ela, lépida e graciosa, já se me anteciparia, e diria que naquele momento tinha outro dever a cumprir: o marido a esperava em casa para assumir o cuidado de sua filhinha bebê, para que ele viesse votar. Nem sei se seria verdade. Ben trovato, de qualquer maneira.

Por trás da máscara, poderia até ter percebido um leve sorriso.

Mas o tempo era hoje, e não há 60 anos atrás. Me recompus rapidamente, disse adeus a ela e voltei à realidade dos deveres cívicos e outros de homem casado e da condição de setentão.

Antes de ir-me até imaginei que uma daquelas senhoras respeitáveis e elegantes que dividiram comigo o horário preferencial pudesse ter sido, anos atrás, uma das meninas travessas do recreio.

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Seja como for, e como já disse uma vez, considerada a margem de erro, para mais ou para menos, dei por ganha a eleição. Digo, a manhã.

Dante Coelho de Lima é diplomata.

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