‘Enfim, a ironia’: Ferrari lança seu primeiro SUV e o batiza de Purosangue

A mais famosa das marcas de carros se rende à “onda” dos utilitários e, curiosamente, o batiza da forma como seus esportivos são conhecidos

Em 2002, a Porsche surpreendeu o mundo ao apresentar o Cayenne, o primeiro SUV de uma marca de luxo esportiva. De lá para cá, o cenário mudou e, praticamente todas as montadoras passaram a contar com, no mínimo, um representante na categoria queridinha dos consumidores por todo o planeta.

Atualmente, existem diversos utilitários de luxo esportivos no mercado, mas uma marca faltava aderir “a onda” dos SUVs, a Ferrari. Pois agora não falta mais. A italiana se rende a categoria e, finalmente, apresenta seu representante, curiosamente batizado de Purosangue. 

O modelo não é o primeiro veículo de quatro lugares da Ferrari, não é de hoje que ela tem veículos no chamado 2+2, ou seja, dois bancos dianteiros aliados a dois traseiros (configuração imortalizada por Porsche 911 e Ford Mustang). Mas faltava uma coisa, duas para ser mais exato, as portas traseiras, que agora não faltam mais com o SUV.

Como estamos falando de um utilitário desenvolvido pela Ferrari, o Purosangue não é um SUV comum. Começa pela ideia do projeto, de se afastar do estilo GT visto nos crossovers modernos, que montam o motor na frente do carro, quase atravessando o eixo dianteiro e com a caixa de câmbio acoplada diretamente nele, resultando em uma distribuição de peso desequilibrada, coisa que a Casa de Maranello nunca faria. 

O utilitário utiliza o poderoso motor V12 de 712 cavalos.

O Purosangue possui um motor montado no meio da frente com a caixa de câmbio na traseira para criar um layout de transmissão esportivo. A Unidade de Transferência de Potência (PTU) é acoplada na frente da caixa de força para fornecer uma transmissão 4×4 exclusiva. Isso oferece exatamente a distribuição de peso de 49:51 que os engenheiros de Maranello consideram ideal para um carro esportivo com motor central dianteiro.

E, falando da caixa de força, neste aspecto, o Purosangue faz juz ao nome. Ele utiliza o descomunal V12 6.5 naturalmente aspirado de impressionantes 712 cavalos e insanos 73kgfm de torque com conceitos de calibração inspirados na Fórmula 1. Com isso, o italiano já nasce como o SUV, de fábrica, mais potente do mundo. 

A cabine é um show à parte do utilitário.

A Ferrari também deu ao Purosangue as mais recentes iterações dos sistemas de controle dinâmico do veículo introduzidos em seus carros esportivos mais poderosos e exclusivos, incluindo direção independente nas quatro rodas e ABS ‘evo’ com o sensor dinâmico de chassi de seis vias, com um novo sistema de suspensão ativa. 

O layout da transmissão de dupla embreagem de oito velocidades em banho de óleo foi otimizado com a adoção de um cárter seco e um conjunto de embreagem significativamente mais compacto, reduzindo 15mm de altura instalada no carro que, por sua vez, abaixa o centro de gravidade na mesma proporção.

Mesmo lá fora, a Ferrari não divulgou o preço do SUV.

Toda essa combinação faz com que o Purosangue ofereça um desempenho digno de qualquer modelo vindo da Casa de Maranello. Ele sai da imobilidade até os 100km/h em míseros 3,3 segundos e até os 200km/h em impressionantes 10,6 segundos. A velocidade máxima é de 310km/h. Além disso, como um bom esportivo, ele precisa de 129m para parar totalmente vindos dos 200km/h e apenas 32,8m estando a 100km/h.

Estilo reinventado

O primeiro modelo quatro portas da Ferrari.

Como qualquer Ferrari, a carroceria do Purosangue foi habilmente esculpida para criar uma forma única. A carroceria foi concebida como uma escultura que mostra e realça seu impressionante desenvolvimento aerodinâmico. A evidência física disso está em vários detalhes, incluindo, por exemplo, o efeito pontão da ponte aérea entre a frente e as laterais.

Segundo a marca, cada elemento aerodinâmico foi visto como uma oportunidade para aprimorar ainda mais o visual escultural original, ressaltando a mensagem estilística do carro. O conceito de leveza também foi aplicado ao teto com suas características enfatizadas pelas imponentes asas traseiras que conferem à silhueta do carro proporções únicas.

