Centenário de Brizola e discurso de Ciro

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Neste 22 de janeiro, o centenário de nascimento de Leonel Itagiba de Moura Brizola, um dos homens que mais influíram na vida política nacional, no século passado.

Na sexta 21, o ex-ministro Ciro Gomes lançou-se candidato à presidente da República pelo partido fundado por Brizola, hoje o PDT.

Brizola, de origem humilde, foi na juventude engraxate e carregador de malas.

Elegeu-se deputado estadual, em seguida deputado federal, prefeito de Porto Alegre, governador do RGS e, duas vezes, do Rio de Janeiro.

Carreira longa, que só começaria a ser atropelada, quando aceitou ser vice na chapa de Lula.

Na tentativa de chegar à presidência da República pregou o chamado socialismo democrático, que aquela época prosperava na Australia e países escandinavos.

Na sua caminhada política foi combatido por radicais da direita e de esquerda.

Pela oposição que fez, em relação a queda de João Goulart em 1964, recebeu severas sanções dos governos militares.

Em pronunciamento de mais de uma hora, na presença de cerca de 70 pessoas, sem nenhum representante de outros partidos, Ciro Gomes foi o primeiro candidato na disputa presidencial a dizer com clareza as linhas gerais do seu programa de governo, através de propostas concretas.

O discurso teve o viés político no seu estilo contundente, com veementes críticas ao presidente Bolsonaro, ao seu oponente Sérgio Moro e de leve tocou no ex-presidente Lula.

Ciro apontou problemas e propôs soluções sobre os mais variados temas relacionados ao país, deixando claro que pretende taxar grandes fortunas e grandes lucros empresariais.

Um dos obstáculos que o candidato pedetista enfrenta para crescer eleitoralmente seria o uso de posições e linguagem agressivas.

Certamente para justificar o seu estilo político, lançou o slogan de campanha: “rebeldia da esperança”.

No discurso, ele disse:

“Eu sou também dos que gostam de ver o sol do meio-dia acender sobre o mundo a chama da rebeldia.

“Eu sou daqueles que não usam a noite para dormir, mas para sonhar e construir a aurora radiante do novo dia.

“É por isso que trago hoje para vocês a voz da Rebeldia da Esperança.

“Rebeldia e esperança são as duas únicas energias capazes de retirar o Brasil das trevas e da estagnação onde nos encontramos.

“Elas têm que estar juntas e aliadas”.

Ainda no discurso exaltou a herança política de Leonel Brizola.

De agora por diante é aguardar as pesquisas para avaliar a repercussão das posições de Ciro Gomes, em relação aos seus oponentes principais Bolsonaro, Moro e Lula.

A luta dele  será para chegar ao segundo turno.

O que será difícil.

Mas, não impossível.

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; procurador federal – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br

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