Primeiras impressões: Volvo C40 e a evolução sublime de uma marca
Fomos ao México conhecer de perto o mais novo produto da sueca, o primeiro pensado totalmente como um elétrico
Cidade do México (MX) – Ao longo de quase 140 anos, a indústria automotiva passou pelas mais variadas evoluções. Do primeiro ao mais recente veículo, muita coisa mudou. A forma de se produzir, comprar, dirigir, manter, conviver com um automóvel alterou completamente.
Dentre as mais variadas marcas, uma que mudou – em alguns pontos – radicalmente foi a Volvo. A quase centenária montadora sueca (criada em 1927 em Gotemburgo), sempre apostou forte no quesito segurança, algo que não mudou ao longo dos últimos 95 anos, mas falhava quando o assunto era design.
A sueca tinha uma total falta de capacidade de criar veículos minimamente atraentes. Os modelos eram tão estranhos perante a concorrência que viraram alvo de piadas, como no filme “Crazy People” de 1990, onde um publicitário super sincero vivido por Dudley Moore cria uma peça com a frase “somos quadradões, mas somos bons” para descrever a Volvo.
Este “problema” começou a ser resolvido em 2015 com o lançamento da segunda geração do XC90. O SUV marcou uma revolução dentro da sueca. Agora, a montadora alcança o ápice de seu design com o C40 Recharge, que acaba de ser apresentado oficialmente ao mercado latinoamericano no México e que já está disponível nas concessionárias brasileiras por R$ 419.990.
Suprassumo
Não costumamos elogiar design por aqui, até porque, é algo muito voltado para o gosto pessoal. Mas hoje pedimos licença para falar como a Volvo acertou com o novíssimo C40. O crossover, como a marca está chamando o modelo, é um SUV coupé de visual impressionante.
Baseado no irmão XC40, o visual dianteiro do coupé é praticamente idêntico ao do utilitário. O primeiro modelo da marca desenvolvido desde o início para ser um veículo 100% elétrico conta com a grade dianteira fechada, mas com um desenho melhor que o do XC40, e os já clássicos faróis full LED inspirados no Mjolnir, o martelo do deus nórdico do trovão, Thor.
Os apliques nos para-choques, saias laterais e caixas de roda apontam o lado utilitário do crossover. É na lateral que as coisas começam a ficar interessantes. Como um bom coupé, a linha do teto inclina até a tampa do porta-malas. As lanternas de LED acompanham a inclinação e, junto com conjunto de aerofólios, dão um ar mais esportivo ao modelo.
Os spoilers traseiros são um caso à parte. São três peças, uma dupla no início da tampa do porta-malas e outra, mais clássica, na parte onde a linha característica de coupé quebra para baixo. As peças conversam muito bem com o desenho do veículo, sendo funcionais (ajudam a diminuir a resistência do ar) sem serem exageradas.
Por dentro
A cabine, como sempre, é diferenciada. Apesar de ser muito parecido com o resto da família de SUVs da Volvo, ela tem características bem próprias. Uma delas é o acabamento diferenciado nas portas e no painel, batizado de “Topography”, com detalhes translúcidos em formas de mapas topográficos, inspirado no Parque Nacional de Abisko, no norte da Suécia.
Outro destaque da cabine e exclusivo do C40 é o teto panorâmico. A peça é fixa e não conta com cortina. A Volvo utiliza um vidro escuro laminado de alta tecnologia com revestimento IR que otimiza o conforto em todas as condições climáticas. Ele auxilia na redução de ruídos externos, minimiza a entrada de luz em até 95%, oferece proteção UV de 99,5% e bloqueia cerca de 80% da radiação de calor do sol.
Uma tendência a partir de agora nos modelos da Volvo é a ausência de couro no interior. Toda a forração é feita com um revestimento batizado de microtech, um plástico tricotado feito a base de PVC com suporte têxtil de poliéster 100% reciclado. Os tapetes são feitos de garrafas PET recicladas e a decoração Topography é composta de plásticos reutilizados.
O acabamento, como de todos os veículos da marca, é perfeito, sem qualquer tipo de rebarba ou peça mal encaixada. Por ser um utilitário compacto, o espaço traseiro é ideal para quatro adultos, um quinto gera aperto desnecessário. O porta-malas tem bons 413 litros, sem falar no pequeno compartimento na frente.
Recheado
A lista de equipamentos, como é de se esperar, é para lá de recheada. Na parte da comodidade, ele vem com bancos dianteiros com ajustes elétricos e memória para o do motorista, ar-condicionado dual zone com saída para a traseira, painel de instrumentos com display digital de 12,3 polegadas, central multimídia com tela de nove polegadas, conexão Android Auto e Apple CarPlay e serviços automotivos Google.
