Testamos a Chevrolet Montana RS, a versão esportivada da picape
A nova versão topo de linha da caminhonete intermediária utiliza a clássica sigla para apresentar um visual mais esportivo
Em 2015, a Renault revolucionou o mercado brasileiro de picapes. A francesa saiu na frente ao apresentar a primeira caminhonete intermediária do país, a Oroch, que na época usava o nome Duster também, pois era baseada no SUV. O modelo surpreendeu por ser maior do que as compactas e menor do que as médias.
A ideia era alinhar um maior espaço interno a um tamanho não muito exagerado. Mas apesar de pioneira, não foi a Oroch que realmente mexeu com o mercado, e sim a principal – e única durante muito tempo – rival, a Fiat Toro, lançada no ano seguinte. A italiana surgiu como um meteoro e logo se tornou, no geral, a segunda picape mais vendida do país.
A Toro não deixou espaço para a Oroch e dominou o segmento, beneficiando-se também da inércia das demais concorrentes. A primeira grande rival, a Ford Maverick, escorregou no preço elevado e na proposta pouco convencional, não representando uma ameaça à liderança da italiana. A segunda, que chegou no ano passado (tecnicamente lançada no final de 2022), foi a Chevrolet Montana, com um nome já conhecido. Em 2023, o segmento também recebeu a Ram Rampage.
No entanto, de todas – ao menos no ano passado –, a que conseguiu gerar um burburinho no segmento foi a Montana. A picape fechou 2023 como a segunda mais emplacada da categoria e a quinta no geral. E já em seu primeiro ano de mercado, ganhou um versão de visual esportivo, a RS, como topo de linha e seus R$ 156.210, o nosso “Teste da Vez”.
Diversidade
Um fato curioso da categoria, e reforçado pela Montana, é a diversidade da categoria. A Oroch segue mais o estilo das compactas, focando apenas em opções flex e sem tração 4×4. A americana foi para o mesmo caminho. A novata Rampage seguiu um pouco a prima Toro, com opções gasolina e diesel, mas todas 4×4. Já a Maverick tem um caminho próprio.
Com isso, os preços de cada uma variam muito, de acordo com a proposta de cada. Dessa forma, a Montana se alinha mais com a Oroch, com a opção topo de linha na casa dos R$ 150 mil, a francesa sai por R$ 149.490. A Toro começa nesta faixa, com a versão de entrada saindo por R$ 152.990, a topo bate em R$ 212.990. Uma casa acima, Rampage e Maverick variam de R$ 244.790 a R$ 277.490 e de R$ 224.890 a 243.890, respectivamente.
Mais estilo
Não é de hoje que a Chevrolet tem versões esportivadas de seus veículos. Para a atual linha, a marca finalmente trouxe uma de suas “siglas” mais consagradas, a RS. O primeiro modelo a ganhar o estilo esportivo foi o Onix, depois vieram Cruze Sport6, Equinox, Tracker e, por último, a Montana. A marca já afirmou que o próximo será um elétrico.
Um fato curioso envolvendo a picape é que ela é a única a contar com a opção RS como versão topo de linha. No Onix e Tracker ela é intermediária, no Equinox é de entrada e no Cruze, a única configuração disponível. Mas o comum em todos é o estilo mais esportivo, com diversos detalhes escurecidos.
A Montana conta com grade frontal de estilo colmeia e retrovisores com detalhes em preto brilhante, a consagrada gravata em preto, assim como o rack de teto e santo antônio integrados. As rodas são de 17 polegadas com acabamento próprio e face usinada. Por dentro, volante, painel, bancos e encosto de braços na cor preta com costura vermelha. As molduras dos dutos de ventilação, console central e volante são em preto brilhante.
No mais, o visual é o mesmo visto nas outras versões, com destaque para o perfil alto da caçamba, que conta com tomadas, iluminação dos dois lados, oito ganchos para amarração e protetor. O para-choque traseiro “partido”, pode ser usado como degrau para acessar a área de carga.
O interior, tirando as cores, também é o mesmo, que segue o padrão do irmão Tracker e um uso exagerado de plásticos duros que, ao menos, são bem encaixados e não apresentam rebarbas. O espaço interno é honesto, leva quatro adultos com certo conforto, mas um quinto gera apertos desnecessários.
