Canetada devolve, como tirou, governo do DF a Ibaneis Rocha
Foram 63 dias de estupefação, paciência, cautela: reeleito em votação consagradora, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), se viu subitamente afastado do cargo por uma canetada, com base em mera narrativa pessoal, sem provas e sem manifestação do Ministério Público. A agressão institucional sem precedentes chocou o brasiliense, que aprovou nas urnas o estilo de governança firme, sem hesitações e nem concessões à violência ou à desordem. Em vez de prêmio, castigo.
Por que demorou?
A demora em reverter a medida foi tão chocante quanto o afastamento, mesmo diante da falta de indícios de culpa em exaustivas investigações.
Critérios e critérios
Se Ibaneis foi tirado em um par de horas, o ex-governador do DF Arruda, filmado recebendo maços de dinheiro, foi afastado e preso após 76 dias.
Apoio custou caro
Ibaneis nunca foi bolsonarista, divergiu do ex-presidente, a quem multou na pandemia, mas o apoio recíproco nas eleições custou-lhe muito caro.
Vitória virou desfeita
Ele enfrentou e venceu em 2022 uma campanha eleitoral sórdida, mas sua vitória representou para muita gente graúda uma desfeita pessoal.
União/PP: Fundão e poder minaram federação
A quase federação entre o União Brasil e o Progressistas afundou, principalmente, por conflitos envolvendo diretamente Luciano Bivar (União) em Pernambuco. Na esfera nacional, inicialmente, Bivar responderia como presidente do grupo e Ciro Nogueira, cacique do PP, levaria a administração dos fundos partidário e eleitoral, e revezariam essas atribuições. A grana do partido ultrapassaria os R$1,3 bilhão.
Sobram problemas
Caciques regionais do PP e do União reclamaram da divisão do poder. O próprio Bivar teve embates com Dudu da Fonte (PP), em Pernambuco.
Sem consenso
Bivar e aliados querem embarcar de vez no governo. A ideia não agrada a Ciro, não é consenso no União e muito menos entre os progressistas.
Objetivo final
A federação seria o primeiro passo para uma fusão. Hoje, se criado, o partido seria o maior do Congresso, com 108 deputados e 15 senadores.
Poder sem Pudor
O bicho que deu
Jornalista de economia esperava o presidente do Banco Econômico, Ângelo Calmon de Sá, atrasado para a entrevista, em Salvador. Nas publicações do banco sobre a mesa, ele viu o logotipo sem acento circunflexo. A sílaba tônica no “mi” gerava um “Economico”. Terminada a entrevista, não resistiu: “O senhor não acha que não fica bem? Afinal, ‘mico’ não é coisa agradável em bancos.” Calmon de Sá explicou rindo que, por ser banco centenário, seria grafia antiga. E garantiu, com serenidade baiana: “Não se preocupe. Neste banco nunca vai haver “mico”. Anrã.
Política como ela é
Candidato do governador Tarcísio de Freitas (Rep), o novo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado, do PL de Jair Bolsonaro, foi eleito com o apoio do PT. Só PSOL ficou na oposição.
CPI da Ideia de Jerico
Márcio França (Portos e Aeroportos) insiste em passagens aéreas a R$200. As empresas Gol e Azul adoraram a ideia de jerico, o que já foi suficiente para prosperar suspeitas no Congresso. Já se fala em CPI.
Só embromation
É inútil o jantar entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tratar de reforma fiscal. O projeto foi finalizado sem as consultas prometidas a Lira e a Rodrigo Pacheco.
Poder sem pudor
Já ganhou lugar no anedotário a indicação da primeira-dama do Pará ao cargo vitalício de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, onde julgará as contas do maridão. É o quinto caso de nepotismo explícito e impune de governadores ou ex-governadores que perderam o pudor.
Frase do dia
“Aguardei com muita paciência, resiliência e confiança na justiça do meu país”
Ibaneis Rocha (MDB), governador do DF, após recuperar o cargo que lhe tomaram
A bruxa está solta
O alto escalão de Brasília tem sido acometido por urgências médicas. Marina Silva foi a mais recente e teve alta após dois dias internada. No STF, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques também passaram aperto.
Dos males...
A falência de bancos americanos, a queda do Credit Suisse e a guerra na Ucrânia derrubaram o Real ao menor patamar desde 12 de janeiro, em relação ao dólar. Só não foi pior que a posse de Lula, quando o dólar disparou para o recorde de 2023, até agora: R$5,45.
Resultado ao contrário
A determinação do governo Lula de baixar na marra a taxa de juros do crédito consignado pode provocar o inverso do pretendido pelos petistas: com juros artificiais, pode haver insuficiência na oferta.
Ele não tem votos
A última vez em que Carlos Lupi (Previdência), responsável pela decisão de baixar artificialmente os juros do crédito consignado, foi submetido ao voto popular ele ficou em 6º lugar para o governo do Rio... em 2006.
Pensando bem...
...o tal arcabouço é só um esqueleto meio desengonçado.