Ele ainda conta com carregador sem fio para smartphones, som premium da Harman Kardon, quatro portas USB, retrovisores externos retráteis e eletrocrômicos, chave sensorial para abertura das portas e partida do motor sem botão (basta entrar no carro, colocar o câmbio no D e acelerar) e abertura do porta-malas com sistema “hands-free”.
Na parte de segurança, ele vem com oito airbags, alertas de ponto cego e de mudança de faixa com assistente de direção, auxiliares de partida em rampa, de descida e de frenagem dianteira e traseira, piloto automático adaptativo, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento dianteiro, traseiro e lateral.
O C40 ainda vem com câmera 360º, sistemas de proteção contra impactos laterais e de mitigação de colisão frontal e traseiro, faróis full LED com acendimento e foco automático, One Pedal Drive (que utiliza apenas um pedal para acelerar e frear) e freios a disco de 18 polegadas nas quatro rodas.
Por Thor
Ao contrário do XC40 Pure Eletric, o C40 foi desenvolvido desde o início para ser um veículo 100% elétrico. Mesmo assim, ele compartilha o conjunto mecânico com o irmão eletrificado. Utilizando dois motores, um em cada eixo, ele garante uma potência que deixaria o deus do trovão impressionado. São 408 cavalos e surreais 67,3kgfm de torque.
Aliado às baterias de 78kWh, o conjunto é capaz de levar o cupê do zero aos 100km/h em míseros 4,7 segundos, 0,2 a menos que o irmão. Vale lembrar que, mesmo sendo um utilitário compacto, por ser elétrico, o C40 é pesado. Ele tem 2.207kg, o que deixa a aceleração ainda mais impressionante.
Falando em aceleração, o C40 anda como se fosse um esportivo. Basta o mais leve toque no acelerador para fazê-lo disparar pelo asfalto. Se pisar fundo, é impossível não colar no banco, o que faz com que a direção seja ainda mais divertida e não pareça ser de um utilitário pesadão.
As retomadas também são surpreendentes e divertidas. Não importa em qual velocidade o veículo esteja, basta acelerar que ele “pula” lá na frente e dispara asfalto afora. Ele pode estar a 80km/h que o mais leve toque no acelerador faz parecer que estava parado, tamanha a retomada. Lembrando que, como todo Volvo, ele é limitado em 180km/h.
Durante a apresentação do utilitário coupé, na Cidade do México, podemos rodar por rodovias, onde ele mostra toda a vitalidade, e em trechos de serra. Nas vias sinuosas, o C40 mostra toda a capacidade de segurança da Volvo. Mesmo em curvas fechadas e de alta velocidade o modelo não sai do traçado e sempre fica “na mão” do motorista.
No breve contato que tivemos com elétrico, foi possível perceber que ele é ainda mais prazeroso de guiar do que o XC40, que já tem uma direção divertidíssima. Como falamos, as acelerações e retomadas são impressionantes, além de serem super seguras.
Carga e recarga
Como nosso contato com o C40 foi breve, apenas durante o lançamento do modelo, não foi possível verificar a autonomia e o tempo de recarga das baterias.
Segundo a Volvo, com carga total, ele tem capacidade de percorrer até 440 quilômetros no Ciclo WLTP. Ainda de acordo com a sueca, em tomada comum, o tempo de carga é de cerca de 20 horas, em um wallbox doméstico, cai para 8 horas e em um super rápido, ele gasta 40 minutos para alcançar 80% de carga.
A opinião do Diário Motor
A Volvo, com sua constante evolução, aponta que, como na indústria no geral, os elétricos contam com modelos divertidos e outros nem tanto. E o mais novo representante da sueca, o C40, se enquadra perfeitamente no primeiro grupo. Com uma motorização de 408 cavalos e 67,3kgfm de torque, o SUV coupé tem uma direção como poucos.
O sueco acelera – e freia – como se fosse um esportivo. A direção, além de super segura com uma generosa lista de equipamentos, é divertidíssima. O mais leve toque no acelerador faz ele disparar pelo asfalto. Sem falar no zero gasto com gasolina. Vale a compra! Nota: 10.
Ficha técnica
Motor: elétrico
Potência máxima: 408cv
Torque máximo: 67,3kgfm
Transmissão: automatizada
Direção: elétrica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 413 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.591 x 1.873 x 4.440 x 2.702mm
Valor: R$ 419.950
1/47
*Viagem a convite da Volvo do Brasil