Como um bom Ferrari, o utilitário faz de zero a 100km/h em 3,3 segundos.

De todos os detalhes da carroceria, o mais interessante são as portas traseiras, no estilo “suicida”, ou seja, abrem para trás. Mas ao contrário de modelos da Rolls-Royce, que utiliza muito esta técnica, a coluna B está presente. Assim, quando as portas dianteiras e traseiras são abertas juntas, o interior parece maior do que o imaginado quando fechadas.

Falando do interior, a cabine é um espetáculo à parte. O cockpit do motorista é inspirado no SF90 Stradale e é quase exatamente espelhado no lado do passageiro, que conta com uma tela de 10,2 polegadas que fornece todas as informações necessárias para ajudá-lo a participar da experiência de direção. 

A cabine é baseada no estilo dual cockpit.

A arquitetura da cabine do Purosangue baseia-se no conceito de painel de instrumentos dual cockpit que foi alargado e replicado na traseira do automóvel, criando quatro áreas bastante distintas em termos de funcionalidade, volumes, materiais e cores. Este princípio impulsionou a composição da cabine, que se desenvolve horizontalmente, fazendo com que o espaço pareça maior e mantendo os volumes leves e dinâmicos.

O túnel recebeu um acabamento de luxo e é combinado com um elemento estrutural em forma de Y dominado pela alavanca do câmbio de metal. O porta-copos duplo elegante é feito de vidro e o compartimento das chaves combinado com a zona de carregamento do dispositivo sem fio. A área inferior possui pequenos compartimentos para objetos e, graças às suas cores e materiais, cria uma sensação de continuidade perfeita com o piso. 

Os quatro lugares contam com bancos independentes.

Pela primeira vez também na história da Ferrari, a cabine tem quatro assentos separados e ajustáveis ​​de forma independente. A integração de componentes focados no conforto, o uso de espumas de densidade variável e o novo sistema de suspensão significam que o Purosangue oferece conforto sem precedentes aos ocupantes e um layout que exala a esportividade e elegância típicas da linguagem de design da Ferrari. 

Os bancos traseiros são aquecidos e podem ser ajustáveis ​​e reclinados de forma independente. Quando totalmente inclinados para a frente, aumentam significativamente a capacidade do porta-malas do Purosangue, que é o maior da história da marca, com 473 litros.

Os bancos traseiros são idênticos aos dianteiros, inclusive com ajustes elétricos.

Além de toda esportividade clássica da marca e estilo de um SUV, o Purosangue oferece uma impressionante variedade de recursos de assistência ao motorista desenvolvidos em colaboração com a Bosch, chamado de ADAS. 

O conjunto, inclui piloto automático adaptativo (ACC), alerta e auxiliar automático de frenagem (AEB), farol alto automático (HBA), alerta de saída (LDW) e auxiliar de permanência em faixa (LKA), monitoramentos de ponto cego (BSD) e de fadiga do motorista (DDA), alerta (RCTA) e auxiliar de frenagem de tráfego traseiro (TSR) e câmera de ré no retrovisor interno, que é eletrocrômico.

As portas traseiras são no estilo suicida, abrindo para trás.

Uma função que está sendo disponibilizada pela primeira vez em uma Ferrari, é o HDC, o auxiliar de descida em rampa, que ajuda o motorista a manter e controlar a velocidade do carro, mostrada no painel, em descidas íngremes. Quando o HDC é ativado, ele controla o sistema de frenagem para garantir que a velocidade do carro não ultrapasse a definida no display. Ele pode, no entanto, ser substituído manualmente usando o pedal do acelerador.

Outro destaque é o sistema de som surround high-end 3D da alemã Burmester, que também faz sua estreia em um veículo Ferrari como equipamento padrão. De acordo com a marca, o sistema oferece o melhor desempenho de baixas a altas frequências, alcançado por tecnologias inovadoras.

Ferrari Purosangue.

O tweeter de fita faz sua primeira aparição em qualquer carro de produção e o subwoofer está alojado em seu próprio gabinete fechado para máxima clareza de graves, potência e velocidade combinadas com frequências baixas. O som 3D, segundo a alemã, oferece uma experiência de som imersiva e de alta qualidade que reflete o caráter único do carro e, portanto, a própria essência das obras-primas automotivas produzidas em Maranello.

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