Volvo EX30 tem um minimalismo exacerbado, mas uma direção divertida

A sueca apresenta oficialmente o elétrico de entrada da marca, que tem boa aceleração, mas uma cabine irritantemente minimalista

Campos do Jordão (SP) – Segundo o dicionário Michaelis, “minimalismo” (mi·ni·ma·lis·mo) – sm –, tem como um dos significados: “predisposição para redução e simplificação dos elementos que compõem um todo”. Em um jargão popular “menos é mais”. Ou seja, é a redução máxima de algo eliminando elementos, sem deixá-lo de ser funcional.

O termo é visto nas artes, com movimentos desde os anos de 1960, que tem como ideal simplificar os elementos da pintura e da escultura, para formas mais simples. Há também uma teoria minimalista linguística, criada nos anos 1990 por Noam Chomsky, no qual afirma que a gramática universal deve ser reduzida a apenas dois níveis, fonológica e lógica.

Há minimalismo até na música, em composições que tentam reduzir, ao máximo, os elementos compositivos. Existem também um estilo de vida minimalista, baseado em diminuir drasticamente os excessos, focando apenas no necessário para uma vida plena. Em um ponto todas as vertentes se alinham: a redução extrema de algo. 

Este tipo de posicionamento chegou ao universo automotivo. A Tesla já se utiliza muito do minimalismo. E, agora, a Volvo entra na onda, com o mais novo lançamento da marca, o EX30. O pequeno elétrico acaba de ser apresentado oficialmente no Brasil e um ponto chama – muito – a atenção, a cabine minimalista. O que não é algo positivo, como veremos nas “Primeiras Impressões” da versão topo de linha, a Ultra e seus R$ 293.950.

‘Casa dos 300’

O EX30 é o primeiro modelo da marca pensado para ser apenas elétrico.

Durante o lançamento do EX30, tivemos contato com a versão topo de linha dele que, na opção de entrada, parte de R$ 229.950 e na intermediária custa R$ 277.950. O complexo dele é a concorrência, principalmente por conta das características: SUV pequeno elétrico, de quase 300 cavalos, autonomia na casa dos 330 quilômetros e abaixo dos R$ 300 mil.

Até o momento, nenhum outro modelo disponível no Brasil se equipara a ele no porte, autonomia, preço ou potência. Os que chegam mais perto são o BYD Yuan Plus (R$ 229.800), Renault Megane E-Tech (R$ 279.900) e Seres 3 (R$ 199.990). Há ainda o Peugeot e2008 (sem preço oficial no momento) e o Volks ID.4 disponível apenas por assinatura.

‘Thor’ evoluído

O “martelho de Thor” foi mantindo, mas reestilizado.

O EX30 apresenta a nova identidade visual da Volvo, que veremos também no futuro EX90 – previsto para chegar ao mercado brasileiro ainda neste ano. O novo padrão é uma evolução do que existe nos demais modelos da marca e que surgiu no gigante XC90.

Um fator muito importante foi mantido, os faróis no estilo do “Mjolnir”, o martelo de Thor, mas que foi completamente reestilizado e ganha ainda mais destaque na dianteira. Por ser um veículo criado para ser elétrico, a parte frontal do EX30 é muito mais limpa, visualmente falando. 

A traseira é completamente diferente dos demais SUVs da marca.

Como um bom SUV, ele conta com uma saia que envolve a parte inferior dos para-choques dianteiro e traseiro e nas laterais. De lado, ele tem um perfil alto, por conta da coluna C que é pintada parcialmente de preto brilhante e aloca o nome do modelo, e as rodas de aro 20 de visual futurista se destacam, principalmente na versão Ultra.

Externamente, a maior diferença para os irmãos é a traseira, que é completamente diferente, repleta de linhas retas e com uma lanterna nova que foge do padrão atual da marca. A tampa do porta-malas tem apenas o nome da Volvo centralizado e dois filetes em preto brilhante atravessam-na ligando as luzes traseiras. Há também um pequeno spoiler.

Irritantemente minimalista

A sueca pecou muito no minimalismo da cabine.

No início do nosso texto, falamos sobre o termo “minimalismo” e, agora, você entenderá o porquê desta explicação. A cabine do EX30 é algo nunca visto dentro da marca e arriscamos a dizer até da indústria automotiva mundial. A Volvo levou a questão de reduzir os botões muito ao pé da letra e resolveu eliminar até o painel de instrumentos.

Em uma mistura de Tesla com Toyota Etios, todas as funções vitais, com exceção do câmbio e dos vidros, do veículo estão na central multimídia, incluindo o velocímetro. Ou seja, o motorista não tem a sua frente a visualização de informações importantes, como velocidade, precisa desviar levemente a visão, o que foge dos padrões de segurança tão assertivos defendidos pela Volvo.

O painel de instrumentos está na central multimídia, fora da linha de visão do motorista.

Mas não para por aí. Para regular os espelhos retrovisores, tem que achar a função na tela da central e usar os botões nada práticos do volante para ajustá-los. Abrir o porta-luvas, que não está na posição habitual, e o porta-malas, ligar o pisca-alerta, ativar o “one pedal”, o ar-condicionado, tudo, é pela central multimídia. Sobre a chave, falamos mais a frente.

Ou seja, se a peça parar de funcionar, o carro também perde praticamente todas as funções vitais. Com isso, visualmente falando, a cabine é limpa até demais, sem qualquer botão no painel. Até as portas sofrem do minimalismo, elas não contam com os acionadores dos vidros, estão no console central, lembrando antigos Peugeots e Citroëns.

O espaço interno, principalmente o traseiro, não é dos melhores.

