Commander Blackhawk, o SUV mais multiuso do mercado brasileiro

Testamos o modelo que une diversos atributos diferentes, como sete lugares, motorização esportiva e tração integral 4x4 para boas trilhas

O mercado brasileiro, e mundial, foca cada vez mais nos SUVs. Apesar da onda de utilitários ter se intensificado aqui por volta de 2015 – com o lançamento de diversos modelos compactos – a categoria em si, existe há muitos anos. No entanto, a maioria era baseada em picapes e, mesmo os que não eram, tinham algo em comum, a tração 4×4.

Os modelos menores trouxeram um dinamismo a mais para o segmento, com uma pegada totalmente urbana, deixando de lado os aspectos off-road e focando cada vez mais no conforto para o dia a dia. Entre os principais atributos, muita tecnologia embarcada e espaço generoso, principalmente no porta-malas.

Com o sucesso contínuo, os SUVs ficaram cada vez mais multiusos. Algumas marcas passaram a desenvolver produtos, digamos, mesclados, que alinham predicados diferentes, alguns até incomuns. Com isso, começaram a surgir opções variadas, com foco na esportividade, ainda maior no fora de estrada ou na vida urbana, tendo em comum o fato de mesclar bastante diversos atributos em um único modelo.

Atualmente, um dos principais exemplos dessa mistura é o Jeep Commander, ainda mais na sua nova versão e que passou a ser a topo de linha do SUV, a Blackhawk Hurricane, o nosso “Teste da Vez”. Ela alinha em um só modelo, atributos como a possibilidade de levar até sete pessoas, tração integral 4×4 sob demanda para uso extremo no off-road, motorização esportiva de quase 300 cavalos e muita tecnologia embarcada.

Precificação

Apesar de caro, o Commande está longe de ser o mais salgado do segmento.

A subcategoria de SUV de sete lugares é uma das mais diversas do mercado brasileiro, com opções variadas de tamanho, motorização, tração e, claro, preço. Praticamente nenhum modelo rivaliza 100% com outro. O Commander Blackhawk Hurricane sai por salgadíssimos R$ 327.590, mas há modelos como o Citroën Aircross (R$ 138.590), mas bem mais simples, ou o Discovery Sport que inicia em R$ 415.750, e nem é o mais caro.

As variações não param por aí, com Caoa Chery Tiggo 8 (R$ 199.990) ou por R$ 259.990 na opção híbrida plug-in, Chevrolet Trailblazer (R$ 377.890) e modelos de luxo como o Mercedes-Benz GLB (R$ 369.990). Parecidos, Mitsubishi Pajero e Toyota SW4 superam os R$ 400 mill (R$ 425.990 e R$ 433.490, respectivamente), e o que mais chega perto das características do Commander, o Volkswagen Tiguan R-Line e seus R$ 292.990.

Estilo executivo

Lançando há pouco tempo, o visual não foi alterado.

Lançado há pouco mais de dois anos, o Commander foi desenvolvido e é fabricado no Brasil. Com isso, ele ainda está longe de precisar passar pelo facelift de meio de vida, a única alteração agora foi a adição da configuração Hurricane, que une o poderoso motor 2.0 turbo ao sistema de tração integral, o mesmo visto na prima Ram Rampage.

O visual, interno e externo, segue inalterado. Para não dizer que nada foi mudado, a versão Blackhawk conta com novas rodas, saída dupla de escapamento e um novo layout do painel de instrumentos digital. No mais, é tudo como no modelo lançado no início de 2022. 

O interior mantém o padrão visto nas outras versões do SUV.

Assim, o design, como deve ser um utilitário de sete lugares, segue imponente. O estilo é na linha do irmão maior, o Grand Cherokee, ou seja, um visual mais executivo. Por fora, ele conta com conjunto óptico full LED integrado a grade com as tradicionais sete fendas da Jeep e luz de circulação diurna nas pontas do para-choque.

A nova versão foca no acabamento escurecido (rodas, grade, teto e retrovisores) e, apesar do nome, a unidade que testamos não é em preto, mas sim em um tom branco perolado. Um fator interessante é que, apesar do apelo mais executivo e alinhado com as rodas pretas, os pneus são de uso misto, mas sem alterar o estilo premium do SUV. 

O acabamento interno do volante deixa a desejar.

Como falamos, o interior segue o mesmo padrão, com a única alteração no layout da tela do painel de instrumentos, que tem opções de visualização diferentes mais elegantes e segue o mesmo estilo do irmão menor, o Compass. Os destaques da cabine são o gigante teto solar panorâmico, os displays duplos e, claro, os sete lugares. O acabamento tem um porém.

