Como está o Brasil?

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O que se observa às vésperas das eleições municipais é um cenário polarizado entre Bolsonaro e Lula.

Convém aos dois.

Porém, há dois fatores que poderão esvaziar essa polarização: Bolsonaro enfrenta riscos de punições judiciais, com reflexos negativos no seu capital político.

Lula está perdendo esse antagonismo, com a queda da popularidade, apoios e conexões eleitorais.

A fragilização das lideranças, abriria “janelas” para os partidos e os candidatos buscarem outras “agendas”, temas e alternativas, que não seja essa agenda nacional polarizada.

Por outro lado, o futuro da política nacional será muito favorecido por não ter havido golpe em 8 de janeiro, como se propaga e infelizmente o STF aceita essa tese.

Para confirmar a inexistência de golpe, está provada publicamente a rejeição dos ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior a qualquer tipo de insurreição, que colocasse em risco a posse do presidente eleito.

A posição firme das Forças Armadas reafirmou o valor de agregação da sociedade brasileira revelada em nossa história.

Outro exemplo foi quando Bolsonaro convocou reunião com os embaixadores contra a urna eletrônica e organizou parada militar em Brasília, no dia da votação na Câmara dos Deputados.

A sociedade respondeu, com mobilizações de mais de 1 milhão de pessoas assinando a “carta em defesa da Democracia”, incluindo até quem pensa diferente, por ter outra ideologia.

O que aconteceu no Brasil ultimamente desmente certas conclusões de vencedores do prêmio Nobel, que divulgam estudos sobre as relações entre regimes políticos e crescimento econômico.

Esses estudos têm como alicerce teórico a chamada “teoria da modernização”, sendo a democracia consequência do desenvolvimento econômico.

Isto é, os países crescem, se urbanizam, aumentam a qualidade da educação e, como consequência, se democratizam.

O nosso país demonstra que a direção correta começa na democracia, vai para o crescimento, e não o contrário.

Em alguns casos há o sentimento de que a democracia não está compensando e não entrega os benefícios econômicos esperados, o que gera instabilidades, mas nunca rupturas.

O governo Lula está sendo pressionado por duas variáveis-chaves: a inflação e o desemprego.

O eleitor brasileiro é avesso à inflação causada por políticas frouxas do ponto de vista fiscal.

Essa é a razão da queda de popularidade.

Com os resultados da eleição de 2024, será possível analisar o poder de transferência de votos, tanto de Lula quanto de Bolsonaro, com olho em 2026.

Mas, afinal, como está o Brasil?

O país com mais de 5.500 municípios, média populacional em torno de 25 mil pessoas por cidade, poderá sofrer mudanças nestas eleições municipais.

Essa é a preocupação, tanto do governo quanto da oposição (mesmo com inelegibilidade de Bolsonaro), de ter um bom resultado em outubro.

Prever é impossível. Somente aguardar!

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente da CCJ da Câmara Federal – ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br

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