A cabine não sofre apenas por ser exageradamente minimalista. Quando falamos de Volvo, uma das palavras que vem à mente é “luxo”, algo que passa longe do EX30. O interior é pobre, com materiais de baixa qualidade, duros e ásperos ao toque. O acabamento tem vários estilos, desde um azul simples a um que remete ao ladrilho de casa de vó.

Outro ponto mínimo do EX30 é o espaço interno. Com o banco dianteiro ajustado para um motorista de 1,8m, uma pessoa de mesma estatura não consegue se alojar de forma confortável atrás. Ou seja, quatro adultos precisam de um certo ajuste para viajarem com um mínimo de conforto. O porta-malas também é minimalista, de míseros 318 litros.

Ao menos nisso

Pelo menos a lista de equipamentos não recebeu o estilo minimalista.

Se o visual e o acabamento interno não são os esperados em um Volvo, ao menos a lista de equipamentos não faz feio, pelo contrário. Como esperado de um modelo da sueca, o EX30 é bem recheado, principalmente na versão topo de linha e seus quase R$ 300 mil.

No quesito segurança, ele vem com seis airbags, frenagem de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, faróis full LED com sensor crepuscular e alto automático, sistema de proteção contra impactos laterais, de mitigação de colisões e de prevenção de lesões na coluna cervical, detector facial de fadiga do motorista, piloto automático adaptativo.

O teto solar é um charme, mas faltou a cortina para proteger do calor tipicamente brasileiro.

Assistente de partida em rampas com controle de embalo em descidas, alertas de abertura de portas com sensor de presença externo, de ponto cego, de tráfego cruzado e de mudança de faixa com assistente de direção, monitoramento de pressão dos pneus, sistema de câmeras 360º e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro.

Na parte da comodidade, sistema de som premium da Harman Kardon, iluminação ambiente, abertura elétrica do porta-malas, carregador por indução para smartphones, a central multimídia com tela de 12,3 polegadas, bancos dianteiros elétricos, ar-condicionado dual zone (mas sem saída para a traseira) e quatro portas USB do tipo C. 

A chave é tão irritante quanto o minimalismo exagerado.

E há dois itens que tinham tudo para serem grandes destaques do EX30, mas são os maiores deslizes da lista de equipamentos, a chave que é literalmente um cartão e o teto solar panorâmico. Este, o problema está na ausência de uma cortina protetora, em um país tropical como o Brasil, a peça seria vital para ajudar no controle da temperatura da cabine.

A chave consegue ir além no quesito “não faz sentido”. O formato dela é de um simples cartão, até aí, tudo bem. É só deixá-lá no bolso, carteira, bolsa e tudo certo, só que não. Deste jeito, você até abre as portas, basta se aproximar. Mas para ativar o carro, ela precisa estar em uma posição específica no carregador de indução, se não o EX30 não liga. 

Algo prazeroso

Ao menos a direção é divertida e segura.

Antes de começar a rodar com o EX30, o SUV é super irritante, principalmente por conta de todo o minimalismo exacerbado no qual já falamos. Mas a irritação diminui consideravelmente com o passar dos quilômetros rodados. Neste aspecto, o SUV se mostra um legítimo Volvo, com pegada agressiva e divertida.

O pequeno sueco utiliza apenas um motor elétrico, mas que joga toda a força dos 272 cavalos nórdicos e os 35kgfm de torque para as rodas traseiras, mostrando que o “sport” de SUV não foi abandonado pela marca, como os botões internos foram. O mais leve toque no acelerador garante uma “patada” divertida, fazendo o modelo disparar pelo asfalto.

Na estrada, dá até para esquecer os erros minimalistas.

O ganho de velocidade é instantâneo, como deve ser em um bom veículo elétrico. O volante é firme e deixa o utilitário na mão do motorista a todo momento. Mesmo de tração traseira, ele não passa a sensação de perda de direção em momento algum e as manobras como ultrapassagens e saídas e retomadas de velocidades são feitas com total segurança.

As baterias de 63kWh que alimentam o forte motor garantem uma aceleração de zero a 100km/h em 5,3 segundos, com máxima regulada eletronicamente em 180km/h. Pelo padrão do Inmetro, a autonomia é de 338 quilômetros. O tempo de carga, segundo a Volvo, é de 28 minutos em um ultrarrápido de 153kWh e de oito horas em um wallbox de 11kWh.

Durante o lançamento, saímos da região central de São Paulo capital com 100% de bateria e percorremos cerca de 205 quilômetros até Campos do Jordão. Na chegada, a bateria estava em 34%. Como nos outros modelos elétricos da marca, ao adicionar um destino, ela mostra com quanto de carga chegará no local. 

A opinião do Diário Motor

Volvo EX30.

Durante o lançamento do EX30, duas palavras martelaram na cabeça deste que vos escreve: minimalismo e irritante. A primeira explicamos bem o porquê. Já a segunda, é algo mais sensorial, de sentimento, resumido na frase “nunca imaginei que me irritaria tanto dentro de um Volvo”. A falta de botões, os comandos do volante, a central multimídia como um todo e a falta de elementos premium, tão clássicos da marca, elevaram a sensação.

Ao menos, como descrevemos, a direção do SUV é divertida, esperta e segura, como são os carros da marca sueca. O passar dos quilômetros ajuda a suavizar a irritação inicial, principalmente na hora de acelerar e, com o tempo, acaba se acostumando com o minimalismo exagerado. A boa condução ajuda muito na avaliação do utilitário elétrico. Assim, vale o teste drive com uma possível compra! Nota: 7.

Ficha Técnica EX30 Ultra

Motor: elétrico

Potência máxima: 272cv 

Torque máximo: 35kgfm 

Transmissão: automática

Direção: elétrica

Suspensão: independente nos dois eixos 

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 318 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.555 x 1.836 x 4.233 x 2.650mm 

Preço: R$ 293.950

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*Viagem a convite da Volvo