Mãe, equilibrista e um pouco dramática

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Rapha termina a faculdade no final do ano, e Ester completa 12 anos em dezembro. Estão se tornando pessoas incríveis, e isso me enche de orgulho. Deveria ser apenas motivo de alegria — e é — mas, ao mesmo tempo, me sinto um pouco perdida.

Fico olhando para eles, tomada por um amor imenso e por essa vontade absurda de congelar o tempo, de viver e reviver cada segundo ao lado deles. Não sei se isso acontece só comigo, mas ultimamente esse vazio estranho tem aparecido. Minha dupla já tem suas próprias programações, e, muitas vezes, eu não estou incluída. E isso faz parte!

Trabalho mais de 12 horas por dia e, nos intervalos, levo Ester, busco, tento almoçar com eles sempre que dá. Converso, brigo, escuto, dou opinião (mesmo quando não pedem), quero saber onde estão. Saio correndo de reuniões para estar com eles e vou equilibrando os pratinhos da vida, tentando administrar todas as funções.

Rapha e Ester, a Patroinha.

Daqui a pouco, eles serão independentes. Não vou mais precisar buscar ou levar, e talvez minha opinião já não seja tão importante. Na verdade, muitas vezes o Rapha já só pede opinião para a namorada. E quando se trata de fotos de viagem? Ele diz que é com a Macrau. Eles vão voar, serão bem-sucedidos e felizes. Vão me encaixar nos almoços de fim de semana e, talvez, me liguem no meio da semana. Sim, sou dramática.

E o que será dessa minha vida louca? Ester pergunta se estou chegando antes mesmo de eu virar a esquina da nossa rua. Chamo ela de Patroinha — passa o tempo me controlando, ligando, checando. Ama conversar, contar histórias. Rapha também fala muito, mas já não tem tanto tempo. Faculdade, estágio, namorada, academia, amigos… E ele já dirige, não precisa mais de uma mãe-uber.

Parece um lamento, mas não é. É apenas um relato de uma mãe feliz, nostálgica e um pouco dramática, vendo os filhos crescerem. Um lembrete de que o tempo passa depressa, e, muitas vezes, deixamos os detalhes escaparem. Esquecemos de viver os sorrisos, os tombos, os abraços apertados. O único tempo que temos é o presente. Aproveite!

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