Alternância de poder: testamos o novo ‘rei’ dos SUVs, o Volks T-Cross
Conferimos os atributos da opção topo de linha do utilitário que está há poucos dias de repetir 2020, quando foi o mais vendido da categoria
No universo automotivo atual, uma categoria se mostra dominante, a de SUVs. O segmento é o que conta com o maior número de modelos diferentes e até marcas de luxo ou esportivas têm seus representantes. Apesar do boom ser relativamente recente, este tipo de veículo existe há muito tempo. O primeiro foi o Chevrolet Suburban, apresentado na década de 1930 e presente até os dias de hoje.
De início, os SUVs eram veículos grandes e, basicamente, voltados para o off-road. Mas as coisas começaram a mudar na virada do milênio. Em 1999, a BMW apresentou o X5, o primeiro das marcas de luxo. Em 2013, a Ford lançou o EcoSport, pioneiro entre os utilitários compactos no Brasil. Apesar do sucesso absoluto, o Eco figurou sozinho por muito tempo no mercado brasileiro, o primeiro rival foi lançado quase 10 anos depois.
A Renault foi a primeira marca a criar um rival para o Eco, com o Duster em 2011. Mas o boom, e a virada de chave, veio a partir de 2015, quando marcas como Jeep, Honda, Peugeot, Nissan e Citroën lançaram seus representantes entres os utilitários pequenos. Com cada vez mais lançamentos, a categoria se popularizou ainda mais, se tornando a mais vendida do país, atualmente com mais de 35% de participação de mercado.
Apesar do domínio da categoria, desde 2014, nenhum modelo se firmou no topo do segmento. Três modelos foram líderes por duas vezes (Honda HR-V, Jeep Compass e Renegade). O Volks T-Cross – nosso Teste da Vez – e um dos mais novos, lançado em 2019, está contando os dias para entrar no grupo dos bicampeões. Faltando pouco mais de um mês para o ano acabar, eles está prestes a repetir 2020, quando ficou em primeiro lugar.
Topo do topo
A versão que testamos foi a Highline, a topo de linha do SUV compacto e, consequentemente, a mais cara. Ela parte de salgados R$ 174.690. No entanto, ela não é tão completa assim, já que conta com três pacotes extras (Sky View, Bicolor II e Tech), fora a pintura, podendo chegar a impressionantes R$ 189.750.
A unidade que testamos sai por não menos salgados R$ 187.630. Somente a pintura metálica acrescenta R$ 1.750, o “Sky View” adiciona teto solar e duas luzes de leitura na frente por incríveis R$ 7.280, já o Tech agrega “Park Assist”, o assistente de estacionamento automático, faróis alto e baixo em LED e com regulagem dinâmica de alcance por R$ 3.910.
Ou seja, mesmo custando quase R$ 175 mil, ele não vem de série com faróis full LED. Ao menos, o resto da lista é minimamente generosa. O T-Cross Highline vem com piloto automático adaptativo mas sem stop&go, frenagem autônoma de emergência, seis airbags, controles de tração e estabilidade, câmera de ré, retrovisor eletrocrômico.
Auxiliar de partida em rampa, lanternas e luz de circulação em LED, sensores de chuva e de estacionamento dianteiro e traseiro, monitoramento de pressão dos pneus, frenagem automática pós-colisão e detector de fadiga completam a lista de itens de segurança.
Na parte da comodidade, o SUV conta com ar-condicionado digital com saída para o banco traseiro (mas só de uma zona), volante com ajustes de altura e profundidade, chave sensorial, carregador de celular por indução, retrovisores externos rebatíveis.
Ele ainda vem com central multimídia com tela de 10,1 polegadas, suporte para aplicativos, conexão sem fio via Android Auto e Apple CarPlay e quatro portas USB do tipo C, partida por botão, iluminação ambiente e painel de instrumentos com display de 10,25 polegadas.
Relativo
Por ser um projeto relativamente novo – a previsão é que o T-Cross ganhe o primeiro facelift no ano que vem – o SUV ainda conta com um desenho moderno e um visual interno harmonioso, graças a telas digitais. Mas usa e abusa do plástico duro, visto em toda a cabine e que não condiz com um veículo de quase R$ 190 mil.
Apesar do material não ser dos melhores, o acabamento é muito bem feito, sem nenhuma rebarba ou peça mal encaixada. O espaço é condizente com o da categoria, o T-Cross leva quatro adultos com conforto, um quinto gera apertos desnecessários. O porta-malas de bons 420 litros não é o maior, nem o menor, do segmento.
Ainda com fôlego
Quando apresentou o T-Cross, a Volks foi a primeira a oferecer um SUV compacto apenas com motores turbinados, o 1.0 e o 1.4. A caixa mais forte equipa apenas a versão topo de linha e gera 150 cavalos e 25,5kgfm de torque. Ela está alinhada a direção elétrica, câmbio automático de seis marchas com opção de trocas manuais no volante, freios a disco nas quatro rodas e suspensão tipo McPherson na dianteira e semi independente na traseira.
Um fato curioso é que, apesar de ter saído na frente, hoje, entre os modelos que utilizam motores turbo, o T-Cross só é mais forte do que Hyundai Creta e Chevrolet Tracker e tem a mesma potência do Tiggo 5X, todos os outros rivais contam com caixas mais fortes que variam de 170 cavalos no Renault Duster a 185 com Fiat Fastback e Jeep Renegade.
Apesar de ficar atrás dos principais rivais no quesito potência, o T-Cross responde bem, realizando manobras como ultrapassagens e retomadas de velocidade com segurança. O porém do conjunto mecânico fica no câmbio, que tem um delay um pouco maior do que deveria, a resposta ao acelerador não é instantânea, principalmente nas saídas.
Pelo menos há opções de troca no volante por meio de “borboletas”. Assim, o motorista consegue controlar as alternâncias do câmbio, deixando a condução um pouco mais divertida. A suspensão absorve bem as inúmeras imperfeições das pistas e não repassa para a cabine, deixando a viagem mais confortável. Ao fim do nosso teste, o consumo foi honesto, marcando 11,4km/l com gasolina.
A opinião do Diário Motor
Com pouco menos de cinco anos de mercado, o T-Cross está próximo de repetir o feito que só outros três modelos fizeram, de liderar os SUVs pela segunda vez. Apesar do descaso com os materiais do interior, o SUV tem bons atributos. Mas a versão topo de linha pede caro por isso e ainda exagera nos opcionais. Partindo de já salgados R$ 174.690 ele deveria contar com alguns itens presentes apenas nos pacotes extras, como os faróis full LED.
Com um conjunto mecânico ajustado, apesar de ficar abaixo da maioria dos rivais no fator potência, ele anda bem, alinhando uma direção tranquila a uma mais divertida com as trocas no volante e um consumo otimizado. No fim, o preço é o maior porém da versão topo de linha, só por isso a nota não é mais alta, ainda assim, vale a compra! Nota: 8.
Ficha Técnica
Motor: 1.5 turbo
Potência máxima: 150cv
Torque máximo: 25,5kgfm
Transmissão: automática de seis velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi independente na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 420 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.601 x 1.760 x 4.199 x 2.651mm
Preço: a partir de R$ 174.690
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