No geral, ele segue o padrão da Jeep, com bons materiais e peças super bem encaixadas, sem rebarbas. Vemos este cuidado em quase toda a cabine. Quase porque logo no volante não foi tão bem feito assim. A peça não teve o visual alterado, mas na haste em “V” que liga a base, por dentro, há um desencaixe grotesco que incomoda ao passar a mão.

Os setes

Os bancos traseiros tem toda uma modulação.

O grande foco do Commander é ter a possibilidade de levar até sete pessoas. Apesar que, usar a capacidade máxima, é um exercício meio complexo. A Jeep até trabalhou para otimizar o espaço. Os assentos do meio são corrediços, reclináveis e deslocam em até 140mm para frente ou atrás e as portas traseiras abrem em um ângulo de 80º. 

O espaço da última fileira é razoável, até é possível levar dois adultos mas não queira conforto. Ou seja, no máximo para viagens curtas, isso porque as pernas ficam muito elevadas, como de costume neste tipo de veículo. Uma parte boa é que eles também reclinam e há outro porém, não tem saída de ar, apenas para a segunda fileira. 

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Falando nos bancos do meio, levar três pessoas neles é quase impossível, o ideal mesmo são apenas duas, para evitar apertos desnecessários. O assento do meio praticamente não existe. A diferença é tão grande, que até o acabamento é distinto, enquanto os laterais têm um desenho diferenciado e alcântara, ele é apenas em couro simples. 

O porta-malas é um caso à parte. Com os sete lugares utilizados, ele tem honestos 233 litros, o que dá para levar três mochilas ou duas malas pequenas. Com cinco, pula para excelentes 661 litros, suficiente para muita bagagem. E ainda pode chegar a impressionantes 1.760 litros com todos os bancos rebatidos, dá para fazer uma mudança. 

Mais que a obrigação

Como deve ser, a lista de equipamentos é generosa.

Bem, estamos falando aqui de um SUV (mesmo com todos os diferenciais), que supera os R$ 330 mil com a pintura perolada. Com isso, a lista de equipamentos generosa não é mais do que a obrigação para um veículo nesta faixa de preço. Assim, ele vem com teto solar elétrico e panorâmico, som premium Harman-Kardon, banco elétrico para o motorista. 

Abertura elétrica do porta-malas com sensor de presença, central multimídia com tela de 10,1 polegadas, conexão sem fio com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay e Adventure Intelligence Plus com Alexa, ar-condicionado dual zone com saída e ajuste de intensidade para a fileira do meio, chave sensorial, partida por botão, painel de instrumentos digital de 10,25 polegadas e carregador por indução para smartphones.

O layout do painel de instrumentos digital ficou ainda mais elegante.

Na parte da segurança, sete airbags, conjunto óptico full LED com farol alto automático, sensores de estacionamento, crepuscular e de chuva, auxiliar de partida e descida em rampa, retrovisor interno eletrocrômico, câmera de ré, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, monitoramento de pressão dos pneus, controles de tração, estabilidade e anticapotamento, partida remota e pacote de tecnologias auxiliares de condução. 

O ADAS, no Commander, agrega piloto automático adaptativo, alertas de mudança de faixa e de colisão com frenagem automática, monitoramento de ponto cego e de tráfego cruzado, frenagem de emergência com detecção de pedestres, ciclistas e motociclistas, detector de fadiga, reconhecimento de placas de velocidade e auxiliar de estacionamento automático.

Furacão

Correção de rota, finalmente o Commander conta com um motor a altura.

Quando a Jeep apresentou o Commander, o modelo tinha quase todos estes mesmos atributos que estamos apontando aqui, com exceção da motorização. Há época, ele foi apresentado apenas com opções 1.3 turbo de 183 cavalos, ou 2.0 turbo diesel de 170 cavalos e tração 4×4. Para um veículo deste tamanho, faltava força aos propulsores, 

Eles ainda estão presentes, mas há uma novidade. A marca “corrige” a rota do modelo com as variações Hurricane. O nome do motor não é desconhecido do mercado brasileiro porque é ele que dá uma vida esportiva e agressiva ao irmão Wrangler e a prima Rampage, inclusive, todo o conjunto mecânico do SUV é o mesmo que equipa a picape (motor, câmbio e tração).

Com o novo motor, a direção do SUV está mais segura e divertida.

Como nos outros modelos do grupo, o Hurricane gera imponentes 272 cavalos e absurdos 40,8kgfm de torque (para se ter uma ideia, o motor diesel tem 35kgfm de torque). Ele está alinhado à transmissão automática de nove velocidades, tração integral 4×4 sob demanda com modos off-road e reduzida eletrônica, direção elétrica, suspensão independente nos dois eixos e freios a disco nas quatro rodas.

