A famosa ‘Rua das Pedras’ em Búzios

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A “Rua das Pedras” é uma famosa rua localizada em Búzios, um município do estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Ela é conhecida por ser o coração de Búzios, repleta de lojas, restaurantes, bares, galerias de arte e boutiques. A Rua das Pedras possui um charme especial, com suas calçadas de pedra e iluminação noturna aconchegante, além de oferecer uma vista deslumbrante para o mar. É um destino popular tanto para os moradores locais quanto para os turistas que visitam a região. Ponto turístico, a residência onde o presidente Juscelino Kubistchek ficava durante o período de descanso em Búzios fica na “Rua das Pedras número 994. O famoso calçamento de pedras, que deu nome à rua, chegou na década de 70, por iniciativa do empresário carioca César Thedim em parceria com o arquiteto Octávio Raja Gabaglia

O nome “Rua das Pedras” acabou se tornando o nome “oficial” da rua na boca do povo por este trecho ter sido feito de pedras no estilo pé-de-moleque, construída há muitos anos e preservada assim (por enquanto, pelo menos). Na rua se localiza, por exemplo, o Clube dos Pescadores de Búzios, inaugurado na década de 1950. No entanto, a rua tem nome oficial: Avenida José Bento Ribeiro Dantas começa quando Búzios começa, corta a cidade e acaba quando esbarra no mar. É a merecida homenagem ao pioneiro que chegou ao povoado trazido pelos filhos apaixonados por pesca submarina, cativou e ajudou a população e, após 16 anos de realizações, morreu em sua casa de praia (1969) de um fulminante ataque do coração.

A famosa Rua das Pedras, a mais característica de Búzios.

Conheci Bento advogado formado, em 1932, numa viagem de trem para Petrópolis e dois dias depois já me pedia em casamento. Era filho do médico Aristarco que morreu quando Zé completou um ano. A mãe Maria Luiza, viúva e desgostosa da vida, entrou para o Carmelo de Santa Tereza, no Rio. Ao conhecê-la fiquei encantada com sua doçura, daí minha grande amizade depois que se tornou freira e eu, sua nora – contou certa vez Eudóxia.

Advogado do Banco do Brasil e bem relacionado, Bento foi requisitado pelo governo federal durante a Segunda Guerra para nacionalizar a empresa alemã de aviação civil Condor que deu origem à brasileira Cruzeiro do Sul, da qual foi presidente até morrer. Freqüentador da bucólica Petrópolis, o Doutor Bento atendeu, em 1953, aos apelos dos filhos Joaquim (Bentinho) e Marcos para conhecer as praias virgens de Búzios onde praticavam pesca submarina e gostariam de ter um terreninho com uma casinha à beira mar: – confesso que não gostei, tinha muito mosquito, era deserta demais, mas Bento encantou-se, comprou uma grande área da família Honold, em Manguinhos e construiu a casa onde estamos. E nunca mais saiu daqui – conta. José Bento Ribeiro Dantas morreu às 22 horas do dia 29 de abril de 1969, aos 65 anos, em sua casa de Manguinhos, após sentir-se mal quando se preparava para dormir. Ele chegou a receber a extrema unção dada pelo amigo e frei Pierre Secondi, reitor da PUC-RJ que, por coincidência, estava hospedado na casa vizinha.

Búzios na década de 50 era uma desconfortável aldeia de pescadores com acesso por estradas horrorosas: – Bento curtia tudo e começou a trazer convidados ilustres, primeiro Charles Read, representante da “Rolls-Royce” no Rio e, depois, André Mouravieff, filho do príncipe russo Apostol que, em 1914, foi o último embaixador do Tzar da Rússia, na Inglaterra e, durante a guerra imigrou para o interior do Brasil. Aliás, André construiu casa aqui ao lado da nossa onde, no verão de 62, ficou a Brigitte Bardot – revela.

Bento não acompanhava muito Dona Eudóxia e os extasiados convidados nos alegres banhos de mar às selvagens praias buzianas, como “a perigosa Geribá, a calmíssima Azeda, a isolada Tartaruga, a escondida Ferradurinha onde vimos tartaruguinhas recém-nascidas correndo para o mar, a deserta Tucuns, além da traiçoeira Lagoinha, onde a força das ondas arrastava tudo, inclusive pescadores desatentos”.

Ele curtia mais a população e os empreendimentos que nela fazia, como a construção do cais de proteção à colina onde fica a centenária igreja de Sant’Anna, a igreja de Santa Rita de Cássia (Manguinhos), diversas ruas de acesso às praias. A sua Kombi servia tanto para transportar caixões ao cemitério como para percorrer a cidade com fotógrafo e datilógrafo alistando os moradores para as eleições. Nossa casa era ao mesmo tempo embaixada e pronto-socorro e a Kombi, também uma ambulância – diz Dona Eudóxia.

Duas histórias deliciosas mostram bem quem era o Doutor Bento ou o popular Zé Bento. Certo dia, passando com sua Kombi por um carro moderno parado na estrada com o pneu furado, ele parou, saltou, trocou o estepe, recebeu gorjeta do motorista e seguiu viagem. Quando chegou em casa, mais tarde, deparou com os ocupantes do carro que socorreu. Eram convidados da mulher para um alentado almoço que riram muito com o detalhe da gorjeta.

Outra história conta que o embaixador inglês, no Rio, Sir Geofrey Wallinger chegou para almoçar em sua casa vestido com paletó de flanela e foullard, mas ao ver o anfitrião com shorts e camisa de malha, pediu formalmente permissão à Dona Eudóxia, foi em casa, trocou de roupa e voltou de bermudas como o anfitrião. Dona Eudóxia, cercada dos filhos Bentinho e Marcos, dos oito netos e três bisnetos, continua curtindo a família e os convidados na mesma casa de Manguinhos.

O que hoje é um dos locais turísticos mais badalados de Búzios, nos anos 60 não passava de uma rua batida de terra que fazia caminho até o mar. Algumas casas de pescadores buzianos nativos existiam ali, com muitas pitangueiras. O famoso calçamento de pedras, que deu nome à rua, chegou na década de 70, por iniciativa do empresário carioca César Thedim em parceria com o arquiteto Octávio Raja Gabaglia. Instalado o calçamento, com suas pedras conhecidas como pé de moleque, exatamente, para garantir que o trânsito fosse somente de pessoas e não de veículos! Carros não são bem vindos na Rua das Pedras, pessoas sim, em um clima total de passarela.

Desde a visita de Brigitte Bardot à orla que ganhou seu nome – a Orla Bardot -, bem pertinho da Rua das Pedras, foi que a rua ficou tão famosa, e assim é até hoje: o local é símbolo da noite de Búzios por abrigar muitos dos seus bares e restaurantes. É lá onde a badalação de Búzios acontece madrugada adentro, que em época de alta temporada chega a ficar congestionada de tantos turistas buscando o lugar ideal para comer, beber e se divertir.

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