A unidade que testamos conta ainda com dois acessórios, que podem variar de preço de acordo com a concessionária, o estribo e a capota rígida e elétrica. O primeiro, não se mostra muito útil em uma picape desse porte, mais atrapalha do que ajuda no embarque e desembarque. Já a capota, segura bem a água da chuva, evitando que molhe o interior da caçamba e, mais importante, o que estiver dentro dela.
Mais do mesmo
Um fato curioso é que a lista de equipamentos é exatamente igual à da Premier. Ou seja, mesmo custando quase R$ 160 mil, a RS passa pelo mesmo problema, ao não ser tão bem equipada quanto o irmão Tracker, com quem compartilha a plataforma, motor e muitos outros detalhes. Ela não manda mal, pelo contrário, mas poderia ser ainda melhor.
Entre os itens de segurança, ela vem com seis airbags, alertas de colisão e de ponto cego, assistente de frenagem de emergência, controles de tração e estabilidade, faróis full LED, sistema OnStar, auxiliar de partida em rampa, sensores de estacionamento e crepuscular, piloto automático, câmera de ré e monitoramento de pressão dos pneus.
Na parte da comodidade, ela vem com chave sensorial, partida por botão, ar-condicionado digital, sistema de áudio JBL, funções remotas via aplicativo, central multimídia de oito polegadas com conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, wi-fi nativo, portas USB do tipo A e C e carregador por indução.
Quatro itens do Tracker seriam muito bem-vindos na Montana RS: retrovisor eletrocrômico, park assist (estacionamento automático, presente até no Onix) e sensores de estacionamento dianteiro e laterais e de chuva. Teto solar também seria interessante, no mínimo como opcional.
Turbinada
Como falamos, entre as picapes intermediárias, a Chevrolet alinhou-se mais ao lado da Renault, seguindo o padrão da Oroch, com versões apenas flex e tração 4×2. A Montana conta com o mesmo conjunto mecânico da opção topo de linha do Tracker, o irmão SUV tem versões com o motor 1.0 turbo. Na picape, todas as configurações são com o 1.2 turbo.
A caixa de força gera 133 cavalos e 21,4kgfm de torque, aliado à transmissão automática de seis velocidades, direção elétrica e tração 4×2, o que garante uma boa tocada. Com ela vazia, o acelerador responde bem, com retomadas, saídas e ultrapassagens sendo feitas de forma segura e até divertida. Usando toda a potência, ela é bem ágil no trânsito.
O porém é, se estiver carregada, e nem precisa estar com a caçamba em capacidade máxima, que é de 600kg, quatro adultos e um pouco de bagagem já geram um peso suficiente para fazer a Montana perder um pouco de fôlego. Com isso, o motorista precisa de mais atenção na hora de realizar as principais manobras.
Como no Tracker, a direção elétrica é extremamente confortável e segura. Como é monobloco, outra característica da categoria, a Montana passa uma grande sensação de segurança ao volante, em momento algum o motorista tem percepção de perda da condução, que é bem semelhante a de um SUV.
Outra semelhança com o irmão é a suspensão – que é idêntica também. Ela absorve bem as imperfeições do solo e não repassa os desníveis das pistas para a cabine, deixando a viagem mais confortável e, por ser monobloco, não “quica” como uma picape chassi.
Na parte do consumo, dois fatores. Em uma tocada mais tranquila, e sem carregar nada, ela chegou a marcar 12,5km/l com gasolina. Usando mais toda a potência do motor turbo, o gasto com combustível não foi tão otimizado, marcando 10,2km/l.
A opinião do Diário Motor
Na Montana, a Chevrolet assume uma nova posição para a versão RS. Em vez de intermediária, ou de entrada, na picape ela é a topo de linha. Mas a principal diferença para a Premier, além dos R$ 3.100 a mais, é o visual escurecido. De resto, é idêntica à opção anterior. A americana tem bons atributos, comuns a categoria, como o rolar confortável e seguro. Mas o motor poderia ter um pouco mais de fôlego, principalmente quando cheia.
A lista de equipamentos é boa, tanto na segurança, quanto na comodidade, mas deveria seguir o irmão Tracker nisto também, o que a deixaria ainda mais completa. Para quem procura uma picape com pegada mais urbana, que não necessita de tração 4×4 e quer fugir do aperto das compactas, vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha técnica
Motor: 1.2 turbo
Potência máxima: 133/132cv
Torque máximo: 21,4/19,4kgfm
Transmissão: automática de 6 velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Capacidade de carga: 600kg
Dimensões (A x L x C x EE): 1.659 x 1.798 x 4.717 x 2.570mm
Preço: R$ 156.210
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