Se antes faltava fôlego para o Commander, agora ele tem até de sobra. Mesmo com carro cheio, não há manobra que ele faça com extrema facilidade. Ultrapassagens, retomadas e saídas em velocidades são todas feitas com muita segurança. Além disso, ele, agora, permite também uma condução divertida, mesmo um leve toque no acelerador faz o SUV grande disparar pelo asfalto como um carro pequeno.

O câmbio é o já consagrado automático de nove velocidades.

Apesar do conjunto ser novo no SUV, o câmbio de nove marchas é um velho conhecido, já que é o mesmo que equipa outros modelos do grupo e as versões diesel, ou 4×4, dos Jeeps produzidos no Brasil. Como de costume, ele trabalha bem, sem qualquer tipo de tranco ou demora nas trocas. As respostas são bem rápidas, permitindo a dose extra de diversão.

Além disso, apesar de ser grandalhão, o rolar do Commander é bem suave, como deve ser o de um SUV deste porte. A suspensão também trabalha bem e ela não repassa as muitas imperfeições do asfalto para a cabine, o que deixa qualquer viagem a bordo do utilitário extremamente confortável.

Multiuso real

Tração integral para uma vida longe do asfalto ainda mais otimizada.

Outro ponto alto do Commander é a tração integral 4×4. Além de permitir uma condução mais segura e divertida no dia a dia – a força do poderoso motor é sempre jogada nas quatro rodas, o que deixa a dirigibilidade do SUV bem acima da média –, e do visual premium mais urbano, ele é um legítimo Jeep, ou seja, pode tacar na terra sem problemas.

O sistema 4×4 funciona muito bem no fora de estrada. Por ser sob demanda, em vias de baixo aderência, sem ser uma trilha muito pesada, o motorista não precisa fazer nada, só seguir a vida que o modelo já atua da melhor forma que achar necessário. Mas se for pegar um trecho mais severo, basta acionar a reduzida eletrônica, por meio de um simples botão.

O sistema de tração ainda conta com modos diferenciados.

Com os poderosos pneus Scorpion de uso misto, para precisar ativar a reduzida, só algo muito mais radical mesmo. Durante nosso teste, colocamos o Commander em uma trilha mais difícil, repleta de valas e cascalho solto em descidas ou subidas e ele superou tudo com extrema facilidade, praticamente sem a necessidade de ativar a reduzida.

Agora, mesmo se for preciso utilizar o modo mais forte da tração, o utilitário mostra porque leva as sete fendas na grade frontal. Com o sistema ativado, mesmo algo mais severo aparenta ser um passeio no parque. E ainda tem um plus, o auxiliar de descida tem controle de velocidade, o que ajuda ainda mais na hora de superar os mais variados obstáculos.

Na Blackhawk, o uso diário do Commande está ainda mais diverso.

O Commander Blackhawk Hurricane tem 202mm de vão livre do solo, 21,7º de ângulo de ataque e 20,7º de saída. Claro que não são números de uma picape, por exemplo, mas para um SUV grande, que pode levar até sete pessoas, ajuda bem na hora de encarar uma boa trilha com toda a família, com segurança e conforto.

Por fim, tudo bem que o consumo de um veículo de quase 300 cavalos é um dos pontos que menos interessa. Mas durante nosso teste, o gasto de combustível foi honesto, mesmo com uso severo dentro e fora do asfalto, na média, ele fez 8.1km/l.

A Opinião do Diário Motor

Jeep Commander Blackhawk Hurricane.

Em uma categoria diversificada, onde cada modelo foca em um ou dois atributos, o Commander finalmente corrige o fator motor e, com isso, passa a ser ainda mais multiuso. O Hurricane agrega muito ao SUV, além de toda a potência, a qualidade da tração integral eleva o uso na cidade ou no fora de estrada, sempre podendo levar até sete pessoas.

Como tudo no mercado nacional, o grande porém é o preço, afinal são quase R$ 330 mil. Mas com modelos parecidos (apesar de serem baseados em picapes), que unem fatores como sete lugares e tração 4×4, como Trailblazer, Pajero Sport e SW4, muito mais caros, até R$ 100 mil a mais, o Commander se mostra uma excelente opção. Vale a compra! Nota: 9,5.

Ficha técnica

Motor: 2.0 turbo

Potência máxima: 272cv 

Torque máximo: kgfm 

Transmissão: automática de 9 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente nas quatro rodas

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 233 litros 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.723 x 1.859 x 4.769 x 2.794mm 

Preço: R$ 327.590

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